MASSAGEM, GRUPO DE DISCUSSÃO E LONAS: A vida dos militantes do MST durante a ocupação no Incra; Veja vídeo

Ocupar e resistir!

Mais que palavras de ordem, um lema de vida. Instalados nos três andares, no estacionamento e área externa da sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) estão cerca de mil histórias vindas de dez regiões da Bahia, que agora ocupam o mesmo espaço por um propósito comum: a luta. São homens, mulheres e crianças, enfrentando a chuva que castiga a capital baiana para protestar contra o governo interino de Michel Temer (PMDB), que substituiu temporariamente Dilma Rousseff (PT).

Na parede está registrada a insatisfação.

Ao chegar é necessário se identificar, passar pelo aval da liderança e depois ganhar a confiança deles, que de tão desconfiados demoram para baixar a guarda. Etapa vencida, entramos! No olhar o cansaço da batalha e a esperança da vitória. No andar o jeito de quem nasceu em luta e conhece bem o significado desta palavra. Além da Bahia a ocupação do MST acontece em mais 15 estados.

Foi na tarde da última quarta-feira (15/6), justamente há uma semana da ocupação, que visitamos o local tomado pelos integrantes do Movimento Sem Terra da Bahia (MST-BA). Descobrimos o que motivou a onda de ocupações realizadas em todo o país e como estas pessoas se organizam nestes espaços. Segundo os representantes da diretoria nacional do movimento a ocupação aconteceu de maneira pacífica e sem resistência. As atividades no prédio foram suspensas e não há previsão de liberação da área.

Estacionamento do Incra ocupado por integrantes do MST.

Entre uma barraca e outra crianças correm, brincam e adquirem o instinto da sobrevivência. Os adultos se dividem em equipes. Cada uma fica responsável por uma determinada atividade que é dividida respeitando a igualdade de gênero, independente da tarefa desempenhada. Para passar o tempo eles promovem debates sobre a causa e o sentido de estarem ali, estudam, participam de oficinas, cumprem as tarefas e promovem shows e atividades culturais.

Cozinha improvisada na área externa do Incra.

Enquanto o frio faz tremer, cada um se aquece como pode. A sede do Incra agora é um condomínio de resistência, seus corredores são ruas compostas por barracas que se tornaram casas e a vizinhança é solidária. Alguns aproveitam o tempo para conversar e trazer um pouco de leveza para a vida dura que enfrenta. No espaço de saúde remédios naturais produzidos pela sabedoria popular, pessoas preparadas para atender algum tipo de emergência e um canto para o relaxamento dos ombros cansados. Técnicas de massagem e relaxamento são as mais procuradas pelos moradores provisórios do Incra, as mãos de Gilmara e Robério são as mais requisitadas.

Veja o vídeo que produzimos na ocupação do MST no Incra:

Negociar não é o desejo, Evanildo Costa diz que não negocia com o atual governo interino, que não existe pauta e principalmente ? não tem prazo para desocupar o prédio. Então, o que eles querem? ?Não queremos a terceirização do trabalho, reforma previdenciária que aumenta a idade para se aposentar, o descaso com a demarcação indígena, a paralisação da reforma agrária, lutamos contra o fim do Ministério da Reforma Agrária (MDA) e do Ministério que defende o direito das mulheres, LGBT?s e negros?, defendeu Evanildo Costa, representante da diretoria nacional do movimento.