ANÁLISE: Vitória de ACM Neto é mais ‘anti-petismo’ que volta do carlismo, diz cientista político
ANÁLISE: Vitória de ACM Neto é mais ‘anti-petismo’ que volta do carlismo, diz cientista político
Com a reeleição confirmada do prefeito ACM Neto (DEM) começam as especulações em torno de um retorno do ?Carlismo?, fortalecido com o segundo mandato consecutivo do democrata. A vitória, para muita gente, reacende a chama de um grupo, que pode retomar, inclusive, a hegemonia do executivo estadual.
Essa hipótese, no entanto, não corresponde com o mundo da lógica, segundo o cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia, Paulo Fábio Dantas. ?Seria imputar ao prefeito um grau de racionalidade muito baixo, imaginar que ele trocaria a sua atual posição de possível herdeiro de um eleitorado anti-petista por qualquer coisa que significasse ativar o retrovisor. Seria como trocar duas dúzias por meia dúzia?, avalia.
Hoje, de acordo com o especialista, é evidente que o eleitorado identificado com alguma coisa relacionada ao ?Carlismo?, na Bahia, é muito menor do que aquele que pode se identificar com um sentimento difuso de resistência mostrado até, recentemente, na experiência do Partido dos Trabalhadores (PT).
Para ele, o lugar que ACM Neto busca ocupar na política baiana é a referência anti-petista, que envolve um conjunto de forças que é muito mais amplo do que seria o ?Carlismo?, mesmo no auge de algumas disputas com o PT há alguns anos.
PULVERIZAÇÃO DO ‘CARLISMO’
Além desse aspecto, Paulo Fábio observa que a pulverização do grupo carlista no cenário político atual é outro ponto que faz a hipótese ser controversa, já que parte continua ao lado do prefeito e outra apoia o governo do estado.
?Na verdade, o arco de aliados nos dois lados conta com nomes que tiveram posições antagônicas?, disse, lembrando de Geddel Vieira Lima e Jutahy Magalhães (com ACM Neto), além de João Leão e Otto Alencar (apoiando Rui Costa).
SUCESSÃO ESTADUAL
A reeleição de Neto ajuda muito a sua trajetória, mas segundo o cientista político isso não faz dele um favorito à sucessão do governo estadual, em 2018. Ele ressalta que em 2014, o atual governador se elegeu em um contexto de desgaste do PT e com o discurso atrelado ao governo federal. ?Entretanto, ele conseguiu manter um conjunto de apoio e alianças que o partido não conseguiu sustentar no campo federal?, considerou.
O fôlego demonstrado por Rui Costa nessa corrida não pode ser descartado, de acordo com o professor. Com base na análise, ACM Neto terá esse obstáculo pela frente se pretender disputar o governo da Bahia. ?Ele tem um adversário que está demonstrando uma capacidade de articulação acima da esperada?, disse, acrescentando que, além disso, o prefeito terá que manter um grau de entendimento com o PMDB de Geddel Vieira Lima, que lhe garanta esse espaço, o que ainda não é uma coisa certa.
Outra etapa a ser cumprida, segundo Paulo Fábio, seria conduzir favoravelmente a transição do governo municipal para Bruno Reis, um vice-prefeito que ?pouca gente conhece efetivamente?. De acordo com o especialista, isso deve ser feito de uma maneira exitosa, ?fazendo o eleitorado de Salvador compreender que essa passagem não significará solução de continuidade, em relação à sua experiência?, finalizou.
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