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Copa 2023: Co-anfitriã do Mundial, Nova Zelândia busca primeiro triunfo no torneio e sonha com classificação

Potência em seu continente, Ferns sediam torneio e tentam eliminar tabu indigesto na competição

Por Da Redação

Copa 2023: Co-anfitriã do Mundial, Nova Zelândia busca primeiro triunfo no torneio e sonha com classificação
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Potência continental e participante de cinco Copas do Mundo, a Nova Zelândia vive um momento especial na atual temporada. Sede do Mundial deste ano, ao lado da Austrália, a nação da Oceania tem uma grande oportunidade para eliminar um tabu perverso com sua equipe nacional: vencer um jogo de Copa e conseguir a classificação para uma tão sonhada Oitavas de Final.
História antiga e glórias pré-FIFA
Dentro da prática do futebol feminino na Nova Zelândia, os primeiros registros vem de 1920 com a existência de clubes, associações e jogos entre mulheres nas ilhas. Entretanto, o país ainda era um domínio dentro do Império Britânico e por conta disso acabou afetado pela decisão dos ingleses de proibir a prática para as mulheres, imposta em 1921.

Com poucos relatos dos anos 30 até os anos 50, fica difícil estabelecer o que aconteceu com o futebol feminino local neste período. Porém, a criação de ligas e competições no final dos anos 60 a início dos 70 em cidades como Wellington e Auckland, mostra que a atividade não deixou de ser praticada e muito menos estimulada no país.
Em 1975, o convite da Confederação Asiática de Futebol Feminino (ALFC) para a participação na estreante Copa da Ásia fez com que as federações locais se unissem e formassem a Associação de Futebol Feminino da Nova Zelândia (NZWFA).

Viajando para Hong Kong, sede da competição, uma nova e inexperiente seleçao nacional foi a surpresa do torneio. Na primeira fase, derrotaram as donas da casa por 2 a 0 na estreia e depois venceram a Malásia por 3 a 0. Classificadas para as semifinais, superaram a Austrália por 3 a 2, indo a final contra a Tailândia e conquistando o título com um triunfo de 3 a 1.
Com a NZWFA foi incorporada a Associação de Futebol da Nova Zelândia (NZFA) em 1979. No mesmo ano, a equipe nacional iniciou uma série de disputas amistosas com a Austrália na Trans-Tasman Cup, o que durou até 1981. Neste ano, a equipe também foi convidada para participar de outro torneio internacional, a Chunghua Cup em Taiwan. A competição, que contava com clubes e equipes nacionais femininas, já estava em sua segunda edição e a Nova Zelândia conquistou o vice-campeonato após perder para a equipe alemã Bergisch Gladbach.
Em 1982, a Nova Zelândia foi uma das nações fundadoras da Associação de Futebol Feminino da Oceania - ligada a Federação de Futebol da Oceania (OFC) - ao lado de Austrália, Fiji e Papua Nova Guiné. No primeiro torneio continental da entidade, em 1983, foram campeãs em cima das rivais autralianas por 3 a 2.

Em 1986, com equipes A e B na competição, as Kiwis (mesmo apelido dado a equipe masculina) viram Taiwan e Austrália decidirem o título continental, com as taiwanesas vencendo a competição. Em 1989 um novo bicampeonato de Taipei, dessa vez com a Nova Zelândia ficando na segunda posição.
Era FIFA e primeira Copa do Mundo
Com a chegada dos anos 90 e a adoção da FIFA ao futebol feminino, os torneios continentais passaram a ter um peso maior e se tornaram qualificatórias para a Copa do Mundo, que teria a sua primeira edição em 1991.
Sendo assim, o Campeonato Feminino da Oceania de 1991 se tornou uma disputa mais valorizada para as equipes participantes. Dentro de um cenário de pouco investimento, atletas que muitas vezes cobriam os gastos das viagens e um tempo reduzido de jogo, Nova Zelândia, Austrália (anfitriã) e Papua Nova Guiné disputaram uma série de seis jogos para decidir o vencedor. No saldo de gols, as Kiwis se sagraram campeãs e foram a disputa do seu primeiro Mundial.
 

Em sua primeira Copa, as neozelandesas foram a um grupo com potências no esporte. Na estreia, perderam para a Dinamarca (bicampeã mundial pré-FIFA) por 3 a 0, sendo goleadas pela Noruega (vice-campeã daquele ano) por 4 a 0 na segunda rodada e se despedindo do torneio com tropeço sobre as anfitriãs chinesas por 4 a 1.
A competição foi um teste de fogo para as neozelandesas, que dentro de seu isolamento dos grandes centros estava aquém do nível apresentado na América do Norte e Europa. Em 1993, a equipe foi convidada a participar do Campeonato da Concacaf e ficou no vice-campeonato, superando Trinidad e Tobago, empatando com o Canadá e perdendo para os Estados Unidos.
Nos anos restantes da década, uma sucessão de fracassos perante a Austrália nas copas continentais acabou por tirar a Nova Zelândia do mapa do futebol, isolando mais ainda o selecionado na virada do século.
Nova era, Copas e Tabu
Os resultados em partidas e torneios amistosos não pareciam refletir nas competições oficiais. Mesmo que a Nova Zelândia goleasse e não enfrentasse dificuldades em vencer rivais como Samoa, Fiji e Papua Nova Guiné, os confrontos contra a Austrália se demonstravam mais desiguais com a estagnação do futebol local em relação ao rival.

