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FORÇA: Após vídeo, homem trans faz campanha e tem apoio do cenário LGBT baiano para tirar mama

FORÇA: Após vídeo, homem trans faz campanha e tem apoio do cenário LGBT baiano para tirar mama

Por Da Redação

FORÇA: Após vídeo, homem trans faz campanha e tem apoio do cenário LGBT baiano para tirar mamaReprodução

Diferente de boa parte das pessoas trans, que são vítimas diariamente de múltiplas violências e descriminação, o estudante de jornalismo, Théo Meirelles, de 26 anos, é casado e pai de um menino, tem conseguido conquistar espaço e ser reconhecido pela seu empenho na militância das causas LGBT. Atualmente, ele passa pelo processo  pré-cirúrgico, para fazer a adenomastectomia, que consiste na retirada dos seios que o incomodam muito por questões estéticas e psicológicas.


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Segundo ele, para a maioria dos homens trans é um peso carregar seios (alguns são tão evoluídos no quesito “emancipação dos corpos”, que de fato não se importam), privando de fazer coisas comuns como ir a praia ou clubes. Por conta disso, foi necessário encontrar técnicas que pudessem minimizar o volume das mamas, mas ainda há sofrimento, uma vez que método usado compromete a saúde física.


“No meu caso, eu uso o binder, uma faixa compressora feita sob medida, da qual cerca de 30 cm são subtraídos, para esconder os seios. A questão é que apertá-los machuca bastante, cria nódulos, assaduras e feridas por conta do atrito com a pele, a respiração fica comprometida pela compressão do diafragma, a longo prazo a estrutura óssea também é afetada (costelas e coluna) por conta do aperto, além de que o reflexo do espelho causa um sofrimento enorme”, contou.


Modelo de binder usado por homens trans para esconder os seios


Quem aqui não se lembra do choque que muitas pessoas tiveram ao saber que a filha de Maria Odete, popularmente conhecida como Gretchen, Thamy Miranda estava nesse processo de transição, como auxílio de medicamente para ajudar no crescimento de pelos, ajustes na voz, tudo isso com acompanhamento médico. Mas o que muitas pessoas não ser dão conta é que por muito tempo esses corpos e vozes foram silenciados e esquecidos. Em Alguns casos, inclusive, pessoas chegam a cometer suicídios por não ter espaço e não ser incluídas na sociedade, com acesso a empregos, saúde de qualidade e peculiaridades de quem foge dos padrões.


Thamy na praia após a retirada dos seios


Dentre os problemas enfrentados no dia a dia, é possível citar, também, a falta de compreensão da população limitada a definir a pluralidade sexual e de gênero como homossexualidade, fortalecendo a ignorância no assunto. Além disso, a falta de representatividade por meio da grande mídia, que aos poucos tem se tocado e visto a necessidade de abordar esse tema com mais sensibilidade. Para Théo, a história foi mais simples, mas não menos dolorosa, já que o maior desafio era conseguir separar identidade de gênero de orientação sexual.


“No início a confusão toda foi fazer entenderem que a transgeneridade nada tem a ver com a homossexualidade. Mas eu não fui retaliado, não fui condenado, não fui expulso de casa ou agredido por familiares, como acontecem com muitx companheirxs de luta. Eu simplesmente fui abraçado tanto no ambiente profissional, que mesmo sem ter obrigação legal, foi reconhecido o meu nome social e em apenas 19 dias mudaram minha identidade corporativa e o e-mail institucional, no ambiente acadêmico, onde fui acolhido por funcionários e professores e tive todo o respeito do mundo desde o comecinho da transição e, sobretudo, no ambiente familiar, onde o único entrave foi acostumarem com uma nova identidade – coisa que não demorou muito, porque as mudanças físicas aconteceram bem rápido comigo”, explicou.


Após ser usado como garoto propaganda para falar sobre o dia da visibilidade trans, em um vídeo promovido pela  equipe de comunicação digital da prefeitura de Salvador, o graduando em jornalismo viu sua história se transformar em fonte de inspiração para muitas pessoas que passam pela mesma situação e também sanou  dúvidas de quem não entendia nada sobre o assunto. Depois de viralizar nas redes sociais, ele conseguiu ganhar  espaço na mídia, o que lhe rendeu  contatos e deu força para fazer a ‘vaquinha virtual’, com objetivo  de fazer a cirurgia.


“Depois do vídeo, acabei ganhando um espaço, com isso muitas pessoas passaram a me adicionar nas redes sociais, mandar mensagens lindas, agradecimentos por esclarecer dúvidas, foi um retorno de amor tão grande que superou qualquer expectativa. Alguns amigos já haviam feito vaquinhas virtuais para arrecadar dinheiro para a mesma cirurgia e conseguiram, mas eu sempre resisti em fazer isso devido a eu ter me acostumado a ser nulo. No entanto, a visibilidade do vídeo me acendeu a auto-estima e me animou para aproveitar essa fase. Fiquei com receio de soar oportunismo, mas arrisquei, afinal era uma oportunidade que valia a tentativa, a cirurgia é para além da vaidade.


Para a surpresa de Théo, diversos artistas do cenário LGTB da capital baiana se sensibilizaram com a busca do jovem em conquistar o valor de R$ 9 mil reais e resolveram juntar os talentos fazendo um evento beneficente, onde todo o dinheiro será revertido para a causa dele. O evento vai acontecer no Burlesque Bar ? Rua da Mouraria nº 51 (perto do quartel) , e contará com  apresentações de dublagem Rainha Loulou, Valerie O?rarah, Dion, Alehandra Dellavega, Amanda Moreno, Mell Blera, Eyshilla Butterfly e Arthemis Aguiar  e muitos outros. O valor do courvert é R$ 5 reais.


“A ideia do show surgiu no exato momento que lancei a vaquinha virtual. Jorge Gauthier do portal Me Salte entrou em contato comigo, dizendo que foi procurado por um rapaz que interpreta uma drag talentosíssima se propondo a me dar esse presente, eu fiquei em êxtase com a proposta, muito emocionado e honrado em ver a minha história tocando as pessoas e em ser merecedor de uma iniciativa dessa envolvendo tantas pessoas queridas”, pontuou ele, que ainda fez questão de enfatizar as conquistas já alcançadas. “Tem muito caminho a ser percorrido ainda. Hoje, além do nosso empenho, nós contamos com apoio de pessoas cisgênero (quem não é trans) aliadas à causa, tanto as que militam sozinhas, como em coletivos como o Famílias Pela Diversidade e o De Transs Para Frente, essas pessoas lutam ávidamente conosco para que nossas demandas sejam ouvidas e possamos alcançar direitos que nos são garantidos constitucionalmente enquanto cidadãos independentes de gênero, raça, crença e sexualidade”, concluiu.


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