H1N1 NA BAHIA: Para especialista, dificuldade do diagnóstico não garante números
H1N1 NA BAHIA: Para especialista, dificuldade do diagnóstico não garante números
Nos últimos dias, muito tem se ouvido sobre ocorrências e possibilidades de pessoas infectadas pela gripe H1N1, em Salvador e outras cidades da Bahia. O burburinho é, sem dúvida, assustador, levando em conta a gravidade e risco oferecidos pela doença.
Contudo, a repercussão é considerada prematura por alguns especialistas, ainda que a razão do temor não possa ser descartada. O problema é que a dificuldade de um diagnóstico preciso é muito grande e um descuido, por menor que seja, pode incorrer em erro.
Em entrevista ao Aratu Online, o professor de infectologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Carlos Brites, pontuou que, em muitos casos, existem suspeitas clínicas, mas isso não garante a presença do H1N1, que apenas pode ser confirmado laboratorialmente .
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“O quadro clínico da doença é semelhante ao de qualquer outra gripe mais forte e produz sintomas como febre alta, dores na cabeça, na garganta e olhos, além de tosse seca, que são manifestações produzidas, também, por outros vírus”, advertiu Brites.
O professor chamou a atenção, ainda, para a dificuldade que muitos laboratórios privados têm para a realização do teste necessário para identificar a enfermidade e ressaltou que, o Lacen, unidade estatal que poderia estar realizando o procedimento, não está fazendo, neste momento, a identificação.
Segundo o infectologista, existem hoje, no estado, muitos casos com quadros clínicos sugestivos, mas são, na maioria, suspeitas clínicas sem confirmações definitivas. Mesmo assim, a possibilidade de não haver a manifestação desta doença, nessas situações, não seria motivo de tranquilidade. Ele alerta para a necessidade de saber qual é o vírus que está provocando os sintomas: “se é o influenza comum, o H1N1 ou o H3N2 que é muito mais agressivo e preocupante por apresentar um risco de morte maior”.
ÓBITOS CONFIRMADOS NO ESTADO
A Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), no entanto, informou que, este ano, até o último dia dia 7 de abril, foram notificados 215 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sintomatologia frequente em pacientes contaminados pelo H1N1.
Entre os casos, 18 pessoas acabaram morrendo. Do total, 43 foram confirmados para influenza, sendo 36 pelo subtipo A H1N1 e desses, quatro evoluíram a óbitos. De acordo com a Sesab, Salvador, com 26 confirmações, concentra o maior número de ocorrências no estado.
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Foram registrados, também, dois infectados em Camaçari, e um caso nos municípios de Dias D´Ávila, Governador Mangabeira, Itabuna, Jacobina, Juazeiro, Lauro de Freitas, São Miguel das Matas e Ubatã. Os óbitos aconteceram, três em Salvador e um em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana.
POPULAÇÃO DE RISCO
Em pacientes mais debilitados são necessários cuidados especiais. Segundo Carlos Brites, idosos, crianças pequenas, gestantes e portadores de determinadas patologias, como a diabetes e doenças pulmonares, podem apresentar problemas maiores, quando infectadas pelo vírus e, para essas pessoas, o risco acaba sendo um pouco mais elevado.
“Para a população geral, fora desse grupo, os casos de letalidade são bem menores, mas sempre que se tem um quadro mais grave, o paciente vai precisar de um suporte hospitalar para que sejam evitadas complicações mais sérias”, salientou o infectologista.
PREVENÇÃO
Não existem dúvidas de que o vírus está em circulação. Por isso, todo cuidado é pouco para não ser infectado ou ganhar uma melhor condição de enfrentamento da doença. A vacina, segundo o professor, ainda é a melhor precaução para o indivíduo, já que ela pode dar uma garantia, mínima, de seis meses a um ano de cobertura.
A partir do próximo dia 23 de abril até 1º de junho vai acontecer a 20ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, tendo o dia 12 de maio como o “Dia D” de mobilização em todo o país. O objetivo é reduzir as complicações, internações e a mortalidade decorrentes das infecções trazidas pelo vírus da gripe.
A meta é vacinar 90% do público alvo, formado por 3,6 milhões de pessoas dos grupos prioritários: indivíduos com 60 anos ou mais; crianças de seis meses a menores de cinco anos; gestantes e puérperas (até 45 anos dias após o parto); trabalhadores da saúde; professores; povos indígenas; portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas; população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional.
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*Publicada originalmente às 8h (15/4)