TRAGÉDIA NO MAR: Governos estadual e federal não investem em Vera Cruz, diz prefeito

Depois que os olhares da mídia local e nacional se voltaram para o município de Vera Cruz, por conta de uma tragédia, o prefeito Marcus Vinícius (PMDB) se mostrou indignado, através de uma publicação no aplicativo WhatsApp, questionando os motivos que levam os moradores da Ilha a utilizar, de forma intensa e diária, os serviços de transporte marítimo que os levam à capital baiana.

Na rede social ele questiona: ?Por que, tão cedo, às 6h30 da manhã, havia 120 pessoas naquela lancha? Por que o dia amanhece e saímos às centenas da nossa cidade, desde sempre, com mau tempo??

A indagação, segundo o gestor municipal, em entrevista ao Aratu Online, remete à reflexão pela necessidade de melhorias de infraestrutura que eliminem ou, pelo menos, reduzam a necessidade da população de buscar, em Salvador, serviços essenciais não disponibilizados em Vera Cruz.

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O prefeito chama a atenção para um tripé básico que considera insatisfatório na região. A situação dos setores da educação, saúde e emprego é apontada como o maior problema da região, por conta da precariedade, e é avaliada como a motivação principal para a saída da população, que busca pelos serviços em Salvador.

?Eu estou no meu primeiro mandato, mas reconheço que esse é um passivo antigo, já que há décadas não temos investimentos em universidades, hospitais e empreendimentos que gerem emprego?, disse o prefeito.

De acordo com o gestor, a prefeitura vai buscar esses recursos junto às esferas estaduais e federais. ?No primeiro momento, partiremos para o diálogo em busca de soluções, mas, se for necessário, faremos manifestações ou recorreremos à justiça?, afirmou.

O orçamento anual da Prefeitura de Vera Cruz, atualmente, é de R$ 70 milhões, ?mas metade desse recurso é investido com o pessoal? e seriam insuficientes para proporcionar aos mais de 40 mil habitantes do município as melhorias que são necessárias.

Confira na íntegra a publicação do prefeito:

“há nos últimos dias uma ampla cobertura de toda a mídia na Ilha. a imprensa pergunta os detalhes da tragédia, o número de óbitos, desaparecidos, quantas pessoas haviam, sobre o transporte, situação das lanchas, e pelo visto todas as perguntas já foram feitas, menos a mais importante: por que, tão cedo, às 6:30 da manhã, haviam 120 pessoas naquela lancha?? por que mal o dia amanhece e saímos às centenas da nossa cidade, desde sempre, com mar e mal tempo? será que não é finalmente hora de também se importar com o porquê saímos. foi o que relatei hoje aos jornais correio da bahia, folha de são paulo e a toda mídia que indaga sobre a tragédia. que até os bocões da vida façam o sensacionalismo e todas as palhaçadas que lhe rendem Ibope, mas que façam também, por favor, a pergunta correta: POR QUE SAÍMOS? sim, porque após décadas não há um único investimento público em universidade, faculdade, sejam estaduais ou federais, onde estão os nossos “campus”? saímos às centenas a cada lancha apenas para nos formar, trabalhar, fazer exames, procurar emprego. por que, após tantas décadas não há investimentos em vera cruz, na Ilha de itaparica? por favor meus irmãos da Ilha, não entrem na ilusão da ponte como solução. que a ponte, se vier, seja para a logística do estado, para o turista, para quem for, mas não para nós porque não queremos sair nem de lancha nem de ponte: queremos ficar. vera cruz após tanto tempo não possui sequer uma sede própria dos correios, da COELBA, nem mesmo a AGERBA ao privatizar a entrada da cidade se dignou ter um posto de atendimento aqui, um único fiscal na ponte. até se quisermos reclamar do serviço temos primeiro que usar o serviço, ir a salvador. é hora do governo do estado, do governo federal, de todos olharem por nós. hora do nosso campus de ensino superior, dos cursos técnicos, do hospital geral digno, do investimento na ilha, hora do respeito, pois, acima de tudo, nós não queremos sair!

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*Publicada originalmente às 12h20