SINAL FECHADO: O que acontece com os semáforos de Salvador em dias de chuva?
SINAL FECHADO: O que acontece com os semáforos de Salvador em dias de chuva?
Basta aquela frente fria chegar a Salvador, para os motoristas ligarem o sinal de alerta. Semáforos quebrados, ou com funcionamento irregular, são comuns nos dias em que São Pedro resolve assumir papel de protagonismo em terras soteropolitanas.
Mas se fenômenos naturais são inevitáveis, se preparar para a ação deles parece a forma mais eficaz de minimizar os seus previsíveis danos. Pensando nisso, resolvemos tentar responder à pergunta que você, caro internauta, já deve ter feito algumas vezes para si próprio: Afinal, o que acontece com os semáforos de Salvador em dias de chuva?
Para o engenheiro mecânico Gildson Dantas, o problema é que ?água e rede elétrica não combinam?. Ele explica que os equipamentos geralmente param de funcionar quando há infiltração, fato comum em dias de mau tempo. ?Qualquer aparelho exposto, vai apresentar esse tipo de problema?, afirma.
E tem solução? Na opinião de Dantas, é difícil resolver essa equação de forma definitiva, mas é possível, sim, minimizá-la. ?A qualidade do equipamento adquirido, da instalação elétrica, e manutenção preventiva e constante são fatores que devem ser colocados em prática?, explica.
A professora do Ilce Marília de Freitas, do Departamento de Engenharia de Transportes e Geodésia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), acredita que a questão é mais ampla e diversa. Para ela, não é possível apontar uma única causa:
?Podem ocorrem problemas com a rede de alimentação da energia, que pode não ter sido projetada adequadamente, ou não ter uma programação de manutenção adequada (preventiva e corretiva)?, aponta.
O mau planejamento, ou pior, a quase inexistência dele, é outro calcanhar de Aquiles. ?Aqui em Salvador, damos pouca importância às atividades de monitoramento e manutenção. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Fortaleza, investem de forma mais intensiva, pois sabem o prejuízo que a falta de eficiência pode trazer para a qualidade de vida das pessoas (congestionamentos e acidentes de trânsito)?.
E as diferenças não param por aí. Ilce explica que outro fator que diferencia essas cidades, é que elas possuem Centros de Controle de Tráfego que monitoram em tempo real os controladores semafóricos e detectam de forma automática os problemas com os equipamentos, em associação com as equipes de agentes que fazem manutenção em campo.
Para ela, atualmente a tecnologia está bastante avançada, mas as redes de alimentação e transmissão merecem uma atenção constante. E às vezes, isso é menosprezado e até colocado como um serviço terceirizado, com o objetivo de diminuir custos, o que pode ser um erro fatal.
?O prejuízo econômico de um semáforo ?apagado? pode sair muito alto. Pode custar uma vida. Investir em uma política de gestão do controle de tráfego e na capacitação de agentes de operação são medidas que podem minimizar esses problemas, pois uma coisa é certa: Não temos competência para impedir a chuva, mas temos competência sim, para fazermos bons projetos para a rede elétrica e de transmissão e implementar operações rotineiras de fiscalização e manutenção da sinalização?, conclui.
Dados Oficiais, números e investimento: Quanto custa o sistema?
De acordo com a assessoria da Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador), ao menos parte desse processo já está em andamento. Segundo levantamento do órgão, o custo mensal para a manutenção dos semáforos na capital é de R$ 165 mil.
Impressionante notar que, dos 423 equipamentos espalhados pelas ruas da cidade, 160 precisam de algum ajuste a cada 30 dias. Oscilação na rede de energia elétrica, semáforos antigos, vandalismo (furto dos cabos), são os problemas mais usuais.
Em épocas de mau tempo, a umidade nas caixas subterrâneas por onde passam os cabos das interseções semafóricas, bem como o salitre, são apontados como os principais vilões.
Semáforos Inteligentes ? Tecnologia em favor de um trânsito menos caótico
Para tentar aliviar a vida de quem perde horas em um trânsito cada vez mais caótico, e não ter que contar com a boa vontade das massas de ar frio, a prefeitura de Salvador promete dar início ao funcionamento do sistema de semáforos inteligentes. A implantação teve início neste mês, com a instalação de dois painéis de mensagem na nas avenidas Bonocô, sentido BR-324, e Paralela, sentido rodoviária.
O primeiro conjunto de sinaleiras inteligentes começará a funcionar na Praça João Mangabeira (Rótula dos Barris), em fase de testes, ainda em setembro, com 13 semáforos e dois controladores. A expectativa é de melhoria para a travessia de pedestres no tráfego da saída da Estação da Lapa, no fluxo de veículos para a Avenida Centenário e para a região do Dique do Tororó.
Quando completo, o novo sistema envolverá 45 cruzamentos, com 26 equipamentos de controle dos tempos de cerca de 90 sinaleiras. A rede irá da região dos Barris até a avenida Paralela, passando por importantes corredores, como as avenidas Anita Garibaldi e ACM, na região do Shopping da Bahia.
Por Diorgenes Xavier
Foto/Arte Nestor Carrera