POLÊMICA FEDERAL: Movimento Negro repudia uso de “acarajé” como nome de fase da Operação Lava Jato
POLÊMICA FEDERAL: Movimento Negro repudia uso de “acarajé” como nome de fase da Operação Lava Jato
Patrimônio nacional, símbolo da cultura afro e elemento sagrado do candomblé, o acarajé ? mais famoso bolinho da culinária baiana ?, virou alvo de polêmica. O CEN (Coletivo de Entidades Negras) divulgou uma nota de repúdio à utilização do nome “acarajé” pela Polícia Federal para batizar a 23ª fase da Operação Lava Jato.
“Nosso repúdio vem no sentido do total desrespeito religioso a um elemento sagrado do candomblé, desrespeitando assim, de forma acintosa, toda a tradição e história dessa religião no Brasil”, lê-se no texto do CEN, que é a organização nacional do movimento negro no país. “Nada justifica a escolha deste nome e exigimos sua imediata alteração”.
A organização acrescenta que repudia ver “nossa religiosidade vinculada a uma operação para prender bandidos. Isso, para nós e toda nossa comunidade religiosa, é inaceitável.” A 23ª fase da Operação Lava Jato, intitulada “Acarajé”, tem como alvos principais o publicitário baiano João Santana, que encabeçou campanhas presidenciais petistas e a empreiteira Odebrecht, fundada na capital baiana.
Segundo informações da PF, João Santana e a esposa, Mônica Moura, chegou às 10h desta terça-feira, em São Paulo. O casal veio da República Dominicana, onde João comandava a campanha à reeleição do presidente, Danilo Medina.
ALUSÃO –
Em nota enviada à imprensa, a PF afirmou que “a 23ª fase da Operação Lava Jato foi denominada “Acarajé” em alusão ao termo utilizado por alguns investigados para nominar dinheiro em espécie”.
O coordenador de Políticas Institucionais do CEN, Márcio Alexandre Martins Gualberto, por sua vez, declarou que a utilização do nome de um alimento sagrado da religião de matriz africana, em um contexto de uma ação policial contra a corrupção, é um desrespeito.
“É óbvio que não somos contra a operação em si. Porém faltou um pouco de zelo e inteligência à PF ao nomeá-la. Vivemos em um contexto de intolerância religiosa, em que as religiões de matrizes africanas são constantemente alvos de ações preconceituosas. Um órgão público não pode reforçar o preconceito”, disse Gualberto.
Em nota à imprensa divulgada na manhã desta terça-feira (23/2), a Polícia Federal divulgou, até agora, o balanço da 23ª fase da Operação Lava Jato:
BAHIA
- 7 mandados de busca e apreensão : 5 em Salvador e 2 e Camaçari
- 1 mandado de prisão temporária
- 1 condução coercitiva
- Apreensão de documentos
RIO DE JANEIRO
- 14 mandados de busca e apreensão: 10 no Rio de Janeiro, 2 Mangaratiba e 2 em Petrópolis
- 1 mandado de prisão preventiva
- 2 conduções coercitivas
- Apreensão de documentos, veículos de luxo e de colecionador, uma lancha
SÃO PAULO
- 16 mandados de busca e apreensão cumpridos nas cidades de São Paulo, Campinas e Poá
- 1 mandado de prisão temporária
- Apreensão de documentos e mais de 300 mil reais em moeda nacional e estrangeira
Um mandado de prisão preventiva e quatro de prisão temporária não foram cumpridos em razão dos investigados não terem sido localizados.