Responsável por projeto diz que "super mosquito" da dengue não existe
Responsável por projeto diz que "super mosquito" da dengue não existe
Um estudo sobre o mosquito da dengue realizado por pesquisadores em Jacobina, 330 km de Salvador, tem dado o que falar tanto na imprensa brasileira quanto no resto do mundo. Nesta sexta-feira (27), uma publicação alemã criticou a imprensa brasileira por disseminar fake news sobre um super mosquito que transmitiria várias doenças com base em um arquivo científico que já foi refutado. Agora, os pesquisadores brasileiros estão lutando para tirar o arquivo falso de circulação.
Tudo começou em 2013, quando um mosquito Aedes aegypt transgênico foi liberado na região. De acordo com os pesquisadores, esse mosquito foi modificado para, ao se reproduzir com outros mosquitos, gerar descendentes que não sobrevivem até a fase adulta e, consequentemente, não podem transmitir doenças. O mosquito foi resultado de um estudo com oito pesquisadores na área em conjunto com a empresa britânica de engenharia genética Oxitex, que produz os Aedes aegypti transgênico.
Porém, em 9 de setembro deste ano, uma revista cientíca americana publicou um estudo dizendo que o mosquito transgênero não estava cumprindo com o esperado e era capaz de trasmitir ainda mais doenças. Além disso, o mosquito alterado seria mais dificil de matar que os mosquitos comuns.
O artigo foi refutado por diversos pesquisadores e colocado sob revisão pelos próprios editores da revista no dia 17 de setembro. De acordo com a empresa Oxitec, foi nesse hiato de tempo que manchetes como "Tentativa de controlar Aedes pode ter criado 'super mosquito' transgênico""Super mosquitos da dengue na Bahia", "Filhos de mosquitos transgênicos não morrem", e diversas outras começaram a aparecer na imprensa brasileira.
As publicações alarmantes continuaram a se propagar, mesmo após seis dos oito autores entrarem em contato com a revista americana para refutar a publicação e mostrar que os mosquitos são, sim, seguros. Os estudiosos estão tentando retirar a publicação do ar, para que ela não possa mais ser acessada e confundir a cabeça da população.
A pesquisadora Margareth Capurro, professora do Instituto de Ciencias Biomédias (ICB) da USP e uma das autoras do artigo explicou que a maioria dos mosquitos transgênicos colocados em circulação já morreu e eles não eram resistentes a inseticidas nem "mais difíceis de matar". Segundo ela, os poucos mosquitos híbridos encontrados hoje em Jacobina não representam nenhum perigo para a população e não transmitem mais doenças do que os mosquitos comuns.
A professora disse ainda que o transgênico foi liberado na região entre 2013 e 2015, em experimento de campo aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio), que atestou a segurança e eficácia do procedimento com base em trabalhos assinados pelos autores brasileiros. Dos oito pesquisadores, seis entraram em contato com
O experimento foi considerado um sucesso, reduzindo a população de mosquitos locais em 95% durante sua duração. Com o fim da liberação dos insetos geneticamente modificados, houve retomada da população ? o que também era esperado.
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