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O MAIS BELO DOS BELOS: Além da crise, racismo trava apoio às ações sociais do Ilê, segundo Vovô

O MAIS BELO DOS BELOS: Além da crise, racismo trava apoio às ações sociais do Ilê, segundo Vovô

Por Da Redação

O MAIS BELO DOS BELOS: Além da crise, racismo trava apoio às ações sociais do Ilê, segundo VovôReprodução/Aratu Online

Desde a sua fundação em 1974, o Ilê Aiyê realiza um trabalho político-educacional consciente que pode ser visto na avenida durante os dias de Carnaval. Seja através das canções, dos temas políticos que o bloco leva para às ruas, as fantasias e danças, a entidade assume, sempre, uma postura de valorização da ancestralidade africana.


A vocação educacional da entidade se consolidou, a partir de 1995, com a criação do Projeto de Extensão Pedagógica do Ilê Aiyê: a Escola Mãe Hilda, a Escola de Percussão, Canto, Dança e Cidadania Banda Erê e a Escola Profissionalizante, que possibilitam aos jovens, principalmente do entorno da comunidade do  Curuzu – localidade onde a instituição se insere – a inclusão como cidadãos conscientes em um ambiente social digno.


Mesmo com o prestígio internacional oriundo de anos de carnavais e da luta para expandir a cultura de origem africana no Brasil, o Ilê Aiyê – primeiro bloco afro do país -, encontra dificuldades em manter seus projetos sociais por conta da ausência de apoiadores.


“ANTES DE SEREM CAPITALISTAS ELES SÃO RACISTAS”


Em entrevista ao Aratu Online, o fundador e presidente da entidade, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, disse que as dificuldades em manter as ações sociais perpassam por caminhos árduos. Além da burocracia e da crise econômica, ele ressalta a falta de sensibilidade do setor público e privado e o racismo estrutural como principais entraves que dificultam a entrada de recursos para o desenvolvimento dos projetos do Ilê.


“Ainda tem o problema do racismo no carnaval da Bahia. Não adianta ter um bloco famoso, premiado se você não consegue sensibilizar nem os governantes, nem os patrocinadores do setor privado. Os empresários brasileiros e baianos têm uma característica que antes deles serem capitalistas, eles são racistas. Eles não querem associar a marca deles com o povo negro”, afirma.


A falta de empatia também atinge a população negra que, segundo Vovô, ainda não chegou no nível de consciência de reivindicar para que participem ativamente das ações de políticas compensatórias propostas pelas entidades sociais.


“Para fazer filantropia, precisa de dinheiro! E sempre que se fala em recursos, existem dificuldades. Parece que estão de prevenção para que o povo negro não se empodere. Os negros são sempre vilões. Se não tomarmos uma atitude para tentar reverter esse quadro, tudo irá continuar na mesma”.


OS PROJETOS 


Além de funcionar como uma entidade carnavalesca, o Ilê Aiyê funciona como uma organização que atua diretamente na vida de crianças, jovens e adultos através de três projetos educacionais.


A Banda Erê, projeto iniciado há 25 anos com aulas de percussão é um das principais ações educacionais do Ilê para o resgate e propagação dos valores culturais afro-brasileiros. As crianças e jovens que participam do projeto têm aulas de cidadania, história, dança, canto e coral que, de forma lúdica, apresenta a cultura negra aos alunos e alunas, além de ser a principal fonte de renovação do quadro artístico da Band?Aiyê, a banda profissional do Ilê Aiyê.


Na Senzala do Barro Preto, no Curuzu, funciona a Escola Técnica do Ilê Aiyê que oferece os cursos profissionalizantes de Estética Afro e Eletricidade Predial, para jovens entre 18 e 29 anos. Além da chance de profissionalização, o currículo dos cursos ainda contam com aulas teóricas de matemática e português são e de cidadania, em que a história do povo negro e as consequências do racismo são pautadas.


Uma escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental ? Ciclo I, funciona sob a responsabilidade da entidade que, em dois turnos atendem 240 crianças na faixa etária de 07 a 12 anos de idade. A Escola Mãe Hilda trabalha questões da história afro-brasileira e adota como eixo temático para a educação infantil a equidade racial e de gênero.


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Vovô do Ilê foi o segundo convidado do projeto Memória Aratu, que pretende registrar, com depoimentos, a biografia de personalidades notórias da Bahia. Assista ao programa, transmitido, com exclusividade, pelas redes sociais do AratuOnline:



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*Publicada originalmente às 9h01


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