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“Sem perspectiva de resposta”, diz Davi Gallo sobre possível novo julgamento de Kátia Vargas

“Sem perspectiva de resposta”, diz Davi Gallo sobre possível novo julgamento de Kátia Vargas

Por Cris Almeida

“Sem perspectiva de resposta”, diz Davi Gallo sobre possível novo julgamento de Kátia VargasCris Almeida/Aratu Online

A luta de Marinúbia Gomes Barbosa, de 49 anos, por justiça, não terminou quando saiu do júri popular, no dia 6 de dezembro de 2017, derrotada do que ela mesma nomeou de “batalha”. Para ela, a guerra estava só começando. Mãe dos irmãos Emanuel e Emanuelle, de 21 e 23 anos, a enfermeira obstetra entrou, junto com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), com pedido de anulação do julgamento que inocentou a médica oftalmologista Kátia Vargas Leal Pereira, de 50, acusada de ter causado a morte do casal em outubro de 2013, após uma discussão no trânsito.


Esta é a última matéria da série de reportagens do Aratu Online para marcar os seis meses desde o julgamento de um dos casos que mais chamou atenção na capital baiana nos últimos anos. Na última quarta-feira (6/6), Marinúbia comentou, pela primeira vez, todos os pontos do júri popular. Na quinta (7/6), nossa personagem descreveu como foram esses seis meses desde a fatídica decisão que manteve o seu peito inquieto, atormentado pelo sentimento dos que se sentem injustiçados. Nesta sexta (8/6), serão abordados os próximos passos do processo, como a possibilidade de aprovação do recurso e formação de um novo júri.


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Em 17 de maio, a procuradora de Justiça Criminal, Maria Augusta Almeida Cidreira Reis, deu parecer favorável ao pedido. Agora, a apelação depende da aprovação de uma turma de desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia. Mas, segundo o promotor Davi Gallo, a espera pode ser longa. “Não há perspectiva de quando teremos resposta. O que a gente não pode é antecipar a decisão deles, mas esperamos que seja uma decisão favorável ao Ministério Público”.


“NÃO HÁ PERSPECTIVA DE QUANDO TEREMOS UMA RESPOSTA”


Assim como Marinúbia, Gallo também criticou o resultado da apreciação. “Foi completamente contrária à prova dos autos, inclusive, o Ministério Público de segundo grau já entendeu dessa forma. Agora, só falta mesmo a Câmara Criminal aceitar, ou seja, só nos resta esperar”. O promotor, que participou da acusação nos dois dias de julgamento como auxiliar do também promotor de Justiça, Luciano Assis, garantiu que, a princípio, não faria nada diferente no caso de uma nova sessão. “É claro que podem surgir outros fatos ou o processo pode vir a ser instruído de outra forma, então não posso te dizer sim ou não agora, isso vai depender do momento no julgamento”.


CONFIRA ENTREVISTA DO PROMOTOR NA ÍNTEGRA:


 


PERSPECTIVAS


Há seis meses, o Aratu Online conversou com o criminalista e professor de direito penal da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Sebastian Mello que, à época, considerava “quase impossível” um novo júri. De acordo com o professor, a Constituição Brasileira assegura a soberania do júri popular e a decisão que foi tomada só pode ser revogada se ela for, manifestamente, contrária à prova dos autos. Foi baseado justamente nesse princípio que o Ministério Público do Estado defendeu a sua solicitação.


Na oportunidade, Sebastian esclareceu que a acusação precisa provar que o resultado foi explicitamente contra a prova do processo. ?Como o júri não é formado por profissionais de direito, poderia acabar ignorando as provas, por falta de conhecimento?, pontuou o especialista, como uma hipótese que pode ser considerada pela acusação no recurso.


O criminalista ressaltou, porém, que, por conta da soberania, é mais fácil a decisão do júri ser mantida do que revogada. Ele acredita que se o caso não fosse para um júri popular, a janela pra modificar a sentença seria maior. ?No caso do júri, a decisão só é mudada se ela for absurda. Se for errada, mas não absurda, a tendência é que ela permaneça. Por isso que, normalmente, elas são mantidas em grau maior que as outras decisões do jurídico?.


“NO CASO DO JÚRI, A DECISÃO SÓ É MUDADA SE ELA FOR ABSURDA”


Mas com o parecer favorável da procuradora de Justiça, a perspectiva pode mudar. Sebastian explicou que, a partir daí, o relator terá condições de preparar o seu voto e os quatro colegas de turma se posicionarão, no dia do julgamento, acompanhando, ou não, o relatório apresentado por ele. Mais uma vez, a nova decisão é definida conforme votação da maioria.


O professor advertiu que pode haver recursos em várias instâncias, mas o máximo que a acusação pode conseguir é a realização de um novo júri, já que a sentença do último dia 6 de dezembro não pode ser modificada. ?Nem o Supremo Tribunal Federal pode modificar essa decisão. Só pode anular!?, salientou ou especialista.


A reportagem tentou entrar em contato com o advogado de acusação, Daniel Keller, e de defesa, José Luis Oliveira Lima, mas não obteve respostas.


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