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DIA DO DESCOBRIMENTO: Corrupção está no Brasil desde a chegada do primeiro Cabral

DIA DO DESCOBRIMENTO: Corrupção está no Brasil desde a chegada do primeiro Cabral

Por Diorgenes Xavier

DIA DO DESCOBRIMENTO: Corrupção está no Brasil desde a chegada do primeiro CabralArte / Iza Azevedo / Aratu Online

Feliz Aniversário?


Aos 518 anos, completados neste domingo (22/4), a mãe gentil dos filhos do gigante solo brasileiro continua garrida pela própria natureza! Não obstante, a “pátria amada” do seu povo, talvez, não seja mais idolatrada e, muito menos, um símbolo de amor eterno.


Pela exacerbada ambição dos governantes, a nação, ao longo do tempo, foi surrupiada e se inseriu em um cenário histórico que atingiu um estágio de corrupção superado por qualquer nível de tolerância. A situação impede que o Florão da América fulgure, visto que a clava da justiça brasileira não é mais tão forte e a impunidade se ergue em muitos casos.


Neste contexto, é comum ouvir em rodas de bate-papo que crimes relacionados com o apropriamento indevido do erário público são práticas exercidas, desde que o primeiro Cabral da história brasileira pisou na Terra de Santa Cruz. Para proporcionar um entendimento melhor sobre essa afirmação e também sobre a evolução dos chamados “crimes do colarinho branco”, o Aratu Online foi buscar orientações de um professor de história.


BRASIL COLÔNIA


Corrupto, talvez, não seja o termo ideal para se referir ao descobridor do Brasil. Pelo menos, é o que defende o historiador Ricardo Carvalho. Segundo ele, Cabral foi um homem do seu tempo, um fidalgo português que agiu em conformidade com os valores da nobreza ibérica de sua época. Contudo, o professor reconhece que a elite colonial brasileira esteve contaminada de exemplos de corrupção e favorecimentos ilícitos.


Corrupção esteve presente na elite colonial brasileira | Foto: Ilustração


Carvalho ressalta que propinas, nepotismo e fraudes sempre foram comuns. “A zona mineradora foi proeminente nas fraudes, sonegações e falsificações. Mesmo levando-se em conta que vivíamos sobre a opressão de um governo metropolitano europeu, há de se levar em conta que a prática da corrupção estava estabelecida como normal entre portugueses aqui instalados e, por conseguinte, também, entre os brasileiros”, pontuou.


De acordo com o professor, o processo de administração da Coroa Portuguesa, dividindo a colônia em capitanias, foi favorável à prática do desvio de recursos. “Muitos fidalgos portugueses foram favorecidos, em trocas de gordas propinas, ao ter seus nomes indicados para receber as cartas de doação das Capitanias Hereditárias”, lembrou.


DA ERA VARGAS À DITADURA MILITAR


Na visão de Ricardo Carvalho, o ciclo da corrupção na história do Brasil teve o seu momento de trégua e não esteve sempre em voga. “Acredito que na Era Vargas, pelo seu caráter autoritário e totalitário, em particular durante o Estado Novo, houve uma relativa moralização das práticas de gestão do dinheiro público”, considerou.


Em contradição, o professor disse que a Ditadura Militar foi o maior poço de corrupção da nossa História até aquele momento em que ocorreu. “Basta observar as grandes obras faraônicas do período e os seus gastos inexplicáveis”. A desordem com o dinheiro público atual, segundo o historiador, foi ensaiada nos governos militares e, agora, tem seu enredo interpretado com muita desenvoltura.


(À esq.) Getúlio Vargas ficou conhecido como “Pai dos Pobres”. (À dir.) General Figueiredo, último presidente do Regime Militar.


OPERAÇÃO LAVA JATO


O legado negativo da Ditadura Militar, pelo menos ao que se refere às maracutaias com o dinheiro do povo, continuou sendo orquestrado com maestria por governantes da, instituída, Nova República. A arte do auto-favorecimento e enriquecimento ilícito, pela utilização da máquina pública, foi, aos poucos, ganhando dimensões astronômicas, atingindo todas as esferas e instituições políticas do país.


A Operação Lava Jato, deflagrada em 2014 pela Justiça Federal, deixou estarrecida toda a população brasileira. Investigações iniciadas em 2009, apuraram um milionário esquema de lavagem de dinheiro, envolvendo a Petrobras (maior empresa pública do país), políticos de diversos partidos e grandes empreiteiras. A engrenagem da roubalheira era movida a partir da cobrança de propina que facilitava aquisições de licitações para construções de grandes obras públicas.


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Entre citados, investigados, condenados e presos pela Operação Lava Jato estão muitos figurões da política nacional. Representantes do povo tiveram nomes manchados, perderam credibilidade e fizeram aumentar a angústia da população, diante de uma esperança de dias melhores.


O brasileiro cansou de ser passado para trás e começa a dar sinais de insatisfação, ainda que discretamente, perante o tamanho do desrespeito e prejuízo causado à nação. Ricardo Carvalho ressalta que estamos melhores como cidadãos e como pessoas. Ele reforça que nossos valores morais estão mais aprimorados e o que parecia normal, tipo o ?rouba, mas faz?, hoje é inaceitável.


É dessa forma que continua o sonho intenso de um grandioso povo que não foge à luta e confia em um futuro que espelhe sua grandeza.


Salve, salve, Brasil!



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*Publicada originalmente às 8h (22/4)




 


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