CONECTADOS: Em busca de carreira internacional, baianos criam liga de esportes eletrônicos
CONECTADOS: Em busca de carreira internacional, baianos criam liga de esportes eletrônicos
É cada vez mais comum ver pessoas que sobrevivem de jogos eletrônicos (games), seja como jogador profissional, desenvolvedor, designer, roteirista, pesquisador. Os limites da área são extensos e o mercado internacional vem se mostrando um dos mais promissores, mesmo com a crise econômica.
Na Bahia, o cenário começou a se fortalecer com a criação de coletivos de desenvolvedores, equipes oficiais de jogos, festivais de games, cursos de especialização e graduação na área. Todos esses movimentos surgem a partir da mudança de olhar da iniciativa privada e do poder público com a temática, mas também através da organização dos profissionais da área em gerar maior visibilidade para o segmento, que sempre foi visto com estigmas ou encontrava dificuldade de desenvolvimento devido a limitações estruturais e culturais.
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A profissionalização na área se tornou algo real, expandindo o universo e derrubando antigos estereótipos de que jogadores e admiradores de vídeo game são pessoas nerds, sem vida social e viciados. Para a desenvolvedora de games baiana Ana Antar, o mercado local passa por um momento de expansão e autoconhecimento.
“O mercado de games é o que mais cresce no mundo, mas essa não é uma realidade brasileira. Óbvio que cada estado se desenvolveu de uma forma e teve um tipo de investimento diferente e isso acaba refletindo diretamente nos produtos que são produzidos aqui. Mas eu entendo que vivemos um momento extremamente importante para o desenvolvimento de jogos no geral, porque apesar de não sermos competitivos ainda no ponto de vista internacional, estamos produzindo jogos com muita qualidade”, pontua Ana.
PROFISSIONALIZAÇÃO
Com um mercado fortemente aquecido, profissionais encontraram no lazer e prazer que os jogos oferecem, uma forma de garantir o sucesso profissional e se inserir no mercado de trabalho. Na Bahia, a Universidade do Estado da Bahia lançou no início deste ano, a primeira graduação tecnológica em Jogos Digitais do Estado que abarcará a multidisciplinaridade da área de jogos.
“Ao longo desse tempo todo envolvido nessa área, a gente foi percebendo a necessidade de criar mecanismos de profissionalização mais sistemáticos e não só cursos pontuais para desenvolver algumas habilidades, mas desenvolver cursos para que se prepare profissionais para atuar nesse mercado”, explica a professora Lynn Alves, coordenadora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Comunidades Virtuais da Uneb.
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A pesquisadora ainda enfatiza que, apesar dos números exorbitantes da indústria de games e o seu rápido crescimento no mercado internacional, a parte financeira não deve ser o principal motivo para a inserção de alguém nesse mercado de trabalho ainda muito específico. É preciso desenvolver uma indústria competente e qualificada para atender diferentes mercados e que possa absorver profissionais capacitados
“As pessoas terminam se encantando muito com a cifra, começam criar cursos para qualificar sem se preocupar em identificar a demanda real. Quando esses alunos saírem dos cursos, onde eles serão inseridos? Se não existir essa preocupação, não teremos uma industria consistente e consolidada. Este é um mercado que não atenderá a demanda interna, ela atenderá o mundo, porque na Bahia não tem público para atendar a demanda que se imagina”.
DIVULGAÇÃO
Quem imagina que a profissão de gamer (jogador profissional) ou qualquer outra envolvendo os jogos eletrônicos são profissões relativamente novas estão enganados. As pessoas estão nesse mercado há um bom tempo. Nos Estados Unidos, desde a metade dos anos 90, existem entidades que foram criadas com o intuito de representar a indústria de software de entretenimento e os seus consumidores.
O desenvolvimento da internet e a ascensão do Youtube, através dos gameplays, contribuíram para aumentar a visibilidade desses profissionais que, anteriormente não tinha um meio mais efetivo de mostrar o seu trabalho e, agora se utiliza das plataformas de streamings para se promover e conseguir patrocinadores.
“Com patrocínio, a possibilidade desse profissional ser apenas um jogador vai mudar completamente a sua vida, já que a qualidade do que ele produz vai ser melhor. Ele será um gamer ou streaming melhor partindo da premissa que ele faz só aquilo. O mesmo se aplica para quem desenvolve e quem testa”, comenta a desenvolvedora, Ana Antar.
GAMERS BAIANOS
Com o intuito de promover ainda mais o mercado baiano de jogos, a gamer e estudante de Direito Letícia Meneses, se juntou com mais dois advogados com o objetivo de formar a Federação Baiana De Esportes Eletrônicos (FBEE). Segundo Letícia, o objetivo da federação é ajudar na fomento de campeonatos, criação de novas equipes, além de implementar projetos para melhor qualificação do atleta.
A primeiro reunião geral da associação acontecerá no dia 28 de maio, às 15 horas na Galeria Tropos, situada na rua Ilhéus, no bairro do Rio vermelho, em Salvador.
A Federação surge em um momento estratégico, em que a profissionalização desses esportistas de jogos eletrônicos, especialmente do League Of Legends (L0L) vem gerando não só a profissionalização do gamer, mas também do publisher, do treinador desses times, e esse fenômeno se desdobra em diferentes profissões e em diferentes mercados de trabalho e entretenimento.
Segundo a cofundadora da FBEE, Salvador possui atualmente de 10 a 15 equipes, com alguns jogadores já patrocinados, porém a maioria atua de maneira amadora.
Para a advogada e jogadora amadora Yasmine Lima, que atua em campeonatos de LoL e concilia as duas atividades com bastante tranquilidade, o desenvolvimento do cenário de games em Salvador deve ser visto com bastante positividade. Apesar de ser um mercado ainda novo para o público externo e dominado por homens, a advogada diz não se importar com as críticas dentro e fora do universo gamer.
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“Temos a presença de mulheres no cenário competitivo e muitas jogadoras que ficam no anonimato por vontade própria. Particularmente, sempre tentei me impor em todos os jogos e sofri muito pouco preconceito e brincadeiras ofensivas. Inclusive, em relação as brincadeiras tóxicas, em alguns jogos isso é bem presente, independente de gênero”, ressalta a advogada.
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