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Greenpeace informa registro de 176 escavadeiras em terras Yanomami

ONG pede que fabricantes participem do combate ao garimpo ilegal

Por Juana Castro

Greenpeace informa registro de 176 escavadeiras em terras YanomamiLeo Otero/MPI
*Da Agência Brasil

A organização não governamental (ONG) Greenpeace Brasil informou que houve registro de 176 escavadeiras em garimpos ilegais nas terras indígenas (TI) Yanomami, Kayapó e Munduruku, entre os anos de 2021 e 2023. Conforme consta do relatório Parem As Máquinas! Por Uma Amazônia Livre de Garimpo , divulgado na última quarta-feira (12/4), 75 veículos (42,6% do total), são da marca Hyundai HCE Brasil.


Elaborado com contribuições da equipe da Greenpeace do leste asiático, o documento destaca que cada máquina pode custar mais de R$ 700 mil e representa um ótimo investimento, porque faz em apenas um dia o que três pessoas fazem em 40. Segundo a ONG, a maior frota de escavadeiras está na TI Kayapó, que é alvo de disputas por parte de madeireiros e da siderurgia.


Em 35 anos, a mineração ilegal cresceu 1.217% em terras indígenas da Amazônia Legal, revela estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade do Sul do Alabama, dos Estados Unidos.


Especialistas apontam constantemente a relação entre a atividade do setor mineral e o desmatamento, e os números confirmam o fato. No intervalo entre outubro de 2018 e dezembro de 2022, por exemplo, o desmatamento resultante do garimpo ilegal na TI Yanomami subiu 309%, de acordo com levantamento elaborado pela Hutukara Associação Yanomami. Em dezembro de 2022, a área devastada era de 5.053,82 hectares, ante 1.236 hectares detectados no início do monitoramento.


Um dos aspectos que surgem em meio às discussões que permeiam o relatório diz respeito ao deslocamento das escavadeiras. Para o Greenpeace, é possível rastrear as máquinas. No caso da Hyundai HCE Brasil, a ONG informa que dispõe de um sistema de gerenciamento remoto, chamado Hi Mate, que utiliza GPS para coletar dados. A ferramenta também seria capaz de emitir um comando para interromper o funcionamento das máquinas. E é isso que a ONG cobra das empresas fabricantes das escavadeiras: que a indústria pare de vender unidades que sejam usadas para o garimpo ilegal e paralise as máquinas, quando estiverem trabalhando com tal objetivo, ao serem localizadas nesse contexto.


De acordo com o relatório, as máquinas encontradas começaram a ser vistas na Terra Yanomami a partir do segundo semestre do ano passado. Quatro delas foram achadas em uma estrada clandestina. Perto do local, vive um grupo de indígenas em isolamento voluntário. "Como se vê, o garimpo ilegal está investindo na construção de rodovias dentro de florestas intactas para levar as escavadeiras para o interior dos territórios indígenas", alerta a ONG.


"A introdução dessas máquinas ajuda a explicar a expansão muito rápida e muito violenta dessa atividade [garimpo ilegal] na Amazônia", disse o diretor de programas do Greenpeace Brasil, Leandro Ramos, à Agência Brasil.


A reportagem entrou em contato com a Hyundai, mas a empresa não deu retorno até a publicação desta matéria.


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