Acusada de maus tratos contra idosos age há 17 anos sem punição do poder público, diz delegado
Acusada de maus tratos contra idosos age há 17 anos sem punição do poder público, diz delegado
A proprietária do Grupo Assistencial Vida Saúde (GAVS), acusada de praticar maus tratos contra os idosos abrigados em seu estabelecimento, comete esse tipo de crime há 17 anos. Ela está sendo investigada, desde 2003, e até hoje não foi punida pelo poder público. A afirmação foi dada ao Aratu Online pelo titular da Delegacia do Idoso (Deati), Nilton Costa.
Segundo ele, Neuza Rodrigues Torres, de 53 anos, que foi candidata a deputada estadual pelo DEM-BA nas últimas eleições, responde a processos similares no Ministério Público da Bahia (MP), mas nunca deixou de praticar o crime.
?Ela vive disso, abriga idosos abandonados por algumas famílias e recolhem outros que vivem nas ruas?, relatou Costa, acrescentando, que, em seguida, Neuza providencia o cadastro dos idosos que ainda não possuem registros no INSS e se apodera do cartão do benefício, para utilizar o dinheiro em seu favor.
Ainda de acordo com o delegado, ao longo desses anos, ela montou algumas dessas casas de acolhimento, que abrigaram, em condições totalmente inadequadas, algumas pessoas. Ela utilizava a mesma prática e sempre que se sentia ameaçada ou era denunciada, a mulher transferia os idosos para outro local e, posteriormente, voltava a cometer o mesmo delito.
Na manhã da última terça-feira (20), após denúncias do MP, agentes da Deati realizaram uma operação e flagraram a situação no GAVS. A polícia obteve a informação de que na noite anterior, ela havia providenciado a transferência de 20 dos 37 idosos que estavam lá para um abrigo em Piatã. Neuza foi conduzida para a delegacia, onde negou as acusações feitas contra ela, apesar de os policiais terem encontrado e apreendido no local, alguns cartões do INSS.
Entre as denúncias recentes, consta que dois moradores deste abrigo, morreram, devido aos maus tratos sofridos, em setembro de 2014. ?Testemunhas disseram que um deles, no dia do óbito, havia pedido comida várias vezes sem ser atendido”, revelou o delegado.
A acusada, após ser ouvida, foi liberada, mas as investigações continuam em curso. ?Pelas denúncias de maus tratos ela pode ser indiciada criminalmente e ser presa por um período de até cinco anos. Caso seja confirmado que ela teve relação com as duas mortes ocorridas, sua pena pode chegar a 30 anos de prisão?, informou Costa.
Os 17 idosos que ainda estavam no GAVS foram levados por Neuza, sem as devidas identificações, para a Casa de Repouso Bom Jesus, que fica em Tubarão no bairro de Paripe, também no Subúrbio de Salvador.
A reportagem da TV Aratu esteve ontem (21) no GAVS e constatou a situação precária das instalações e higiene do local. No armário da cozinha havia muita poeira. As pias estavam sem torneiras, o bebedouro sujo, as paredes mofadas, além de muitos pratos sem lavar.
O Aratu Online entrou em contato com o MP mas não conseguiu falar com o promotor Ulisses Araújo, que está acompanhando o caso.