Copa 2023: Jamaica retorna ao Mundial como força continental e espera surpreender adversárias
Em um país que o futebol feminino é quase centenário, as Reggae Girlz enfrentaram abandono da federação local e chegam a sua segunda Copa do Mundo consecutiva
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Primeira nação caribenha a conseguir uma vaga na Copa do Mundo de Futebol Feminino, a Jamaica é hoje a terceira força da modalidade entre as nações da América do Norte e Central. Com boas campanhas continentais nos últimos anos, o país deixa de lado uma história de abandono e falta de apoio para se tornar uma referência regional, com suas atletas figurando no futebol norte-americano e europeu.
Origem e ciclos interrompidos
O futebol feminino jamaicano tem um histórico próprio e que remonta a 1935, com jogos beneficentes e um caloroso debate na mídia local sobre a prática de esportes entre as mulheres. Entretanto, esta mesma mídia relata que o esporte foi praticado com grande apoio popular nos estádios e clubes sendo criados nas principais cidades da ilha.
Infezlimente, temos aí o primeiro ciclo interrompido de uma série de tantos outros na história do futebol feminino jamaicano. A prática passa de um hiato dos anos 40 aos 60 e uma liga é criada novamente em 1975. Em 1987 temos a criação da Associação Jamaicana de Futebol Feminino e existem relatos de ligas regionais sendo disputadas nas cidades locais.
Integradas a federação oficial no início dos anos 90, não demorou muito para que as Reggae Girlz estreassem oficialmente em uma partida de seleções, perdendo para o Haiti por 1 a 0 no Campeonato Feminino da Concacaf de 1991. No mesmo torneio, uma goleada de 9 a 0 para o Canadá e novo tropeço sobre a Costa Rica mostraram que o futebol local precisaria de muita preparação para se equiparar aos adversários.
De fora do Campeonato de 1993, retornaram em 1994 com uma nova goleada retumbante de 10 a 0, desta vez pros Estados Unidos, e figuraram mais uma vez na lanterna da competição. Essa coleção de fracassos levou ao primeiro desfinanciamento da seleção nacional, criando um hiato que perdurou até o ano 2000.
No entanto, o futebol feminino cresceu em popularidade dentro do país e uma liga nacional acabou criada em 1999. Com isso, a Jamaica retornou aos gramados no anos 2000 em uma insólita Copa do Caribe, na qual goleou Bermudas por 4 a 1 e foi novamente derrotada pelo Haiti. Em 2002, retornou ao Campeonato da Concacaf depois de uma curta e exitosa qualificatória para novamente ser lanterna de sua chave, sofrendo outra derrota por 9 a 0 das canadenses.
Apesar do resultado na edição de 2002, o futebol local já demonstrava reação e uma evolução era aparente dentro do cenário caribenho. Em 2006, o reflexo de um futebol mais organizado e uma liga nacional começaram a dar frutos. Em um novo Campeonato da Concacaf, a Jamaica superou a fase caribenha com méritos e chegou a fase final vencendo o Panamá por 2 a 0 e perdendo para as canadenses nas semifinais por "apenas" 4 a 0. Na decisão de terceiro lugar, nova derrota de 3 a 0, agora para o México.
Apesar dos últimos resultados, chegar entre as quatro primeiras da América do Norte e Central seria a prova de que o cenário continental estaria prester a mudar. Entretanto, o fracasso da qualificatória olímpica de 2008, no qual as jamaicanas perderam na fase de grupos para Estados Unidos e México, fez com que a Federalção de Futebol Jamaicana dissolvesse a equipe nacional.
Ressurreição e primeira Copa do Mundo
Entre 2008 e 2014, o futebol jamaicano sequer participou de eventos regionais e continentais femininos, fazendo com que a seleção local sequer aparecesse no ranking mundial da FIFA. Com o apoio de Cedella Marley, filha de Bob Marley e embaixadora das Reggae Girlz para arrecadação de fundos, as jamaicanas voltaram ao gramado para a disputa da Copa Caribenha, ficando com o vice-campeonato atrás de Trinidad e Tobago.
No mesmo ano, disputaram novamente o Campeonato da Concacaf, mas caíram na primeira fase em uma chave com Costa Rica e México (classificadas) além da Martinica. O resultado fez novamente o selecionado sofrer uma dissolução da Federação. Em 2016, com apoio mais forte de Cedella Marley, o time seguiu a sua luta por fundos próprios e chegou a utilizar uniformes emprestados e ter um treinador voluntário como um técnico.
Depois de um novo hiato que durou dois anos, a Jamaica retornou aos gramados em preparação a Copa do Mundo 2019. Venceram a eliminatória caribenha sem dificuldades e foram a disputa do continental. Na ocasião, iniciaram perdendo para o Canadá por 2 a 0, mas venceram Costa Rica e Cuba para garantir uma vaga nas semifinais depois de mais de 10 anos.
