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450 X 10: Após cassação, Eduardo Cunha culpa governo Temer e promete livro sobre impeachment

450 X 10: Após cassação, Eduardo Cunha culpa governo Temer e promete livro sobre impeachment

Por Da Redação

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O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que o governo do presidente Michel Temer (PMDB) é parcialmente responsável pela cassação de seu mandato, aprovada nesta segunda-feira (12/9). “O governo é culpado quando fez o patrocínio [da candidatura de Rodrigo Maia], porque quem elegeu o presidente [da Câmara] foi o governo. Quem derrotou o candidato Rogério Rosso foi o governo”, disse Cunha em entrevista logo após a sessão em que ele teve o mandato cassado.


Cunha mencionou Maia ao lembrar que ele foi eleito, em julho, para o mandato-tampão da Câmara com o apoio do governo — a Câmara havia ficado sem presidente fixo após a renúncia de Cunha ao cargo.


O deputado cassado nesta noite apoiava o candidato do chamado “centrão” Rogério Rosso (PSD-DF). Cunha disse que a vitória de Maia na eleição para a presidência da Câmara foi decisiva para a sua cassação e que ele foi vítima de uma vingança política. “É o conjunto político do processo de vingança da conjuntura […] quando o governo patrocinou a candidatura do presidente que se elegeu em acordo com o PT, o governo, de uma certa forma, aderiu à agenda de cassação”, afirmou o deputado cassado.


O peemedebista não chegou a culpar o presidente Temer diretamente por sua cassação, mas disse que quem de fato “comanda o governo” é o secretário-executivo do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), Moreira Franco, que sogro é de Rodrigo Maia.


“Todo mundo sabe que na verdade, há uma articulação porque no governo hoje tem uma eminência parda. Quem comanda o governo é o Moreira Franco, que é sogro do presidente da Casa. Então o sogro do presidente da Casa fez uma articulação que fez com que fosse feita uma aliança com o PT e, consequentemente, a minha cassação estava na cara”, disse Cunha.


Cunha disse que irá se dedicar a escrever um livro contando os bastidores do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Foi Cunha que, quando era presidente da Câmara, aceitou o pedido de impeachment que resultou no afastamento definitivo da petista.


“Eu vou escrever um livro do impeachment. Eu vou contar, obviamente, tudo o que aconteceu no impeachment. Diálogos com todos os personagens que participaram de diálogos comigo em relação ao impeachment. Esses serão tornados públicos em toda a sua integralidade. Todos, todos, todos. Todo mundo que conversou comigo”, disse Eduardo Cunha.


Questionado sobre se ele tinha gravado as conversas mantidas com políticos sobre o impeachment, ele negou. “Tenho boa memória. Eu não gravo conversas e não compactuo com quem grava conversas”, disse o ex-deputado, em referência implícita ao delator Sérgio Machado, que gravou conversas com políticos para fechar acordo na Lava Jato.


O agora ex-deputado disse que, mesmo depois de cassado, não irá aderir às delações premiadas da Operação Lava Jato. Ele é réu em dois processos que apuram sua participação no esquema de cobrança de propina em obras de empresas estatais. “Só faz delação quem é criminoso. Eu não sou criminoso, não tenho que fazer delação”, afirmou.


Eduardo Cunha teve o mandato cassado por 450 votos a favor, 10 contra e nove abstenções.


*Uol


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