Rebaixamento da Ceplac causa revolta entre produtores e outros setores ligados a produção de cacau
Rebaixamento da Ceplac causa revolta entre produtores e outros setores ligados a produção de cacau
Após ser amplamente criticado por servidores e algumas personalidades do meio político, como a senadora Lídice da Mata e o ministro Jacques Wagner, agora a sociedade civil vem demonstrando insatisfação após a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, assinar o decreto que transforma a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) em um departamento.
A decisão foi publicada na edição da última sexta-feira (1º/4) no Diário Oficial da União (DOU) e, desde então, caucauicultores e políticos tentam reverter a decisão.
Segundo um dos coordenadores do movimento ?Somos todos cacau?, integrado por produtores de cacau do Brasil, Ruy Souza, os integrantes do movimento estiveram há 3 meses em Brasília, onde foram informados da modificação.
?Estivemos nos ministérios da Indústria e Agricultura, onde fomos informados de que haveria uma mudança na Ceplac, mas não sabíamos pra que nível seria modificado?, explicou.
Ainda segundo Ruy, ao tomar conhecimento do rebaixamento do órgão, o movimento procurou alguns deputados federais da bancada do atual governo para tentar reverter a situação.
?Procuramos diversos deputados, mas, ou eles não quiseram saber sobre o assunto ou não tinham respeito do executivo para reverter esta situação?, desabafou.
De acordo com Ruy, o movimento vem, a algum tempo, buscando agregar a região cacaueira pra mostrar o abandono pelo qual a área esta passando.
?Do jeito que esta não interessa aos produtores. Queríamos a modernização da Ceplac, não o rebaixamento. Queríamos que fomentassem a pesquisa, que ampliassem o contato com universidades, com a Embrapa e outros centros no mundo todo?, comentou o coordenador.
?A Ceplac era a única que vinha dando assistência ao pequeno agricultor. O governo já acabou com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e agora faz isso [rebaixamento da Ceplac] de maneira autoritária?, expôs.
Ainda de acordo com Ruy, essa assistência é fundamental para fortalecer a produção cacaueira no estado.
?O governo federal passado prometeu o PAC cacau e até hoje ainda não vimos nada. Não queremos mais conversa. Estamos perdendo muitos frutos porque não há investimento e pesquisa para melhorar a produção. Queremos produzir um cacau que seja resistente ao sol e a essa doenças?, pontuou.
Em nota oficial, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) disse estar ?surpreendida pela decisão da ministra?.
“A cacauicultura vive uma franca retomada de crescimento de produção, abastecendo não só o mercado interno, como iniciando o processo de exportação. A Faeb acredita que ainda é possível abrir um diálogo para uma melhor compreensão ou até mesmo uma avaliação de novos rumos que busquem encontrar o caminho certo para que a Ceplac cumpra seu papel junto aos produtores de cacau do país”.
O documento diz, ainda, que uma decisão como esta deveria passar por uma análise criteriosa junto com a categoria.