Denúncias contra o ex-secretário Almiro Sena têm repercussão nacional
Denúncias contra o ex-secretário Almiro Sena têm repercussão nacional
As denúncias de abuso sexual contra o ex-secretário da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da Bahia, Almiro Sena, ganhou notoriedade nacional, após matéria veiculada neste domingo (17), pelo programa Fantástico da Rede Globo de Televisão. Novas revelações foram feitas pelas mulheres que acusam o promotor do Ministério Público Estadual (MPE).
Todas as denunciantes são ex-funcionárias do acusado que exerceu o cargo de secretário entre janeiro de 2011 e junho de 2014. Uma das mulheres falou para a reportagem que era chamada periodicamente à sala do chefe, que mantinha, sempre, nestas oportunidades, a porta trancada.
Outra funcionária disse que Almiro Sena pedia os relatórios e não lia, além de aumentar o volume da televisão quando estavam sozinhos na sala. Uma das entrevistadas disse que o ex-secretário, em uma ocasião, falou que ?sexo é sexo, amor é amor?, acrescentando que ele amava a mulher dele, mas sexo era uma coisa normal.
Entre os relatos, houve uma acusação ainda mais grave dando conta de que Sena teria obrigado a funcionária a realizar alguns atos sexuais. ?Ele me chamou no gabinete dele, me apertou no corpo dele e aí continuou essa prática de me abraçar, de querer me beijar à força. Botar o órgão genital para fora da calça e se masturbar. Eu falava que eu não queria, que eu era casada?, disse a funcionária.
O caso foi registrado no MPE, que recebeu denúncias de sete mulheres e, de forma geral, todas eram ameaçadas de perderem os seus empregos se não consentissem com os assésuios sofridos. De acordo com a advogada das mulheres, Maria Cristina Carneiro Lima, algumas vítimas preferiram não entrar no caso, devido ao constrangimento, por serem casadas.
Almiro Sena é acusado de estupro e assédio sexual. Ele não conversou com a reportagem, mas seu advogado, Gamil Foppel, falou que o seu cliente não praticou nenhum ato ilícito. ?Me causa estranheza que as pessoas se digam vítimas de fatos que teriam sido praticados reiteradamente e que não haja uma única gravação, não haja uma filmagem?, disse.
O acusado exerceu o cargo de promotor público até dezembro do ano passado, quando foi afastado de suas atividades, mas continua recebendo salário. No MPE, ele responde a um processo administrativo na Corregedoria e um criminal que deve ser julgado pelo Tribunal de Justiça da Bahia. Se condenado no primeiro, ele pode ser exonerado, e caso seja considerado culpado, criminalmente, poderá ser preso por um período de 6 a 10 anos, em regime fechado.
?Ele praticou fatos incompatíveis com o exercício da função?, disse o promotor-corregedor de Justiça Luciano Assis, que falou, também, que a corregedoria concluiu ter havido assédio sexual e prática de estupro.