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ÂNGELO CORONEL: “Se o partido estiver com Rui, vou com Rui. Se estiver com Neto, vou com Neto”

ÂNGELO CORONEL: “Se o partido estiver com Rui, vou com Rui. Se estiver com Neto, vou com Neto”

Por Cris Almeida

ÂNGELO CORONEL: “Se o partido estiver com Rui, vou com Rui. Se estiver com Neto, vou com Neto”Reprodução

Um mês e seis dias na cadeira da presidência. Esse foi o tempo suficiente para o deputado estadual Ângelo Coronel (PSD) dar outra cara à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). O novo mandatário deu fim ao histórico mandato consecutivo do ex-presidente, o deputado Marcelo Nilo (PSL), que desgastou a cadeira de chefe por uma década.


Com uma campanha incisiva sobre as falhas do concorrente, Coronel venceu a disputa garantindo que não vai cometer os mesmos erros do antecessor.


Em entrevista ao Aratu Online, Ângelo Coronel revelou como está a relação com Marcelo Nilo após as eleições, como será usado o investimento de mais de R$ 500 milhões do orçamento previsto para o ano de 2017 e quem ele deve apoiar em 2018 na corrida pelo Palácio de Ondina.


Confira!


Aratu Online: Como o senhor avalia esse primeiro mês na presidência?


ÂNGELO CORONEL: Esse primeiro mês foi um mês para estudar as posições da Casa, os departamentos e as diretorias, para ver onde existiam deficiências, onde precisava fazer trocas de servidores e de tentar dar um maior dinamismo à Casa. Então está sendo um primeiro mês de muito trabalho. Esperamos que, ao longo desses dois anos, a gente consiga, realmente, corrigir distorções encontradas em todos os ambientes da Alba.


AO: Quais as principais diferenças que a gestão Coronel terá com relação à gestão Nilo?


AC: O primeiro passo a gente tem que ter na administração pessoas que queiram trabalhar. Na administração aqui da Casa, que não inclui gabinetes de deputados, mas no corpo de funcionários da área administrativa, só vamos deixar realmente quem quer trabalhar. Aquelas pessoas que estavam aqui por indicações políticas, mas que não trabalhavam, trabalhavam pouco ou enrolavam, essas pessoas nós estamos identificando, retirando e substituindo por pessoas que realmente queiram mudar o andamento da Casa.


AO: Isso explica as 18 exonerações já no primeiro dia de mandato e os mais de R$ 1 milhão em demissões em uma semana como presidente?


AC: Exatamente! Nós exoneramos uma boa quantidade. Ainda acredito que pode ter mais pessoas a serem exoneradas. O período das figuras decorativas acabou. Agora é o período do trabalho.


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AO: Agora como presidente, como é a relação do senhor com o senador Otto Alencar? Ele dá muitos palpites aqui na Alba?


AC: Não! O Otto não dá palpite aqui na administração. Ele me conhece e sabe que eu procuro pautar a minha vida com independência, mesmo sendo aliado político dele como sou. Sou liderado, mas não sou subordinado. A gente aqui faz uma gestão com a nossa equipe totalmente independente, e, evidentemente, se houver alguma necessidade de ouvi-lo, em alguma questão da Casa, não terei o menor receio de consultá-lo, por ser meu amigo e meu líder político.


AO: O senhor já tem alguma ideia de como será aplicado o orçamento de R$ 529 milhões previstos para esse ano?


AC: Noventa por cento é para a gestão de pessoal e 10% para as despesas administrativas. Vou seguir o orçamento votado por esta Casa e esperamos, ao final do exercício, fazer uma devolução em virtude do enxugamento que estamos proporcionando. Essa será a nossa meta: enxugar o máximo, para que a gente possa devolver ao executivo estadual, ao final do primeiro ano de mandato e com isso o governador aplique em obras de cunho social indicados pelos parlamentares.



AO: O senhor citou a alternância de poder como algo primordial, durante o debate na TV Aratu. Agora, como presidente desta Casa, o senhor pretende renovar seu mandato daqui a dois anos?


AC: Já existe uma Proposta de Emenda Constitucional tramitando na Casa que dá fim à reeleição. Foi um compromisso meu de campanha, reeleição dentro da mesma legislatura não haverá mais aqui no parlamento da Bahia.


AO: O que o senhor pensa do nepotismo na política?


AC: No passo foi votado aqui a lei anti-nepotismo, vetamos também no poder Executivo o emprego de parentes até segundo grau e acredito que não haja caso de nepotismo aqui na Assembleia, pelo menos detectado. E, caso exista, vamos chamar o responsável pela indicação e pedir sua exoneração para se cumprir a lei.


AO: O que o senhor pode falar sobre a indicação que o senhor fez dos sobrinhos de Otto para ocupar cargos com bons salários na Alba?


