OPINIÃO: “Qualquer cidadão nota que o abalo institucional é a presença dessa corja”, diz Ricardo Almeida, coordenador do MBL
OPINIÃO: “Qualquer cidadão nota que o abalo institucional é a presença dessa corja”, diz Ricardo Almeida, coordenador do MBL
Termino meu último ato na Operação Minerva (a tática do MBL destinada a pressionar os deputados indecisos, os famosos ?muristas?), organizando-a para Feira de Santana. Dia 13 de abril, dia do meu aniversário, não comemorei. Festejos não combinam com a gravidade do momento. Concentrado, trabalho para virar estes últimos votos na Bahia do PP, PSD e PR, cujo domínio o governo erroneamente presumia demasiado forte. E aguardo dia 17.
Assim como eu, milhões de brasileiros aguardam o dia 17. Trabalham a seu modo, anonimamente. Mandam e-mails para deputados, escrevem-lhes no twitter e facebook, participam de carreatas, tentam convencer mais pessoas na trincheira das faculdades, do trabalho e das redes sociais a aceitar o fato óbvio de que a presidente não tem mais respaldo popular, governabilidade ou estatura moral para manter-se no cargo. O mapa do impeachment dá o caminho das pedras, mostra como pressionar os parlamentares.
O dia 17 é o dia da votação mais decisiva da nossa história recente, quando a presidente mais impopular do Brasil, motivo de escárnio entre estrangeiros, motivo de vergonha entre brasileiros, pode ser finalmente deposta através do mecanismo constitucional do impeachment (art.86, CF).
A figura do Juiz Sérgio Moro sobressai neste contexto. Apontado com um dos líderes mais influentes do mundo, Moro é homem discreto. Recentemente, foi envolvido em uma tática de esquerda. Buscando desconstruí-lo, invocaram supostos argumentos jurídicos para questionar as escutas de Lula, assim como a decisão de suspender o sigilo delas. A nosso ver, ambas as decisões do juiz, além de bem fundamentadas nos despachos por ele expedidos tiveram efeitos práticos excelentes.
Não fosse por elas, Lula, só na delação de Delcídio Amaral citado 186 vezes, seria ministro da Casa Civil. Essa vitória teria sido a mais eloquente inversão da moralidade pública no Brasil. É verdade que, informalmente, sabemos esse deplorável personagem se comporta como virtual ministro, a contrapelo da liminar de Gilmar Mendes.
O leilão de cargos por ele promovido desde o Hotel Royal Tulip é público e notório, revelando outras duas facetas da situação: o extraordinário cinismo da esquerda ao negociar com partidos que ela própria condena, e a fragilidade da articulação política de Dilma.
Já em relação à figura de Moro, a tática é vulgar. Finge-se proteger garantias constitucionais e processuais do Estado de Direito quando, em verdade, quer se proteger apenas Lula, Dilma e o PT. Pois é evidente que pessoas genuinamente preocupadas com o Estado de Direito considerariam os áudios de Lula ? onde recebe o conselho de usar o foro especial para escapar da cadeia, onde ofende o STF, a Câmara, o Senado, as mulheres, a justiça e o direito — um atentado infinitamente mais grave do que qualquer suspensão de sigilo (ainda que se considerasse, o que não é nosso caso, um erro jurídico de Moro). Como os partidários desse partido decididamente não pensam assim, então a preocupação com a ?democracia? e o ?Estado de direito? é apenas um disfarce precário.
Economicamente, a situação do governo se deteriora a cada dia. Impossibilitada de contornar a crise econômica que ela mesma fomentou com a corrupção e ineficiência de seu governo, Dilma acena vagos espantalhos.
O PMDB vai tirar ?direitos sociais?, a crise vai se ?aprofundar?, haverá um ?abalo institucional?. Besteira. Qualquer trabalhador sabe que a situação piorou sob governo de Dilma, qualquer economista sabe que indicadores econômicos melhoram com as notícias favoráveis à sua saída, e qualquer cidadão brasileiro razoável nota que o abalo institucional maior do país é a presença dessa corja no poder. Dia 17 receberei o meu presente de aniversário, e o povo receberá o dele: a queda de Dilma. Já mandei comprarem meu bolo.
Ricardo Almeida — coordenador do MBL da Bahia (Movimento Brasil Livre).