Base está ‘esfacelada’, afirma Lula ao PMDB
Base está ‘esfacelada’, afirma Lula ao PMDB
Dez horas após admitir que a presidente Dilma Rousseff cometeu erros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o pacote de reformas proposto pelo PMDB pode salvar sua sucessora do impeachment. Em café da manhã com o vice Michel Temer, senadores e ministros do PMDB, no Palácio do Jaburu, Lula ouviu queixas sobre a condução do governo, elogiou a agenda apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e pediu ajuda para reintegrar à base o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Dilma saiu da mesmice do ajuste fiscal”, afirmou Lula, ao destacar que o pacote lançado pelo Senado apontou um novo caminho. “Agora, precisamos arrumar a nossa base, que está esfacelada.” Para Lula, a crise chegou a tal ponto que nem mesmo uma reforma ministerial – defendida por ele até o mês passado – resolveria a insatisfação entre os aliados.
Nos cálculos do Planalto, o governo conta, hoje, com o apoio de 130 dos 513 deputados e pouco mais da metade dos 81 senadores. Ministros e dirigentes do PT chegaram a sondar o próprio Lula, na semana passada, sobre a possibilidade de integrar a equipe de Dilma. “Vocês estão doidos?”, respondeu ele.
Lula vai se encontrar com Dilma somente amanhã, quando retornará a Brasília para engrossar um ato em defesa do Plano Nacional de Educação. “Eu agora vim para uma conversa entre amigos. Tenho medo de fazer reuniões e alguém pensar que eu esteja fazendo coisas paralelas”, disse o ex-presidente, no café com os peemedebistas.
Renan afirmou que o PMDB esperou uma proposta do governo por três meses, antes de apresentar a Agenda Brasil, como foi batizado o pacote de medidas para melhorar a proteção social, o equilíbrio fiscal e o ambiente de negócios. Embora contenha pontos polêmicos e rejeitados até por integrantes do governo, o pacote serviu para desviar o foco da crise.
Após o acordo do Planalto com Renan, o Tribunal de Contas da União, onde o senador tem influência, decidiu dar mais 15 dias para Dilma explicar as “pedaladas fiscais”. Se a análise do TCU fosse hoje, tudo indicava que as contas do governo de 2014 seriam rejeitadas, abrindo brecha para a abertura de um processo de impeachment contra Dilma no Congresso.