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“Não vou aceitar calada”, diz cantora baiana após relatar agressão por taxista no Rio Vermelho

“Não vou aceitar calada”, diz cantora baiana após relatar agressão por taxista no Rio Vermelho

Por Diego Adans

“Não vou aceitar calada”, diz cantora baiana após relatar agressão por taxista no Rio VermelhoArquivo pessoal

Na tarde deste domingo (3/7), a cantora do grupo Sertanília, Aiace Felix, 27 anos, usou sua página no facebook para fazer um desabafo aos fãs. Segundo a artista, ela foi agredida por um taxista na madrugada de domingo logo após sair de um bar no Rio Vermelho.  O Aratu Online tentou contato com Aiace, mas não obteve êxito.


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Confira abaixo, o relato da cantora:


?Nessa madrugada, saindo da Commons, eu fui agredida com 3 socos no rosto por um motorista de Taxi. Estávamos eu, minha irmã e uma amiga andando em direção ao Largo da Mariquita por volta das 05h:30 quando esse motorista, que estava parado na fila de Taxi (sic.) em frente a casa, assediou minha irmã. Quando fui pedir por respeito, embora seja óbvio que ele é meu por direito, o taxista se sentiu incomodado por eu tê-lo confrontado e me respondeu de forma bem agressiva reiterando o assédio. Eu segui andando com as meninas quando ele deu uma ré super brusca tentando atropelar a mim e as meninas. Um rapaz que passava na hora me puxou e evitou que algo mais grave acontecesse. Não satisfeito, o taxista saiu do carro, veio na minha direção e me deu 3 socos no rosto, atingindo meu olho direito, minha boca e o ombro/pescoço. Como resultado, ganhei uma lesão na córnea e alguns hematomas pelo corpo.


A partir daí iniciamos uma saga buscando atendimento. Não sabíamos se seguíamos pra Delegacia da Mulher, que de início parecia o caminho mais certo, onde teoricamente poderia ser melhor assistida e acolhida. Só que não? Ao chegar por lá fomos atendidas por uma senhora super mau humorada e sem muito trato pra acolher uma vítima de agressão. Ela nos informou que lá só poderiam ser acolhidos casos em que a vítima tivesse alguma relação com seu agressor. Então quer dizer: eu sou mulher, sofro uma agressão por ser mulher, mas não posso ser acolhida na delegacia da mulher?!!!


Ok. Seguimos então para uma delegacia comum pra registrar o B.O. Ao chegar lá fomos recebidas por um policial que nos prestou o primeiro socorro e foi o mais atencioso que ele poderia ser.


Machismo, burocracia, preconceito, despreparo.


Nós, mulheres, ao sair de casa e muitas vezes dentro dela estamos expostas a tudo, inclusive à possibilidade de não voltar mais. Travamos uma batalha diária, inclusive com amigos próximos, na tentativa de fazê-los compreender que certos comportamentos não podem mais ser aceitos! Um ?psiu? na rua, um tapinha na bunda, a cara emburrada do cara quando leva um não de uma mulher em uma festa (Como assim aquela puta disse não pra mim???!!!).


Não! Nós não somos propriedade de vocês e não temos que ficar a mercê da sua ?benevolência. Não temos que nos calar diante dos assédios diários de vocês. É como eu disse a um amigo por esses dias: desconstruir o machismo dá trabalho e ninguém quer ser pego praticando, ainda mais nos tempos de hoje em que vemos cada vez mais mulheres gritando, fazendo barulho! Mas ao mesmo tempo em que me fortaleço com esses gritos e faço coro é uma merda perceber que precisamos gritar por algo que é básico, por algo que por direito já deveria ser meu/nosso.


Nós somos vítimas desse sistema falocêntrico há anos. Eu não fui a primeira vítima do machismo, mas espero muito que estejamos mais próximas de ver a última. Eles não vão nos calar!! Juntas somos muito mais fortes e não somos obrigadas a nada que a gente não queira! Não sou propriedade de ninguém e não vou aceitar calada. E se pra isso eu tiver que apanhar mais mil vezes, pode vir que eu aguento!


Sentindo-se mais forte???, escreveu a artista.


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