MAPEAMOS A PAQUERA VIRTUAL: Pessoas mandam nudes, endereço e oferecem sexo em app?s; Conheça cada um deles

Barzinho, praia, encontro entre amigos, faculdade, shopping… Qual o melhor lugar para conhecer alguém? Talvez a resposta para esta pergunta esteja em outro ambiente.

Navegamos no mundo do ?namorico? virtual durante uma semana, entre os dias segunda (7/3) à sexta-feira (11/3), para descobrir porque a maneira de se relacionar mudou tanto e o perfil de cada aplicativo.

Para ajudar nossos leitores solteiros que pretendem fazer uma conta, eu mesma fiz esse grande experimento.

Descobrimos que existem aplicativos para todos os gostos e interesses. Tem o romântico, ousados — até demais –, descolado e aquele mais maduro. Conheça o perfil das principais redes de ?flerte?.

BADOO

Para quem curti uma paquera jovem este é o app perfeito. Mas tenha paciência para responder as perguntas típicas e insuportáveis, como: ?Oi, tudo bem?? ?Tc de onde?? ? a última vez que eu vi isso foi no falecido MSN.

Depois de romper as barreiras da formalidade, a próxima etapa é a troca de whatsapp. Mas, se as pessoas fizeram um perfil no Badoo para se conhecerem ali, por que já querem migrar de aplicativo? Há quem mande fotos, conte a trajetória de suas vidas e até fala em namoro.

Veja as cantadas maravilhosas, #SQN:

Para que vírgula se as reticências são o que realmente importa? #Amorinfinito

Para o amor, a gente dá um jeito. Você que estuda, trabalha, malha… Perdeu as esperanças? O Badoo é a luz no fim do túnel.

Ah! Nem todo mundo procura aventuras, viu?! Dá para casar com um carinha do Badoo fácil, fácil… rs

Ah! Tem gente preguiçosa que deixa textão pronto, AFF!

Que pitoresco, uma pessoa se encantar por outra que não conheceu. Não nos falamos, eu era só uma foto, um rosto – que inclusive poderia não ser meu.

TINDER

Tinder é vida! Por lá circulam pessoas mais maduras, pelo menos conversei com algumas assim, toda regra tem exceção. Caso não tenha a mesma sorte não culpe o Aratu Online. Se fôssemos classificar por profissão, advogados, engenheiros e empresários são fãs do aplicativo – não necessariamente nessa ordem. A maioria das pessoas que conversamos tinham acima de 25 anos. Se fôssemos classificar por universidades, a UFBA seria medalha de ouro, o povo de lá adora se relacionar.

Enquanto vivia este momento mágico, fui até acusada de ser fake — mas não era. Disponibilizei todas minhas informações na caça de ‘paquerinhas’ para esta reportagem. E aqui já vale uma dica. Não vale a pena fazer um perfil falso ou usar informações de outras pessoas. Como diria a Pitty, “mesmo que seja estranho… seja você”.

Mas algumas pessoas usam fotos de terceiros para fazer mais sucesso na hora da paquera, não façam isso!

Acreditem, dá até para “bater uma DR” no Tinder…

…E até para terminar o “namoro” antes mesmo do encontro

Nesta viagem encontramos perfis de casais que buscam outras pessoas para uma aventura sexual. Como funciona? É simples! Eles criam um perfil em comum, geralmente não revelam sua identidade, só por whatsapp e sugerem amizades coloridas (ler-se ménage à trois – expressão oriunda do francês, outrora significava inocentemente, ‘moradia a três’, hoje alterada para ‘sexo a três’).

Que evolução!

“Quando um casal sente a necessidade de colocar uma terceira pessoa entre eles é porque a relação está falida e o terceiro individuo serve para tampar o buraco, além da busca pela exposição, uma espécie de voyeurismo”, afirma o psicólogo Adenáuer Novaes, ouvido pelo Aratu Online.

