VIA-CRÚCIS: Após ataque a banco, moradores de cidade baiana chegam a dormir em fila por serviços
VIA-CRÚCIS: Após ataque a banco, moradores de cidade baiana chegam a dormir em fila por serviços
São 36 explosões de agências em toda a Bahia desde o mês de janeiro, segundo o Sindicato dos Bancários. Em boa parte dos casos, as ações criminosas acontecem durante a madrugada e os suspeitos sempre se organizam em grupo, geralmente formado por cerca de 10 homens. Depois da fuga, os prejuízos ficam para todos. Com as cerca de 36 mil pessoas que moram em Riacho de Santana, a 723 quilômetros de Salvador, não foi diferente.
O ataque ao Banco do Brasil, localizado no centro da cidade, aconteceu na madrugada de uma terça-feira, 7 de junho. Segundo a Polícia Civil, cerca de 20 criminosos fortemente armados com pistolas e fuzis explodiram o prédio onde funcionava a agência. Durante a ação, que durou mais de 40 minutos, os suspeitos dispararam tiros para o alto e deixaram as pessoas apavoradas.
Um mês após o atentado, a agência continua fechada e quem depende do Banco do Brasil está enfrentando uma verdadeira ‘Via-Crúcis’ para sacar dinheiro. Isso porquê o único local onde a transação pode ser feita em Riacho de Santana é o Banco Postal, que tem registrado longas filas durante os últimos 30 dias.
“Na segunda-feira [4 de julho] eu estava passando pelo local por volta das 7h, quando percebi um senhor sentado na calçada em um colchão esperando o Banco Postal abrir”, diz Mônica Fernandes, moradora de Riacho de Santana.
Ela relata ainda que algumas pessoas, que têm disponibilidade para viajar, estão indo retirar seus pagamentos mensais em outras cidades, a exemplo de Igaporã e Bom Jesus da Lapa. Elas ficam a 30 e 65 quilômetros, respectivamente, de Riacho de Santana. Ainda assim, o Banco do Brasil de Igaporã não tem estrutura para receber os clientes locais e de outro município. “Muitas vezes a agência não tem dinheiro suficiente. Na Lapa, (Bom Jesus) o banco é maior”, exemplifica Mônica.
Aqueles que insistem em ficar na cidade são os moradores da zona rural , que acabam sendo vítimas dos aproveitadores. “Os idosos chegam a pagar R$ 20 pelo lugar na fila. Além disso, semana passada, por exemplo, soube que uma senhora chegou a passar mal dentro do Banco Postal”, finaliza Mônica.
Em Irará, que fica em outra região da Bahia, distante 647 quilômetros de Riacho de Santana, os moradores vivem uma situação parecida. O ataque aconteceu três meses antes da ação em Riacho de Santana. O alvo foram as três agências que funcionavam no centro da cidade.
Moradores disseram ao Aratu Online que a Caixa Econômica Federal e o Bradesco já voltaram às suas atividades normais. Já o Banco do Brasil ainda está fechado. Enquanto isso, os clientes da empresa estatal se deslocam até Santanópolis, a cerca de 13 quilômetros, para fazer suas transações.
DIMINUIÇÃO DE ATAQUES
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) diz que o número de ataques a bancos no Estado em relação a 2015 foi reduzido. Segundo números levantados pelo próprio órgão, somados as tentativas aos assaltos consumados, são 80 casos a menos em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa uma queda de 59%. Além das explosões, a secretaria contabiliza também os assaltos e tentativas.
Para o secretário Maurício Barbosa, os números refletem o esforço das polícias e o investimento feito pelo Governo do Estado para inibir este delito. ?A criação do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) foi fundamental para que as investigações às quadrilhas especializadas fossem aprofundadas, resultando na identificação e prisão dos integrantes e na consequente desarticulação dessas organizações criminosas?.
O coordenador da força-tarefa criada pelo órgão, major Marcelo Barreto, frisa que o planejamento estratégico e a troca de informações entre agências de inteligência das polícias Militar, Civil e Federal para a identificação das quadrilhas são importantes. ?O trabalho integrado é essencial para se chegar à prisão destes bandidos?.