Com isso, a Federação Neozelandesa estabeleceu um Departamento de Desenvolvimento do Futebol Feminino, que passou a implementar mudanças na liga local e na preparação das atletas para os jogos internacionais.
O vice-campeonato do Campeonato da Oceania de 2003 frustrou os planos de evolução, mas deu esperanças pela forma como a equipe atuou frente uma seleção que se profissionalizava cada vez mais. Em 2006, com a transferência da Austrália para a Confederação Asiática de Futebol (AFC), o caminho da equipe foi facilitado para retornar aos torneios de primeiro escalão da FIFA.
Sem rivais do mesmo nível, a vitória continental em 2007 valeu vaga à Copa do Mundo do mesmo ano. No Mundial, também realizado na China, outra série de três derrotas, perdendo para Brasil (5 a 0), Dinamarca (2 a 0) e China (2 a 0). Um ano depois, as Ferns (novo apelido que faz alusão a samambaia, planta símbolo do país), vencem a qualificatória olímpica e vão aos Jogos de Pequim. Lá, conseguem um empate heróico com o Japão em 2 a 2 e sofrem tropeços contra Noruega (1 a 0) e EUA (4 a 0).

Mesmo com a soma de derrotas no profissional, o empate com o Japão e as exibições das seleções sub-17 e sub-20 nos Mundiais da categoria colocaram o país na mira dos grandes centros. Isso iniciou um tímido intercâmbio de atletas para Austrália, China e EUA.
Em 2011, uma equipe com mais da metade atuando fora do país foi a Copa do Mundo da Alemanha enfrentar Japão, Inglaterra e México. Nas duas primeiras partidas, derrotas por 2 a 1, mas o mérito de conseguir marcar gols nos dois confrontos não foi ignorado. No último jogo da fase, um empate heróico em 2 a 2, depois de estar perdendo por 2 a 0, foi comemorado como um título.  Nos Jogos de Londres, uma nova conquista: após perder para Grã-Bretanha e Brasil por apenas 1 a 0, as Ferns derrotaram Camarões por 3 a 1 e garantiram vaga às oitavas do torneio. No mata-mata, caíram perante os Estados Unidos por 2 a 0.

O ano de 2015 ficou marcado por uma exibição para não se esquecer. Mesmo ficando mais uma vez na lanterna da chave na Copa do Mundo do Canadá, as Ferns tem muitas histórias sobre este torneio. O primeiro confronto, contra a Holanda, terminou em 1 a 0 para as holandesas com duas polêmicas que mudariam o resultado da partida. Depois, empates contra as donas da casa em 0 a 0 - treinadas por John Herdman, histórico ex-comandante da equipe por quase 20 anos - e com a China por 2 a 2. No Jogos do Rio 2016, perdem para as norte-americanas na estreia por 2 a 0, vencem a Colômbia por 1 a 0 e acabam eliminadas ao perder para a França por 3 a 0 na Arena Fonte Nova, em Salvador.
Mesmo tímida, a evolução da equipe em jogos de torneios mundiais era aparente e rendia esperanças da quebra de um indigesto tabu: vencer seu primeiro jogo de Copa do Mundo. Em 2019, a chave com Holanda, Canadá e Camarões rendeu um entusiasmo não só para chegarem ao primeiro triunfo como uma provável classificaçao entre os terceiros melhores colocados no geral. As derrotas para Holanda (1 a 0) e Canadá (2 a 0) custaram caro, mas eram esperadas. No último confronto, a partida contra as africanas estava empatada em 1 a 1 até os acréscimos, quando as camaronesas fizeram o segundo gol e frustraram a Nova Zelândia.

Nova Zelândia na Copa do Mundo 2023
Sediar o torneio mais importante do futebol feminino já é um feito grandioso para uma nação em que o interesse pelo esporte cresce a cada ano. Entretanto, os recentes resultados nos Jogos Olímpicos de 2020 e nos amistosos preparatórios deste ano preocupam a torcida, criando uma dramaticidade que pode atrapalhar as atletas em sua estreia no Mundial 2023.
"Seja contra quem for, a Nova Zelândia vai ser uma seleção que joga para ganhar", afirma a treinadora Jitka Klimkova, que já comandou as equipes de base neozelandesa e norte-americana.
Cabeça-de-chave do Grupo A, as Ferns abrem a Copa do Mundo no dia 20/7 contra a Noruega em Auckland. Cinco dias depois, em Wellington, as adversárias são as Filipinas no Regional Stadium. Já a última rodada será no dia 30, em Dunedin, contra a Suíça.

Com mais de 100 jogos pela equipe nacional, um grupo de jogadoras neozelandesas lidera a seleção na luta pela sua primeira vitória em copas. Dentre elas, o destaque vai para a capitã Ali Riley, que aos 36 anos ainda atua em alto nível na defesa da Nova Zelândia com seus 149 jogos pela equipe. Atuando desde a Copa de 2007, a zagueira tem larga experiência em partidas internacionais, chegando a ser uma das nomeadas para a seleção final do Mundial de 2019.
Ao lado dela, o retorno da meia Ria Percival, recordista em participações pelas Ferns com 161 jogos, dá esperança ao país para o Mundial. Outros destaques não menos importantes são para a atacante Olivia Chance e a lendária Hannah Wilkinson, artilheira da seleção.
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