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Morre aos 86 anos, ex-chefe de polícia da ditadura Pinochet

Morre aos 86 anos, ex-chefe de polícia da ditadura Pinochet

Por Da Redação

Manuel Contreras Sepúlveda, considerado o pior criminoso da história do Chile, morreu sem cumprir os mais de 500 anos de prisão a que estava condenado em dezenas de julgamentos por violações de direitos humanos, mas com seu grau de general e sem ter se arrependido de seus crimes.


Contreras, que morreu aos 86 anos, foi o homem mais temido do Chile nos primeiros anos da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), como chefe da Direção de Inteligência Nacional (Dina).


Esse organismo, que Contreras começou a organizar antes do golpe militar com o qual Pinochet derrubou Salvador Allende, é o responsável, segundo dados oficiais, pela maioria dos 1.192 detidos desaparecidos no Chile nesse período e de mais de 1.500 execuções por causas políticas.


Contreras jamais reconheceu nada e quando as evidências apontavam sua responsabilidade, culpava outras pessoas, até mesmo o próprio Pinochet, a quem em seus últimos anos acusou de ter se enriquecido com o narcotráfico.


Também acusou Pinochet de ser o verdadeiro chefe da Dina, alegando que ele só cumpria suas ordens.


Contreras também atribuiu crimes da Dina à CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos), entre eles alguns emblemáticos, como o homicídio do ex-chanceler Orlando Letelier, cometido em Washington em 1976, e o do general Carlos Prats, antecessor de Pinochet no comando do exército, morto em 1974 em Buenos Aires.


Contreras foi sentenciado no Chile a sete anos de prisão pelo crime de Letelier e a dupla prisão perpétua pelo homicídio de Prats, que morreu junto a sua esposa, Sofía Cuthbert.


Segundo Contreras, o autor material de ambos assassinatos, o americano Michael Townley, era na realidade um agente da CIA.


Graduado na Escola das Américas, na qual o exército americano treinava oficiais latino-americanos em técnicas anti-subversivas, Manuel Contreras foi um especialista em disfarçar ou ocultar seus crimes.


Em 1975 projetou a Operação Colombo para encobrir o desaparecimento de 119 presos políticos, os quais, com a ajuda das polícias secretas de Brasil e Argentina, fez figurar como membros do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), mortos em expurgos internos desse grupo.


A Operação Colombo foi um prefácio da Operação Condor, uma coordenação entre as ditaduras militares do Cone Sul para eliminar opositores, que Contreras criou também em 1975.


Dito plano foi proposto por Contreras a seus pares de Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai após visitar o quartel-general da CIA nos Estados Unidos, segundo consta em documentos desclassificados da agência.


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