HAPPN

Não há nada mais romântico nesse mundo do que cruzar com o amor da sua vida. Essa é a ideia que o aplicativo propõe. Você faz a conta, liga o GPS do seu smartphone e TCHARAM! Aparecem várias pessoas com as quais você cruzou. De repente como um truque do destino você manda um coração em segredo. Essa pessoa instintivamente devolve sem saber que também era amada e páh: ?Tenho um crush?.

É quando a pessoa que você se interessou anonimamente também se interessou por você, a partir daí o bate papo é liberado e fica por sua conta.

Ele é tão romântico que chega a ser graça. Tão sem graça que nem conseguimos destacar uma conversa que prestasse para ilustrar essa reportagem.

GRINDR

Enfim chegamos a ‘terra do nudes’. O aplicativo mais hot que experimentamos: Grindr. É um app desenvolvido para o público gay, ele localiza apenas homens próximos por meio da ativação do GPS e libera bate papo. Bem… papo não é o que mais acontece por lá.

Quem procura aventura, conversas picantes e sexo, corre nesse 4G e baixa logo o Grindr.

Os usuários desta rede não tomam muito do seu tempo, mandam na lata sobre o que estão buscando ali. Me passei por um homem e ouvi cantadas que eu mesmo não conhecia. Veja algumas:

Não se assuste se antes de um singelo “Oi, tudo bem?” venha uma nude ou um convite inusitado para uma “foda”.

Segundo o psicólogo Adenauer Novaes essa entrega e confiança excessiva no outro não é comum, “isso revela uma fragilidade, certa carência, necessidade de ser amado, desejado e falta de amor próprio”, avalia.

Se estiver disposto a experimentar as gentilezas oferecidas pelos ‘paqueras’ eles mandam endereço completo e referência. Um sério risco!

Fornecer dados, principalmente seu endereço para um completo desconhecido, por mais atraente que lhe pareça é bastante perigoso, não sabemos as intenções da pessoa por trás da tela. Por exemplo, a minha intenção era descobrir o universo, o perfil dos usuários e seu comportamento. Mas poderia ser alguém com instinto homofóbico e vontade de fazer algo de ruim aos gays. Pense sempre nisso!

CONFIRA AS DICAS DE SEGURANÇA DA SAFERNET (ENTIDADE QUE ZELA PELA SEGURANÇA NA INTERNET) 

VEM ‘PRO’ MEU MUNDO 

Há quem acredite que a internet é o meio mais seguro para conhecer alguém, mas para Adenáeur Novaes “é um ambiente que oferece risco total de ser enganado”, adverte.

Perguntei a um paquera por qual razão, ao invés de conhecer alguém pessoalmente, ele preferia a web. Ele usou uma teoria “É fácil identificar um fake, ele não tem muitos amigos nas redes sociais, não é marcado em fotos e tal. Já pessoalmente elas podem mentir” e segue com sua tese: “fui para uma balada em Dubai e conheci uma mulher, ela me disse que era advogada e solteira. No fim das contas ela era casada e estelionatária”.

Para o psicólogo o uso do perfil fake surge de uma inaceitação da imagem pessoal e da busca de uma identidade melhor e positiva para ser aceito. Quando uma pessoa é enganada por um fake tende a repetir a prática, tornando um jogo doentio.

Sobre a mudança da maneira como as pessoas se relacionam a psicóloga Olívia Valente diz que “muitas pessoas buscam aplicativos para tentar fugir da solidão”.

No mundo atual ganhamos mais uma opção para interagir com a maior quantidade de pessoas possíveis. “No campo virtual a imagem que o indivíduo tem de si difere da imagem que transmite para o outro. Os aplicativos são utilizados como alternativa para garantir algum tipo de relacionamento, alguma compensação que não tem fora deste ambiente”, explica Novaes.

“Todo relacionamento virtual é pobre”, conclui.