AC: Um dos sobrinhos do senador já trabalhava na Casa há muito tempo, só que na época ele não era formado, mas agora ele já diplomou em Direito e, consequentemente, ele foi promovido a receber o salário que os advogados recebem aqui na Casa. Então eu herdei essa vaga, só fiz enquadrá-lo dentro dos salários da Assembleia. Quanto à servidora Fernanda, diretora da Escola do Legislativo, é uma pessoa competente com formação no Brasil e fora também, então foi um bom currículo indicado pelo senador. Eu esperava que na Casa tivesse pessoas com o nível cultural da Fernanda, que com certeza iria ajudar muito mais a nossa administração.


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AO: Durante o debate na TV Aratu, o senhor disse que os deputados não tinham acesso às minúcias dos contratos da Casa devido à falta de transparência do antigo presidente, Marcelo Nilo. Nesses primeiros 30 dias, quais foram as medidas tomadas para ampliar essa transparência?


AC: Estamos com 30 dias de mandato e já temos uma equipe contratada para poder fazer um levantamento de todos os contratos da Casa. Os contratos com algum vício serão licitados para que, com isso, a gente dê a transparência de contratar empresas com o máximo de amplitude possível do processo licitatório.


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AO: Durante o debate o senhor mencionou também a desmotivação da equipe durante a década em que Nilo esteve à frente da Casa. Como o senhor pretende motivá-los?


AC: Eu mesmo, enquanto deputado há seis mandatos, já estava desmotivado de continuar sendo parlamentar, porque aqui era aquela Casa que só se votava projeto dia de terça-feira e projeto do Executivo, parecendo que aqui era uma extensão do governo. Então nós demos uma nova dinâmica à Casa, onde terça-feira vota projeto do Executivo, às quartas-feiras vota projeto dos deputados da Casa. Não é mais aquele rolo compressor onde tudo era votado em regime de urgência e instituímos também o Colégio de Líderes, que é o órgão responsável pela decisão das pautas do dia a dia da Casa, para fazer com que as lideranças daqui trabalhem. Além do ponto eletrônico para cobrar a frequência dos servidores. A frequência dos parlamentares será cobrada mediante a votação de projetos. Caso algum deputado falte a votação de projetos, será descontado dos seus subsídios.


AO: Como está a sua relação com Marcelo Nilo. As eleições estremeceram esse processo?


AC: Sem problemas nenhum! Temos uma relação institucional, de colegas. A eleição já passou, agora é uma nova vida, página virada. Espero que, quando eu tiver qualquer dúvida com relação à administração, possa consultá-lo, já que ele passou 10 anos aqui na Casa. Estamos implantando a nossa marca, mas não terei nenhum receio se precisar ouvi-lo.


AO: Quais os projetos são prioridade na Casa e serão votados já nesse primeiro semestre?


AC: Hoje a maioria dos projetos que votamos é do Executivo. Já votamos aqui a criação do Fundo Penitenciário, onde aprovamos a liberação para que o governo pudesse gastar R$ 4 milhões nos equipamentos das penitenciárias, armamentos policiais, contribuindo com a segurança pública estadual. Estamos também aqui com o projeto de aumento na gratificação de policiais civis e militares para aprovar, porque é importante nesse momento com a segurança pública tão carente, que a gente incentive para que policiais exerçam suas funções com mais tranquilidade. Então, prioridades não existem, depende do que o Executivo mandar. Os projetos oriundos dos parlamentares já somam 865 represados. Montei uma equipe para fazer uma pré-análise de cada projeto, aquele que for bom para a sociedade baiana, vamos fazer tudo para ser aprovado.


AO: O senhor é da base do governador Rui Costa, porém, seu partido apoia Neto em Salvador. Quem o senhor apoiaria numa provável corrida pelo Palácio de Ondina?


AC: Tá muito cedo para se falar em política de 2018. Nosso partido é da base do governador Rui Costa, temos funções importantes na administração do estado, liderado pelo senador Otto Alencar. Eu sou um homem de partido! Se o partido, em 2018, resolver ficar com o governador Rui Costa, ficaremos com Rui Costa. Se o partido decidir votar em ACM Neto, votaremos em ACM Neto. E se o partido, também, resolver ter candidatura própria, estaremos com o candidato do nosso partido. No momento certo o PSD vai se posicionar efetivamente na sucessão estadual de 2018.



AO: Qual o tamanho da base de apoio de Rui Costa hoje na Alba? O governo tem/teria dificuldades para aprovar projetos de seu interesse?


AC: Hoje o bloco da maioria detém 36 parlamentares e o da minoria, 21 parlamentares. Há também um bloco independente criado ontem, de seis deputados oriundos do PSL. Hoje, 8 de março, esse é o quadro real da Assembleia da Bahia.


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AO: O senhor considera que hoje o senador Otto tem um poder equivalente ao do governador Rui Costa? Já que ele tem aliados no poder da Assembleia, na UPB e na maioria dos municípios da Bahia.


AC: Nosso partido tá na moda! Tem crescido muito. Não temos uma ?balança eleitoral? para pesar esse peso. No momento ideal vamos providenciar essa balança pra ver quem tem melhor peso nas urnas, no futuro. Mas, evidentemente, nós queremos que estejam todos unidos em benefício do povo da Bahia.


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