Justiça avança com extradições de ex-dirigentes latino-americanos em caso Fifa
Justiça avança com extradições de ex-dirigentes latino-americanos em caso Fifa
Um novo capítulo do escândalo de corrupção da Fifa foi aberto nesta sexta-feira com a extradição do ex-presidente norte-americano da Federação Costarriquenha de Futebol, Eduardo Li, e a confirmação do envio ao Uruguai do ex-presidente da Conmebol Eugenio Figueredo.
Li se declarou inocente diante de um juiz federal de Nova York, e permanecerá detido, após abrir mão de um pedido de fiança.
Li, detido em Zurique no dia 27 de maio passado, quando explodiu o escândalo “Fifagate”, compareceu ao tribunal federal do Brooklyn para responder às 19 acusações que enfrenta, incluindo associação criminosa, fraude e lavagem de dinheiro.
O ex-titular do futebol da Costa Rica se apresentou ao juiz Robert Levy acompanhado do advogado Sam Rosenthal, que declarou seu cliente “inocente” das acusações.
O juiz estabeleceu a próxima audiência para 16 de março.
No caso de Figueiredo, a justiça suíça deu prioridade ao Uruguai sobre os Estados Unidos e autorizou a extradição ex-presidente da Conmebol e ex-vice-presidente da Fifa, Eugenio Figueredo, ao país sul-americano, informou à AFP o promotor do caso, Juan Gómez.
“É oficial, a justiça suíça habilitou a extradição ao Uruguai de Eugenio Figueredo”, afirmou Gómez.
“A justiça suíça terá até 30 de dezembro para que a extradição seja completada”, agregou Gómez.
A justiça norte-americana, que também pedia a extradição de Figueiredo, havia pedido prioridade sobre o Uruguai para que o ex-diretor da FIFA respondesse diante de seus tribunais.
Figueredo está detido na Suíça em consequência do escândalo de corrupção que abala a Fifa.
O dirigente foi vice-presidente da Confederação Sulamericana de Futebol (Conmebol) entre 1993 e 2013, ano em que assumiu como presidente, e encabeçou a Associação Uruguaia de Futebol (AUF) entre 1997 e 2006.
Destino dos dirigentes
A advogada defensora de Figueiredo, Karen Pintos, disse à AFP que o estado de saúde do dirigente de 83 anos é “delicado”.
“Ele já tinha uma condição complicada antes de ser preso, e o quadro se agravou agora”, contou.
Devido a seu estado de saúde e idade avançada, Figueredo poderia ter a possibilidade de cumprir a pena em regime de prisão domiciliar. “É um benefício previsto pela justiça uruguaia e eu, como defesa, vou solicitá-la”, disse Pintos.
A advogada também confirmou a informação de que o promotor Gómez forneceu à imprensa local em novembro, segundo a qual Figueiredo estaria disposto a chegar a um acordo com a justiça uruguaia em troca de cooperar com as investigações. “Ele está disposto a colaborar”, disse.
No entanto, o acordo vai depender do teor das informações que Figueredo fornecer. “As condições para que se dê esse acordo é que a pessoa revele a identidade dos autores, co-autores, cúmplices ou acobertadores” na investigação ilegal, apontou Gómez.
A advogada de defesa se disse satisfeita com a decisão do tribunal na Suíça para extraditá-lo para o Uruguai. “Estamos confiantes de que agora vamos ter um julgamento justo”, disse.
Ela também informou que a família do dirigente está no Uruguai.
Figueredo é um dos 16 novos processados em dezembro na Suíça no escândalo de corrupção na Fifa, que veio à tona em maio. Foi detido em 27 de maio em Zurique junto a outros cinco dirigentes da entidade.
Esta semana foi extraditado para os Estados Unidos o paraguaio Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol e vice-presidente da Fifa, que ficou em liberdade condicional, após ter sido detido em 3 de dezembro em Zurique com o presidente da Concacaf, o hondurenho Alfredo Hawit.
Dos dirigentes que apareciam como presidentes das 10 associações sulamericanas em 2013, ano em que a Conmebol assinou os direitos de teledifusão suspeitos, nenhum se encontra hoje à frente de suas entidades.
A lista é longa: Julio Grondona (Argentina, já falecido), José María Marín (Brasil), Rafael Esquivel (Venezuela, preso), Carlos Chávez (Bolivia, preso), Juan Angel Napout (Paraguai), Luis Chiriboga (Equador, preso), Manuel Burga (Peru, preso), Luis Bedoya (Colômbia), Sergio Jadue (Chile) e Sebastián Bauzá (Uruguai). Bauzá é o único que não foi identificado pelo FBI.
Também na Suíça, o advogado de outro dos envolvidos no escândalo, do presidente da Uefa Michel Platini, garantiu que seu cliente é inocente, três días antes da justiça interna da Fifa emita sua decisão pela investigação de um pagamento de 1,8 milhões de euros que recebeu de Joseph Blatter.