Periscope, a Geração Z e o símbolo de uma revolução
Periscope, a Geração Z e o símbolo de uma revolução
Há 15 anos, o mundo possuía 400 milhões de pessoas conectadas à internet, rede de computadores que inicialmente foi projetada para unificar dados corporativos e não passava de uma ferramenta na tela preta e verde de computadores gigantes. Hoje, a União Internacional das Telecomunicações (UTI), órgão filiado à ONU, estima que somos 3,2 bilhões de internautas em todo planeta com vidas registradas e compartilhadas nas mídias sociais, enquanto telefones celulares e tablets já se tornaram extensões de nossos dedos.
De lá pra cá, muito se falou de como os meios tradicionais de comunicação (leia-se rádio, TV, revistas e jornais impressos) se adaptariam ao surgimento deste filho pródigo: a famosa “segunda tela”. À primeira vista, o medo e o receio se abateram nos profissionais dessas áreas, que temiam a extinção de tudo aquilo que conheciam através de uma nova revolução tecnológica, que supostamente baniria os conceitos acadêmicos e, junto a isso, os impérios construídos em cima deles.
Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. Nessa uma década e meia, o YouTube não extinguiu a televisão, o Twitter não acabou com jornais, nem Facebook e Instagram com revistas. Entretanto, como anteviu Darwin, todos se adaptaram às circunstâncias. Jornalistas se viram obrigados a tornarem-se mais sucintos e passaram a escrever também em 140 caracteres, dando a cara à tapa aos julgamentos de seus seguidores. Artistas e personalidades da TV e do cinema fazem de seus perfis verdadeiras revistas eletrônicas; genuínas e gratuitas, enquanto Caras, Quem, Contigo! e outras do ramo continuam lucrando nas bancas.
Enquanto gerações já nascem sem saber o que é internet discada, os desenvolvedores de apps não estão satisfeitos. Numa rápida passada entre um feed de notícias e outro, me deparei com um novo nome desse leque: o Periscope. O aplicativo, verdadeiro simulacro da TV aberta, se baseia em uma ideia bastante simples: existe jeito melhor de conhecer coisas novas do que pelos olhos de outra pessoa? Pois é. A nova rede social é um grande espaço em que os usuários, em vez de fotos, textos ou vídeos gravados, compartilham links ao vivo de qualquer lugar do mundo.
Criado por uma empresa rapidamente comprada pelo Twitter, a ferramenta funciona como uma mistura dos formatos de Snapchat, YouTube e do próprio Twitter. O dito streaming ao vivo já era muito popular no microblog, principalmente pela utilização de celebridades que respondiam, ao vivo e em cores, perguntas e comentários dos fãs.
A ideia é, sem dúvida, um clímax deste sentimento coletivo da necessidade de mostrar o que vivemos, o que vemos, pensamos e descobrimos. Mais do que isso, é novamente a internet vindo de encontro com o que concebemos como a comunicação diária. Ao mesmo tempo, levanta a questão do quanto estamos dispostos a abdicar de nossas privacidades.
Será mesmo que tudo está se distanciando do estúdio, do texto pronto e das grandes estruturas? Em apenas quatro meses de lançado, os mais de 10 milhões de usuários do Periscope parecem dizer que sim.
Serviço
O que: Periscope
Quanto: gratuito
Compatível com: IOS 7.1 ou anterior. Andoid 4.4 (KitKat) ou superior
Disponível também em português na App Store e Google Store