Conferência do Clima de Paris inicia semana decisiva
Conferência do Clima de Paris inicia semana decisiva
Os ministros encarregados de negociar um acordo mundial sobre o clima começavam a chegar a Paris neste domingo, preparando-se para iniciar na segunda-feira uma semana crucial para o planeta.
A Conferência da ONU sobre o Clima (COP21), que tentará alcançar nesta sexta-feira um acordo para limitar o aquecimento global a 2ºC em relação à era pré-industrial, segue bem encaminhada, considerou neste domingo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que se reuniu com ministros africanos em Paris.
“De forma geral, observamos uma vontade e um espírito positivo em torno do processo”, acrescentou.
Os ministros dos 195 países que participam da conferência se reunirão na manhã de segunda-feira em Le Bourget, ao norte de Paris, para debater o texto de 48 páginas que os negociadores elaboraram desde a última terça-feira.
Abordarão assuntos como a divisão dos esforços entre países, os meios necessários para se adaptar às mudanças climáticas e a questão chave do financiamento.
Esta segunda fase de negociações começará às 09h00 GMT (07h00 de Brasília). Ainda é preciso ver se o sopro de otimismo que invadia no sábado a conferência seguirá adiante, porque agora a parte mais difícil tem início.
O rascunho de acordo elaborado nesta semana representa um avanço, mas é “preciso aprofundá-lo e concretizá-lo”, lembrou no sábado o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.
Um aumento de 3°C
“As posturas dos Estados ainda estão muito afastadas em pontos cruciais. Mas não temos mais tempo para jogar o pôquer mentiroso. Quando os ministros chegarem a Paris deverão mostrar as suas cartas”, opinou Célia Gautier, do coletivo de ONGs Red Ação Clima.
“O tema do financiamento segue com atraso, com poucos avanços sobre o dinheiro que os mais pobres terão para se adaptar às mudanças climáticas” a partir de 2020, disse por sua vez a ONG Oxfam.
“Sejamos sinceros: todos os temas políticos complicados seguem sem ter sido resolvidos”, indicou no sábado o negociador da União Europeia, o espanhol Miguel Arias Cañete.
Para o delegado chinês Su Wei, os negociadores somaram “todos os ingredientes e os temperos para fazer uma receita”. A próxima semana será a da “passagem para a cozinha”, acrescentou, em referência ao trabalho dos ministros.
O financiamento da ajuda climática aos países do Sul e a divisão dos esforços entre países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento não são os únicos temas espinhosos.
Os ministros também deverão abordar assuntos controversos, como o apoio fornecido a alguns países para enfrentar as consequências das mudanças climáticas ou a instauração de reuniões para atualizar os compromissos.
Quase todos os Estados participantes publicaram seus objetivos de redução de gases de efeito estufa, mas estes compromissos não impedirão que a temperatura mundial suba em torno de 3ºC em relação à era pré-industrial, segundo diferentes previsões.
Os cientistas insistem que acima dos 2ºC, o objetivo inicial da COP21, a Terra sofrerá transformações irreversíveis: secas, inundações, queda da produção agrícola, erosão da costa…
Antes da reunião dos ministros em Paris, o papa Francisco pediu neste domingo que tenham “valor” para adotar decisões importantes para as gerações futuras.
“Pelo bem da casa comum, de todos nós e das gerações futuras, devem ser realizados todos os esforços em Paris para mitigar os impactos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, para lutar contra a pobreza e aumentar a dignidade humana. As duas questões andam de mãos dadas”, disse durante o Ângelus diante de milhares de fiéis reunidos na praça de São Pedro
“Rezamos para que o Espírito Santo ilumine os que devem tomar decisões tão importantes e lhes dê valor para conservar sempre como critério preferencial o bem soberano de toda a família humana”, acrescentou o pontífice.