‘REPÚBLICA DO ACARAJÉ’: Crise no governo Dilma impacta escolha dos candidatos na sucessão municipal de Salvador
‘REPÚBLICA DO ACARAJÉ’: Crise no governo Dilma impacta escolha dos candidatos na sucessão municipal de Salvador
A pouco mais de seis meses das eleições municipais, a serem disputadas outubro deste ano, o cenário político para o pleito ainda é de quase nenhuma definição em Salvador. Com a exceção do prefeito ACM Neto (DEM), candidato natural à reeleição, os nomes originários de outras legendas são, neste momento, apenas, especulações.
Tudo isso, graças, principalmente, à crise política em que se afundou o Brasil, após as denúncias de corrupção, que envolve não só o governo petista ? alvo principal das investigações ? mas perpassa, também, por outros partidos.
Nessa hora, indicar nomes e fazer coligações é tarefa que requer astúcia e cautela, pois o cenário nacional será determinante nas alianças e pode interferir nas urnas.
Apesar da turbulência, o atual gestor da cidade vive em certa ?zona de conforto?. No último mês de janeiro, Neto foi eleito o melhor prefeito entre as capitais brasileiras, em uma pesquisa realizada pelo Instituto Paraná, confirmando uma condição que já havia conquistado nos dois anos anteriores.
A boa aceitação do seu mandato, junto aos soteropolitanos, reforça o desejo do democrata por voos mais altos. O neto do ?velho? ACM pretende seguir os passos do avô e chegar ao executivo estadual, nas eleições de 2018.
Pensando nisso, a dor de cabeça do prefeito para este momento, é escolher um bom nome para compor, como vice, a sua chapa majoritária nesta eleição municipal. Isso, porque se tudo correr bem para ele, o demista vai precisar de alguém, politicamente, mais expressivo do que Célia Sacramento, que exerce a função na gestão atual, para dar continuidade ao seu mandato.
Um dos nomes bem cotado para o posto está sendo o do Secretário Municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza, Bruno Reis (PMDB). No entanto, informações ventiladas nos bastidores da base do prefeito dão conta de que, se dependesse da sua exclusiva pretensão, o chefe da Casa Civil, Luiz Carrera (PV) seria o indicado.
O deputado federal Lúcio Vieira Lima, um dos líderes do PMDB baiano, informou ao Aratu Online que o partido apoia a reeleição do prefeito e cogita a possibilidade da sigla ficar com a vaga de vice. ?Temos todos os requisitos e direitos para legitimar a vice-prefeitura, mas vamos aguardar o ?start?, que deve acontecer na hora que a coligação estiver fechada?, disse.
Cauteloso, o presidente estadual do DEM, deputado José Carlos Aleluia, sinaliza que ?o momento para a definição deste nome não é oportuno?. Segundo ele, somente a partir do segundo semestre, quando ocorre a convenção do partido, a pauta será discutida.
OPOSIÇÃO
No embate a essa frente, os opositores da gestão municipal começam a se articular, mas não dão indícios de coesão neste sentido.
Apesar de uma presença forte da atuação do governo Rui Costa (PT) dentro da capital baiana, nesses quinze meses de mandato, o desgaste que corrói o partido nacionalmente pode fragilizar, ?por tabela?, os correligionários petistas. Acreditando nesta premissa, partidos aliados ao governo se habilitam ao lançamento de chapas próprias, contando com o apoio do executivo estadual.
Dentro desse panorama, surge a pré-candidatura da deputada federal Alice Portugal (PC do B). ?As condições políticas mudaram e o nosso nome ganhou força?, afirma a comunista. De acordo com a parlamentar, a oposição precisa convergir para esta possibilidade.
?Estamos construindo o nosso programa e buscando o apoio de forças políticas?, informou, relatando que neste processo de aliança se encontraria o PT de Rui, o PSB da senadora Lídice da Mata e o PSD do senador Otto Alencar.
Na prática, porém, as coisas não se desenham desse jeito. Parece que Alice pensou em tudo, mas não conseguirá uma combinação com os companheiros.
Pelo menos, segundo a presidente regional do PT, em Salvador ? Marta Rodrigues ? o partido deve manter a tradição e lançar uma chapa própria.
Segundo a ex-vereadora, o debate está sendo intensificado em torno de uma candidatura própria e três nomes despontam neste momento: o do Ministro da Cultura Juca Ferreira, o do deputado federal Valmir Assunção e do vereador Gilmar Santiago.
?Estamos consultando as agendas deles para saber quando podemos nos reunir e tomar essa decisão?, disse Marta Rodrigues, lembrando que considera importante o nome de Alice Portugal, mas uma aliança só seria firmada no caso de um eventual segundo turno.
A senadora Lídice da Mata, pelo visto, também não deve apoiar a candidata do PC do B, no primeiro momento. Ela informou que ainda está discutindo o assunto, internamente, e com os partidos que fazem parte da base do governador. No entanto, a senadora reitera que a sua relação com Rui Costa é a melhor possível e que o seu partido, o qual é presidente na Bahia, caminhará como aliado do Palácio de Ondina nas Eleições de 2016.
Para não fugir à regra, a indefinição ronda também entre os membros do PDT. De acordo com o presidente estadual da legenda, Félix Mendonça, os vereadores Odiosvaldo Vigas, Kiki Bispo e Leandro Guerrilha são indicações naturais do partido, “mas vamos reunir com o diretório municipal, sob a orientação nacional para decidir se teremos um candidato ou vamos apoiar uma coligação”, informou.
Na oportunidade, Félix lembrou de alguns detalhes: Randerson Leal, filho do deputado estadual Roberto Carlos (PDT), pode, também, entrar na briga pelo reinado do Palácio Tomé de Souza e há rumores de que Guerrilha migre para o PTB se o PDT baiano confirmar uma possível aliança com o PT — o referido vereador, porém, confirmou recentemente sua desfiliação da legenda.