No mata-mata, foram goleadas pelos Estados Unidos por 6 a 0, mas tinham uma meta para ser alcançada. Em caso de vencerem o Panamá na decisão de terceiro lugar, estariam no Mundial. E depois de uma emocionante disputa de penaltis, finalmente fizeram do sonho uma realidade.
Experiência da Copa leva a segundo Mundial
A jovem equipe caribenha chegou a Copa do Mundo de 2019, na França, com um grupo difícil para superar. Acabaram perdendo para Austrália, Itália e Brasil, três equipes com maior tradição e poder econômico no cenário futebolístico. Entretanto, a garra mostrada pelas atletas abriu os olhos de equipes estrangeiras, que foram atrás e mudaram o cenário local.
Ainda com apoio de Cedella Marley, a Jamaica não esmureceu e passou a confirmar seu novo status no cenário continental. Em 2020 caíram na primeira fase da seletiva olímpica frente a Canadá e México.
Entretanto, em 2022, no Campeonato da Concacaf, superaram as mexicanas e as haitianas e tiveram a sua segunda classificação consecutiva para a Copa do Mundo. Perderam para os Estados Unidos - ainda na fase de grupos - e para o Canadá nas semifinais, mas derrotaram a Costa Rica na decisão de terceiro lugar e se orgulham de confirmar a posição de terceira força local.
Jamaica na Copa do Mundo 2023
Voltando ao torneio, a Jamaica vai novamente ter dois adversários de peso na primeira fase. Atuando no Grupo F, em solo australiano, as Reggae Girlz estreiam no dia 23/7 contra a França no Sydney Football Stadium. Já no dia 29 do mesmo mês, fazem um duelo regional contra o Panamá no Perth Rectangular Stadium e encerram sua jornada na fase de grupos no dia 2/8 contra o Brasil no Melbourne Rectangular.
Para o torneio, a equipe terá muitas atletas que atuaram na edição passada. Dentre elas, a estrela principal é Khadija "Bunny" Shaw, que hoje atua no Manchester City. A atacante tem 56 gols, sendo a maior artilheira da história do selecionado e com uma carreita exitosa nos Estados Unidos, França e Inglaterra.
Com 26 anos, Shaw reflete a média de idade jovem de uma equipe com tremendo potencial e que atua em clubes europeus e norte-americanos. Além dela, merecem destaque as irmãs zagueiras Allyson e Chantelle Swaby, a atacante Jody Brow e a goleira Sydney Schneider.
Acompanhe nossas transmissões ao vivo no www.aratuon.com.br/aovivo. Siga a gente no Insta, Facebook e Twitter. Quer mandar uma denúncia ou sugestão de pauta, mande WhatsApp para (71) 99940 – 7440. Nos insira nos seus grupos!
Primeira nação caribenha a conseguir uma vaga na Copa do Mundo de Futebol Feminino, a Jamaica é hoje a terceira força da modalidade entre as nações da América do Norte e Central. Com boas campanhas continentais nos últimos anos, o país deixa de lado uma história de abandono e falta de apoio para se tornar uma referência regional, com suas atletas figurando no futebol norte-americano e europeu.
Origem e ciclos interrompidos
O futebol feminino jamaicano tem um histórico próprio e que remonta a 1935, com jogos beneficentes e um caloroso debate na mídia local sobre a prática de esportes entre as mulheres. Entretanto, esta mesma mídia relata que o esporte foi praticado com grande apoio popular nos estádios e clubes sendo criados nas principais cidades da ilha.
Infezlimente, temos aí o primeiro ciclo interrompido de uma série de tantos outros na história do futebol feminino jamaicano. A prática passa de um hiato dos anos 40 aos 60 e uma liga é criada novamente em 1975. Em 1987 temos a criação da Associação Jamaicana de Futebol Feminino e existem relatos de ligas regionais sendo disputadas nas cidades locais.
Integradas a federação oficial no início dos anos 90, não demorou muito para que as Reggae Girlz estreassem oficialmente em uma partida de seleções, perdendo para o Haiti por 1 a 0 no Campeonato Feminino da Concacaf de 1991. No mesmo torneio, uma goleada de 9 a 0 para o Canadá e novo tropeço sobre a Costa Rica mostraram que o futebol local precisaria de muita preparação para se equiparar aos adversários.
De fora do Campeonato de 1993, retornaram em 1994 com uma nova goleada retumbante de 10 a 0, desta vez pros Estados Unidos, e figuraram mais uma vez na lanterna da competição. Essa coleção de fracassos levou ao primeiro desfinanciamento da seleção nacional, criando um hiato que perdurou até o ano 2000.
No entanto, o futebol feminino cresceu em popularidade dentro do país e uma liga nacional acabou criada em 1999. Com isso, a Jamaica retornou aos gramados no anos 2000 em uma insólita Copa do Caribe, na qual goleou Bermudas por 4 a 1 e foi novamente derrotada pelo Haiti. Em 2002, retornou ao Campeonato da Concacaf depois de uma curta e exitosa qualificatória para novamente ser lanterna de sua chave, sofrendo outra derrota por 9 a 0 das canadenses.
