MOVIMENTO VERDE: Moradores vão à Justiça e usam redes sociais contra revitalização do Rio Jaguaribe
MOVIMENTO VERDE: Moradores vão à Justiça e usam redes sociais contra revitalização do Rio Jaguaribe
Com mais de dez mil metros de extensão, o Rio Jaguaribe, localizado na Avenida Octávio Mangabeira, corta alguns bairros de Salvador e faz parte do projeto de requalificação e macrodrenagem promovido pelo Governo do Estado.
De acordo com o executivo estadual, a obra tem um investimento de mais de R$ 270 milhões captados junto ao Governo Federal e o Ministério das Cidades. O objetivo é evitar enchentes e inundações em épocas de chuva. Alguns moradores da região, porém, defendem que a medida não surte efeito e são a favor da preservação das margens do rio. Esse impasse já dura mais de um ano, quando as intervenções foram aprovadas e publicadas no Diário Oficial.
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O advogado e músico Marcelo Timbó, 40 anos, é morador do bairro de Jaguaribe há 35 e acha incoerente a requalificação. ?Não faz sentido essa obra, já que a profundidade do rio não permitiria enchente. Acontece que na região da Orlando Gomes tudo bem a macrodrenagem, porque muitos condomínios e prédios foram construídos em cima da margem e sofriam o risco de inundações. Mas esse trecho da Octávio Mangabeira não tem nenhuma construção próxima e ainda há fauna e flora vivas?, diz.
Marcelo conta que entrou com uma ação popular de âmbito federal e aguarda liminar para parar com as máquinas que já estão trabalhando. ?A intenção é que o projeto seja rediscutido, que nós moradores possamos opinar, no intuito de pensar soluções de despoluir o rio e não transformá-lo em esgoto?.
O advogado tem se manifestado em sua conta pessoal no Instagram através de fotos e legendas notificando o próprio governador da Bahia, Rui Costa (PT). “Ninguém precisa ser advogado de causas ambientais ou urbanista para saber que essa obra é retrógrada. Uma atitude que não combina com o tipo de governo de Rui e Neto. Estranho que uma obra de 10 mil metros seja considerada de pequeno impacto ambiental, sendo que até o ano passado era considerada de médio impacto, antes de mudarem a lei”.
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Para Maria Helena do Rosario, de 46 anos, o fato de os moradores não terem sido consultados é ?o primeiro dos absurdos da obra?. ?O rio dormiu um dia de um jeito e acordou no outro cheio de piquete e chapas de metal isolando a área. A gente sabia que iam fazer algo, mas não exatamente o quê, porque a placa de identificação da obra só foi colocada depois?, desabafou.
O marido dela, Augusto Silva, de 55 anos e morador do bairro desde que tinha 11 anos, destacou que o entorno do rio precisa de cuidados, mas nunca ganhou a devida atenção por parte dos poderes públicos. ?A parte da calçada, sobre o rio, que deveria ser reconstruída, não fizeram nada. A estrutura de proteção da ponte, feita de concreto, já não é mais confiável, mas isso nunca virou pauta?, reclamou Augusto.
O rio Jaguaribe possui extensão total de 10.135 metros, com vegetação intensa e animais aquáticos, terrestres e aéreos circulando. Durante o período de fortes chuvas na capital baiana, o afluxo ganha intensidade mas não há registros de transbordo.
OUTRO LADO
Ao Aratu Online, a prefeitura de Salvador informou que ?as obras de macrodrenagem são de responsabilidade do Governo do Estado? e que, ?através da Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), apenas renovou a licença ambiental para a realização do procedimento?. Por meio de nota, no entanto, a administração municipal disse que a macrodrenagem é uma intervenção fundamental para evitar problemas futuros, como enchentes.
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A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), responsável pelas obras, afirmou ao Aratu Online que o projeto prevê a requalificação a partir do revestimento de parte das margens, com canalização feita de concreto, para evitar as enchentes e inundações registradas com frequência em áreas de risco ocupadas de forma desordenada, ao longo do tempo, principalmente nos bairros da Paz, Piatã, Alto do Coqueirinho e Itapuã. Conforme a Conder, o prazo previsto para conclusão é de 12 meses.
Apesar de ser contrariado por ambientalistas e urbanistas, o órgão garante que as obras devem beneficiar o bairro com proteção e reforço das adutoras de água da Embasa, urbanização de áreas nas margens dos rios com implantação de ciclovias e quadras esportivas, além da substituição de pontes e passarelas, e ainda canteiros verdes que irão preservar espécies nativas e recompor a arborização.
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