#DEIXAELATRABALHAR: Desafios e histórias de superação das mulheres no esporte foram alvo de debate

03/04/2018 12h15Atualizado em: 03/04/2018 12h15

Divulgação / Secom

Nesta última segunda-feira (2/4), Salvador foi palco do Fórum de Mulheres no Esporte. O evento reuniu atletas, gestoras da área esportiva, representantes de federações e de escolas do setor no Wish Hotel (antigo Hotel da Bahia). Os desafios e as histórias de superação das mulheres no esporte, as barreiras do futebol feminino, além das políticas públicas e financiamento para modalidades femininas foram assuntos debatidos no evento realizado pelo governo do estado.

Entre os convidados, além da judoca e medalhista olímpica Rafaela Silva revelou que acabou escolhendo o judô após ser excluída do futebol, visto como esporte de meninos, a Aratu foi muito bem representada pela repórter do No Campo do Quatro, Juliana Lisboa, e a apresentadora do Aratu Notícias, Lise Oliveira.

Crédito: Marina Silva / Correio

Juliana Lisboa, por sinal, escreveu um texto sobre o assunto, que tem ganho bastante repercussão nacional após jornalistas atuantes na área do desporto se unirem e lançarem a campanha (#DeixaElaTrabalhar) para denunciar as agressões físicas e psicológicas de que são alvo.

Confira abaixo:

#DeixaElaTrabalhar

Esse pedido é tão direto que chega a ser curioso: me deixem trabalhar. Quem quer tanto trabalhar que precisa exigir um negócio desses? Que trabalho é esse que precisa de permissão especial? Em tese, não precisaria. Em tese, bastaria eu ser competente no que eu faço que eu teria todo espaço do mundo para praticar minha profissão. Como acontece normalmente em tantas áreas. Como deveria ser.

Mas quando você é mulher e trabalha com esporte a coisa é um pouco diferente. Porque já esperam que você não vai entender nada. Mulher não sabe o que é impedimento, né? Quero só ver ela dizer a diferença de um 4-2-3-1 pra um 4-1-4-1. Se sabe escalar o time. Titular e reserva. E aí, na primeira derrapada, vem o famoso “ah, mas é mulher, né. Mulher não entende de futebol”.

Claro que o problema não fica só aí: jornalistas esportivas passam diariamente (diariamente mesmo) por situações constrangedoras de assédio sexual (passada de mão, beijo roubado, encoxada – sério), agressão moral e verbal (xingamentos e desmoralização em público).

Por torcedores, jogadores, comissão técnica. A lista é longa, e, sinceramente, repetitiva. Não deveria ser necessário um manifesto reunindo jornalistas do país inteiro para cobrar educação básica no esporte. Mas aqui estamos. Para deixar a mulher trabalhar no esporte, tem que, primeiro, dar oportunidade pra ela. Por isso eu fiquei muito, mas muito feliz com o convite da TV Aratu pra ser acara da reportagem da Copa do Nordeste.

Mesmo eu nunca tendo trabalhado com TV na vida. Foi um investimento enorme em mim, algo que não se vê todo dia em se tratando de mulher e esporte, e eu sinceramente espero que sirva de exemplo. Na equipe sou tratada e cobrada como qualquer outro colega. E olha que coisa, é só o que a gente quer! “

* Juliana Lisboa

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