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Atentado com oito baleados na Vila Dois Irmãos reacende trauma da “Chacina do Cabula”

Atentado com oito baleados na Vila Dois Irmãos reacende trauma da “Chacina do Cabula”

Por Da Redação

Atentado com oito baleados na Vila Dois Irmãos reacende trauma da “Chacina do Cabula”TV Aratu

Os gritos agonizantes dos oito homens baleados durante a madrugada desta quarta-feira (10/10) ainda estão vivos nas memórias dos moradores da Estrada das Barreiras, em Salvador. A tristeza imperante ainda é maior para as famílias de Jackson Vieira Santana e Magno Leal Roma, que acabaram não resistindo ao atentado. Na localidade onde tudo aconteceu, a Vila Dois Irmãos, a opinião comum é que não havia motivo para a tentativa de chacina.


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Quem aceita falar com a equipe de reportagem não aceita se identificar. Sob essa condição, alguns sustentam que o crime pode ter relação com uma troca de tiros registrada momentos antes, na divisa entre os bairros da Engomadeira e Tancredo Neves – mesma região da Vila Dois Irmãos -. A ação deixou um policial militar ferido e um suspeito morto. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), porém, diz que não vê indícios da relação entre os casos.


Magno Leal Roma vendia cerveja quando foi morto. Foto: Acervo Pessoal


A SSP sustenta também que, no local do atentado, funciona um ponto de uso e venda de drogas. De forma veemente, a irmã de Magno nega esse posicionamento. “Ele trabalhava, tinha um isopor [de venda de bebidas]. Estava trabalhando, de madrugada, quando passou um carro e ‘meteu’ tiro em todo mundo que estava ali”, lembra. “Foi o primeiro que morreu, sentado […] Era uma pessoa gente boa, trabalhador”, relatou, sem dizer seu nome. A família não esconde que o homem já tinha sido preso por roubo, mas estava em liberdade há pelo menos quatro anos.


A outra vítima fatal, Jackson, que tinha o apelido de “Pai”, era serralheiro e conhecido por vários moradores. “Trabalhador também. Uma pessoa querida, conheço a família”, disse um vizinho. Ele acrescenta ainda que tentativas de atentados iguais ao registrado nesta madrugada são comuns. “Não vi nada para que acontecesse coisa como tal. Sempre, sempre acontece coisas assim aqui no bairro. Precisamos de mais segurança”, pediu.


Além de Magno e Jackson, foram baleados Fábio Rocha, Helder Luís Ribeiro Costa, Heverton Souza Azevedo, João Paulo Santana, Sidney Batista da Silva, Tiago de Santana Sacramento. Eles foram levados para dois hospitais de Salvador, o Roberto Santos e Geral do Estado, e seus quadros clínicos não foram informados.


PM BALEADO


O caso citado pelos moradores da Vila dois Irmãos aconteceu pouco menos de 12 horas antes da tentativa de chacina. De acordo com a Polícia Militar, o agente, lotado na 23ª Companhia Independente (CIPM/Tancredo Neves), foi atingido durante um confronto contra traficantes na localidade conhecida como “Buracão”.


O PM foi salvo pelo colete. Foto: arquivo pessoal


O policial foi levado para o Hospital Roberto Santos pelos próprios colegas e foi salvo pelo colete que vestia no momento da troca de tiros. Na ação, um suspeito também foi baleado. Ele, que não teve nome e idade divulgados pela SSP, chegou a ser socorrido para a mesma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos.


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O TRAUMA VILA MOISÉS 


A Vila Dois Irmãos – agora marcada pela morte de Magno e Jackson, além do atentado contra os outros – é vizinha de uma outra vila – a Moisés -, marcada por um caso também nebuloso. Na madrugada do dia 6 de fevereiro de 2014, 12 homens morreram após suposta troca de tiros com a Polícia Militar. Outra coincidência chama a atenção: também um dia antes, um tenente da corporação tinha sido baleado no pé durante uma operação na localidade.


À época da – chamada pelos grupos sociais de “chacina do Cabula” -, a polícia afirmou que os mortos seriam bandidos que estariam planejando um assalto a banco. Segundo a versão, eles foram alvo de uma operação que resultou em uma troca de tiros motivada pela reação. Do lado policial, um homem teria sido baleado de raspão.


Material supostamente encontrado com os suspeitos. Foto: divulgação/SSP


Em julho de 2015, a juíza Marivalda Almeida Moutinho, que substituía o responsável pela ação, Vilebaldo José de Freitas Pereira, que estava em seu período de férias, inocentou todos os militares. Os nove envolvidos na ação voltaram às ruas em março de 2015, antes da decisão judicial. Somente do início do mês passado, Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) anulou o júri que inocentou os nove, lotados em duas companhias diferentes: a Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp Central) e a 23ª Independente da Polícia Militar (CIPM/Tancredo Neves).


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