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Argentinos saem às ruas de Buenos Aires para protestar contra o feminicídio

Argentinos saem às ruas de Buenos Aires para protestar contra o feminicídio

Por Da Redação

Milhares de argentinos saíram as ruas em todo o país, nessa quarta-feira (3), para protestar contra o femicídio. Na Argentina, uma mulher morre a cada trinta horas vítima de um ato de violência praticado por um homem. Um dos casos mais recentes é a morte da adolescente Chiara Paez, de 14 anos, assassinada pelo namorado de 16 anos, de quem estava grávida. A polícia encontrou o corpo enterrado no quintal da casa da família do rapaz. O crime chocou um grupo de jornalistas, que decidiu convocar uma manifestação pelas redes sociais.


?Em 2009, o Congresso aprovou uma lei contra a violência, que deveria proteger a mulher. Mas, até agora, não foi implementada, por falta de regulamentação e orçamento?, disse em entrevista à Agência Brasil a ativista Vilma Ripoll. ?Na prática, uma mulher espancada, que cria coragem de deixar o marido, não tem para onde ir.?


Segundo Vilma, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que é preciso haver um abrigo para cada dez mil habitantes, um espaço onde a mulher vítima de violência possa se esconder com os filhos e obter ajuda legal e psicológica para enfrentar a situação. ?Mas, na cidade de Buenos Aires, onde vivem 3 milhões de pessoas, só existe um. Na província de Buenos Aires, com uma população

de 16 milhões, só existem três refúgios”, informou.


Karina Abregu é uma das vítimas da violência e conta que sobreviveu graças à ajuda de uma organização não governamental (ONG), que juntou doações em dinheiro e paga a advogada dela. Karina foi queimada com álcool pelo marido. Ela teve 55% do corpo queimados. ?Passei seis meses em terapia intensiva e fui despedida do trabalho?, disse. ?Tive que me mudar para a casa da minha irmã porque meu ex-marido continuava passando na porta de casa, me seguindo. Ele só ficou na cadeia 33 dias. Depois foi solto para esperar o julgamento em liberdade.?


A ativista Manuela Castaneda diz que a principal reinvindicação das mulheres é fazer cumprir a lei, fornecendo os meios necessários para que as vítimas possam realmente se sentir protegidas. ?Esse não é um problema privado, que acontece dentro da casa das pessoas. E um problema político, porque o Estado não dá as devidas garantias ? apesar de termos uma mulher na Presidência e uma bancada feminina representando 40% da Câmara dos Deputados. E temos juízes e funcionários públicos que ignoram as denúncias das mulheres ou soltam seus agressores.?


O Congresso argentino está discutindo um projeto de lei que crime cantadas consideradas mais agressivas, o chamado ?assédio verbal?. A prática poderá ser punida com multas de até R$ 240. Uma legislação parecida já existe na Bélgica e no Peru. Na Argentina, a discussão ganhou força a partir de uma denúncia gravada pela jovem Aixa Rizzo, de 20 anos, e postada no Youtube.


No vídeo, gravado pelo celular, Aixa conta que, dia após dia, ouvia grosserias de trabalhadores de um canteiro de obra perto da sua casa. Ela tentou denunciar o assédio verbal à policia ? sem resultado. Mas, nas redes sociais, o caso ganhou repercussão, provocando um debate nacional.


?O feminicídio é o final mais trágico de uma história que pode começar muito antes, com uma cantada agressiva?, disse a ativista Carina Monja. ?Tudo faz parte de um mesmo quadro de violência contra a mulher. Além do assédio verbal, as mulheres são vítimas da violência dos meios de comunicação, onde muitas vezes aparecem seminuas, tocadas por homens, como se fossem objetos?, criticou.


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