Apesar do resultado na edição de 2002, o futebol local já demonstrava reação e uma evolução era aparente dentro do cenário caribenho. Em 2006, o reflexo de um futebol mais organizado e uma liga nacional começaram a dar frutos. Em um novo Campeonato da Concacaf, a Jamaica superou a fase caribenha com méritos e chegou a fase final vencendo o Panamá por 2 a 0 e perdendo para as canadenses nas semifinais por "apenas" 4 a 0. Na decisão de terceiro lugar, nova derrota de 3 a 0, agora para o México.
Apesar dos últimos resultados, chegar entre as quatro primeiras da América do Norte e Central seria a prova de que o cenário continental estaria prester a mudar. Entretanto, o fracasso da qualificatória olímpica de 2008, no qual as jamaicanas perderam na fase de grupos para Estados Unidos e México, fez com que a Federalção de Futebol Jamaicana dissolvesse a equipe nacional.
Ressurreição e primeira Copa do Mundo
Entre 2008 e 2014, o futebol jamaicano sequer participou de eventos regionais e continentais femininos, fazendo com que a seleção local sequer aparecesse no ranking mundial da FIFA. Com o apoio de Cedella Marley, filha de Bob Marley e embaixadora das Reggae Girlz para arrecadação de fundos, as jamaicanas voltaram ao gramado para a disputa da Copa Caribenha, ficando com o vice-campeonato atrás de Trinidad e Tobago.
No mesmo ano, disputaram novamente o Campeonato da Concacaf, mas caíram na primeira fase em uma chave com Costa Rica e México (classificadas) além da Martinica. O resultado fez novamente o selecionado sofrer uma dissolução da Federação. Em 2016, com apoio mais forte de Cedella Marley, o time seguiu a sua luta por fundos próprios e chegou a utilizar uniformes emprestados e ter um treinador voluntário como um técnico.
Depois de um novo hiato que durou dois anos, a Jamaica retornou aos gramados em preparação a Copa do Mundo 2019. Venceram a eliminatória caribenha sem dificuldades e foram a disputa do continental. Na ocasião, iniciaram perdendo para o Canadá por 2 a 0, mas venceram Costa Rica e Cuba para garantir uma vaga nas semifinais depois de mais de 10 anos.
No mata-mata, foram goleadas pelos Estados Unidos por 6 a 0, mas tinham uma meta para ser alcançada. Em caso de vencerem o Panamá na decisão de terceiro lugar, estariam no Mundial. E depois de uma emocionante disputa de penaltis, finalmente fizeram do sonho uma realidade.
Experiência da Copa leva a segundo Mundial
A jovem equipe caribenha chegou a Copa do Mundo de 2019, na França, com um grupo difícil para superar. Acabaram perdendo para Austrália, Itália e Brasil, três equipes com maior tradição e poder econômico no cenário futebolístico. Entretanto, a garra mostrada pelas atletas abriu os olhos de equipes estrangeiras, que foram atrás e mudaram o cenário local.
Ainda com apoio de Cedella Marley, a Jamaica não esmureceu e passou a confirmar seu novo status no cenário continental. Em 2020 caíram na primeira fase da seletiva olímpica frente a Canadá e México.
Entretanto, em 2022, no Campeonato da Concacaf, superaram as mexicanas e as haitianas e tiveram a sua segunda classificação consecutiva para a Copa do Mundo. Perderam para os Estados Unidos - ainda na fase de grupos - e para o Canadá nas semifinais, mas derrotaram a Costa Rica na decisão de terceiro lugar e se orgulham de confirmar a posição de terceira força local.
Jamaica na Copa do Mundo 2023
Voltando ao torneio, a Jamaica vai novamente ter dois adversários de peso na primeira fase. Atuando no Grupo F, em solo australiano, as Reggae Girlz estreiam no dia 23/7 contra a França no Sydney Football Stadium. Já no dia 29 do mesmo mês, fazem um duelo regional contra o Panamá no Perth Rectangular Stadium e encerram sua jornada na fase de grupos no dia 2/8 contra o Brasil no Melbourne Rectangular.
Para o torneio, a equipe terá muitas atletas que atuaram na edição passada. Dentre elas, a estrela principal é Khadija "Bunny" Shaw, que hoje atua no Manchester City. A atacante tem 56 gols, sendo a maior artilheira da história do selecionado e com uma carreita exitosa nos Estados Unidos, França e Inglaterra.
Com 26 anos, Shaw reflete a média de idade jovem de uma equipe com tremendo potencial e que atua em clubes europeus e norte-americanos. Além dela, merecem destaque as irmãs zagueiras Allyson e Chantelle Swaby, a atacante Jody Brow e a goleira Sydney Schneider.
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