De responsabilidade da mineradora Vale, a mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, Minas Gerais, pode se romper a qualquer momento a partir deste domingo (19/5). O talude (terreno inclinado para manter o aterro estável) norte da cava está se movimentando e as vibrações, uma após a outra, podem causar o seu rompimento e, assim, romper uma barragem a 1,5 Km ao sul da estrutura.
A previsão do rompimento entre hoje e o próximo sábado (25/5) está contida em um documento produzido pela Vale obtido pelo MPMG (Ministério Público do Estado de Minas Gerais). Segundo a mineradora, o risco é iminente nesse período caso a velocidade de aceleração de movimentação do talude norte permanecer o mesmo.
A barragem Sul Superior está no nível máximo de alerta possível desde o dia 22 de março deste ano. Um simulado de emergência foi promovido nesse sábado para a população e visitantes de Barão de Cocais, a cerca de 70 quilômetros da capital Belo Horizonte. A ação durou cerca de 50 minutos e serviu para orientar as pessoas sobre como deverá ser feita a evacuação no caso do rompimento da barragem.
DEFESA CIVIL
A Defesa Civil de Minas Gerais informou que a situação no referido município está dentro da normalidade e não receberam novo alerta da Vale até o momento. Em caso de rompimento, reforçou que as pessoas devem ir aos pontos de encontro estabelecidos e seguir os procedimentos detalhados na simulação de emergência. Se houver rompimento, a lama de rejeitos deve chegar à cidade em uma hora e 12 minutos.
RESPONSABILIDADE
A Vale também está envolvida na responsabilidade dos rompimentos das barragens de Brumadinho e Mariana, ambos em Minas Gerias. Para o Ministério Público do estado, o MP-MG, a mineradora deve apoiar a população, utilizando carros de som, jornais e rádios, com informações claras, completas e verídicas, sobre a condição estrutural da barragem Sul Superior, os riscos e prováveis danos e impactos em caso de acidente.
Também foi pedido pela promotoria que a empresa forneça apoio logístico, psicológico, médico, insumos, alimentação, medicação e transporte às possíveis vítimas, mantendo posto de atendimento 24 horas nas proximidades dos centros das cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
No dia 8 de fevereiro deste ano, cerca de 400 pessoas próximas à mina de Gongo Soco foram retiradas da região de forma preventiva e estão em moradias provisórias alugadas pela Vale.
ANIMAIS
O MP-MG também pediu,que a mineradora recolha os animais domésticos e silvestres que estão na região que pode vir a ser atingida após o rompimento.
MONITORAMENTO
Por meio de nota, a Vale informou que monitora a barragem 24 horas por dia, com tecnologia que detecta movimentações milimétricas da estrutura, além de sobrevoos com drone.
A mineradora disse que iniciou uma terraplanagem na última quinta-feira (16/5) para a construção de uma barreira de contenção de concreto a seis quilômetros da estrutura em risco em Barão de Cocais. A expectativa é que retenha parte do volume de rejeitos expelidos da barragem se esta se romper.
Outras obras emergenciais, a exemplo de contenção com telas metálicas e instalação de blocos de granito estão sendo realizadas para reduzir a velocidade da eventual onda de rejeitos, segundo a Vale.
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