“A imprensa não pode tratar o Baleia Azul como um jogo. É um crime”, diz diretor da SaferNet
“A imprensa não pode tratar o Baleia Azul como um jogo. É um crime”, diz diretor da SaferNet
Tratado como fenômeno de massa ou mesmo como um jogo cibernético altamente perigoso, o ‘Baleia Azul’ não tem tido a abordagem correta na grande mídia. Esta é a opinião do psicólogo e diretor de educação da SaferNet, Rodrigo Nejm. À frente da associação civil que previne e denuncia crimes na esfera virtual, ele defende que a imprensa incentivou novas adesões ao alardear o caso antes mesmo dele efetivamente existir.
“Esta história começou no Leste Europeu como uma fake news (notícia falsa). Aqui no Brasil, antes mesmo de existir uma forte adesão, foi noticiado de forma sensacionalista. Isso incentivou novas pessoas a buscar até mesmo por curiosidade. A própria abordagem tratando o tema como um jogo está errada. Não se pode tratar como um jogo algo é marcadamente um crime contra a vida”, diz Nejm.
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O Baleia Azul ainda é envolto de mistérios. O que já foi noticiado é que trata-se de um grupo que obriga o cumprimento de tarefas e incentiva jovens a cometerem suicídio. Nejm critica o fato da imprensa divulgar detalhadamente quais seriam estas tarefas e não situar o espectador que “o suicídio não é um caminho”.
“Quem está sofrendo precisa de ajuda e o suicídio, definitivamente, não é uma alternativa. Existem, sim, grupos de apoio, pessoas predispostas a ajudar e canais especializados para pessoas em situação de risco”, completa.
Na página no facebook da SaferNet, foi disponibilizado um link da Organização Mundial da Saúde (OMS) que dá recomendações à imprensa de como noticiar o suicídio com a cautela devida para não provocar um efeito repetição. O texto diz que a “cobertura sensacionalista de um suicídio deve ser assiduamente evitada”. Em outro trecho, o documento pontua que “todos os esforços devem ser feitos para evitar exageros. Deve-se evitar fotografias do falecido, da cena do suicídio e do método utilizado”.
O psicólogo alerta ainda que, ao proibir os filhos de acessar computador e celular, os pais não contribuem para evitar os jovens não tenham acesso a este tipo de grupo. “Confiscar o celular compromete o vínculo entre família e não ajuda no tratamento. É preciso uma conversa franca e acompanhamento”, pontua.
Entre os canais de apoio, a SaferNet oferece um serviço gratuito de escuta, acolhimento e orientação especializada que funciona das 14h às 18h (www.canaldeajuda.org.br).
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*Publicada originalmente às 14h13