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Mais de 200 trabalhadores escravizados são resgatados na produção de cana em GO

Eles estavam alojados em Itumbiara e Porteirão (GO) e Araporã (MG), segundo a publicação, e atuavam para a mesma prestadora de serviços que fornecia mão de obra a quatro fazendas e uma usina.

Por Da Redação

Mais de 200 trabalhadores escravizados são resgatados na produção de cana em GOdivulgação
Uma operação de combate à escravidão contemporânea, que terminou nesta sexta (17/3), resgatou 212 trabalhadores do plantio de cana-de-açúcar em Goiás. A informação foi publicada pelo Uol.
Eles estavam alojados em Itumbiara e Porteirão (GO) e Araporã (MG), segundo a publicação, e atuavam para a mesma prestadora de serviços que fornecia mão de obra a quatro fazendas e uma usina. Este é o maior resgate de 2023, batendo o recorde dos 207 "escravizados do vinho" de Bento Gonçalves (RS).
A operação do grupo especial de fiscalização móvel contou com a participação da Inspeção do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.
O Uol ressaltou que os trabalhadores eram arregimentados em seus estados de origem através de "gatos" (contratadores de mão de obra) e transportados de forma clandestina para atuar na produção de cana em Goiás, os trabalhadores estavam submetidos a condições de degradantes, segundo a fiscalização.
"Quem tinha um pouco de dinheiro, comprava um colchão. Quem não tinha, dormia no chão, em cima de panos ou de papelão", explicou à coluna o auditor fiscal Roberto Mendes, coordenador da operação.
"Como a empresa não fornecia alimentação, eles comiam o que tinham, muitas vezes só arroz com salsicha. Estavam em barracos extremamente precários, sem ventilação, mofados, com paredes sujas, goteiras, sem chuveiro. A empresa terceirizada vendia as ferramentas aos trabalhadores, como enxadões, o que, por lei, deveria ser fornecido gratuitamente", afirma Mendes.
Ainda de acordo com a publicação, não havia instalações sanitárias nas frentes de trabalho, nem equipamentos de proteção individuais e agrotóxicos eram aplicados em áreas onde as pessoas estavam trabalhando.
A prestadora de serviços terceirizados SS Nascimento Serviços e Transporte e cinco tomadores - quatro fazendas de cana e a unidade de Edéia (GO) da usina BP Bunge Bionergia - assumiram a responsabilidade e se dividiram para pagar os trabalhadores.
"Conseguimos negociar o pagamento das verbas rescisórias e o ressarcimento daquilo que foi cobrado ilegalmente, como compra de colchões e de ferramentas de trabalho", afirmou à coluna o procurador do trabalho Alpiniano Lopes, que participou da operação.
Ao todo foram R$ 2,57 milhões de verbas rescisórias e direitos trabalhistas, mais 50% desse valor em dano moral individual, totalizando R$ 3,85 milhões pagos às vítimas. Lopes explica que mais R$ 5 milhões estão sendo negociados como dano moral coletivo.
À imprensa, segundo o site, a SS Nascimento Serviços e Transporte disse que "se colocou à disposição para colaborar com as investigações e resguardar todos os direitos dos trabalhadores". E que "todos os fatos alegados serão devidamente esclarecidos no bojo dos processos administrativos e judiciais".
Já a BP Bunge Bioenergia disse, também em nota, que a empresa "agiu rapidamente em defesa dos trabalhadores para garantir as prioridades sociais e humanas e arcou prontamente com os pagamentos indenizatórios". Também afirmou que estão colaborando com as autoridades e apurando as responsabilidades.
Afirmou que "não compactua com situações que exponham as pessoas à condição degradante de trabalho" e que exige que as empresas de sua cadeia produtiva tratem com seriedade dos direitos trabalhistas. Por fim, lamenta o ocorrido.
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