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Zanata, ídolo do Bahia, passa dificuldade financeira e pede ajuda; “deixo nas mãos de Deus”

Zanata, ídolo do Bahia, passa dificuldade financeira e pede ajuda; “deixo nas mãos de Deus”

Por Diego Adans

Zanata, ídolo do Bahia, passa dificuldade financeira e pede ajuda; “deixo nas mãos de Deus”Zanata, à direita - arquivo pessoal

Prestes a celebrar 60 anos no próximo dia 5 de julho, Roberto da Silva Pinheiro, o Zanata, “não tem muito o que comemorar”. Ex-lateral e ídolo do Bahia – onde foi tricampeão baiano de forma consecutiva nos anos 86, 87 e 88 -, o ex-jogador vive um drama. Com passagens pelo Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG, o ex-atleta – que chamava atenção pela eficiência e cobrança nos cruzamentos -, não soube gerir o dinheiro depois que pendurou as chuteiras.


Por telefone, Zanata conversou com a reportagem do Aratu Online e revelou ter “sofrido calotes de diversos clubes do qual foi treinador”. Hoje, ele pede ajuda a ex-companheiros para quitar dívidas – cerca de R$ 1.500.  “Meu último emprego foi no Icasa-CE, há três anos, e ninguém me pagou. O meu contrato era de boca, não tem como entrar na Justiça. Não tem nada assinado. Hoje eu teria para receber de uns dez clubes, de 80 a 100 mil reais, vamos pôr por aí…”, conta. Ele mora com a filha de 12 anos em um apartamento quarto e sala, no bairro de Irajá, na periferia do Rio de Janeiro.


“Minha sorte é que o apartamento foi herança de meu pai, não preciso pagar aluguel. Em compensação, luz e água estão atrasadas. Cheguei a fazer ‘bico’ como treinador de uma escolinha para crianças no Recreio [zona oeste do Rio de Janeiro], mas fecharam as atividades e me botaram para fora. Tem quinze dias que fiz um serviço de pintura numa casa, até hoje, não vi a cor do dinheiro”. Com a voz embargada, Zanata se apega à religião “para não desabar”.


“Deixo na mão de Deus. Eu tenho aqui a minha garotinha e preciso pedir socorro para os meus amigos. São nessas horas que você sabe quem são seus verdadeiros amigos. Não bebo, não fumo. Sou um cara esforçado, quero trabalhar. Não precisa ser no futebol, como treinador, qualquer atividade, faço. Isso não é vergonha. É necessidade”, ressalta Zanata, que durante o bate-papo faz questão de declarar sua paixão pelo Bahia e relembrar momentos marcantes no clube.


Zanata foi ídolo do tricolor baiano nos anos 80.


VIDA


“O Cláudio Adão vinha em situação difícil, mas chegou no Bahia e foi artilheiro. Vários jogadores fizeram muitos gols por mim. A bola não era alçada na área, era alçada na cabeça deles. Tinha uma jogada de lateral muito perigosa também”, relembra o ex-lateral direito, que viveu um dos momentos mais marcantes em 86, quando o Bahia venceu o Santos por 3 a 0 no Campeonato Brasileiro daquele ano: “O Gilberto Sorriso não deixava eu cruzar, mas fiz embaixada, meti por trás dele e o Sandro fez o gol”.


Veja o lance ( a partir dos 16 segundos) :



Durante um rápido flashback e um pouco mais feliz ao falar do passado, o ex-lateral relembrou sua passagem “gloriosa pelo Esquadrão” que o fez ser convocado pela Seleção. “Foram quatro anos no Bahia, eu fui o melhor lateral direito, cheguei à Seleção Brasileira. Fui um vencedor. Jogar na Seleção é o máximo para um atleta, e eu consegui na época que só tinha lateral bom. Tinha o Jorginho, do Flamengo, campeão da Copa de 94, tinha o Luis Carlos Winck, do Inter, além de vários outros”, frisou Zanata, que fez sete jogos pelo Brasil .


No bate-papo, Zanata, que pendurou a chuteira aos 33 anos, lamentou o fato de não ter ido ao Mundial de 1990, na Itália. ” Quando iam começar as Eliminatórias eu me machuquei, em Cochabamba, na Bolívia, e fui cortado. Rompi o ligamento do joelho. Seria eu o convocado, acabou indo o Jorginho. Foi uma decepção”, conta o ex-jogador, que lamentou também o fato de não ser sido campeão brasileiro pelo Bahia em 1988. “Fui para o Palmeiras e vi de longe, o Bahia ser campeão. Mas Deus sabe o que faz”.


APOIO


Questionado pela reportagem se o Bahia lhe presta algum tipo assistência, Zanata foi taxativo: ” Não! Ano passado, fui até receber a delegação [do Bahia] quando vieram jogar contra o Flamengo aqui no Rio de Janeiro [em partida válida pelo Campeonato Brasileiro], tirei foto com o [então] técnico Guto Ferreira, expliquei minha situação, ele disse que iria me ajudar e nada. Mas, entrego nas mãos de Deus”.


Única entidade no Estado dos ex-boleiros,  a Associação de Garantia ao Atleta Profissional da Bahia (Agap), promete que vai tentar ajudar “com alguma campanha” o ex-jogador. “Tentaremos realizar algum tipo de campanha ao Zanata, infelizmente é uma realidade que vive muitos ex-atletas”, afirma o presidente de honra, Sérgio Moraes.


Autor de vários gols, graças aos cruzamentos ‘cirúrgicos’ de Zanata,  o eterno ídolo Bobô  aconselha ao amigo a “voltar ao mercado de trabalho”. Apesar da dica, o ex-lateral se depara com a concorrência. “Hoje em dia, muito preparador físico tem virado treinador. Muita gente que nunca jogou bola na vida é técnico, então é difícil. A concorrência é muito grande”, ressalta Zanata, que, por fim, lamenta o status dado aos jogadores na sua época.


Na minha época o salário de jogador era uma vergonha, não tinha patrocínio, a vitrine não era tão grande como hoje, e se eu jogasse nos tempos atuais, com certeza estaria entre os grandes times do mundo, como o Barcelona, ou semelhantes. Pelo Bahia eu cheguei à seleção, fui eleito diversas vezes o melhor lateral direito do Brasil. Hoje a realidade mudou, se no meu tempo fosse assim, eu estaria estável”.


Quem quiser pode colaborar com qualquer quantia depositando na Caixa Econômica Federal.  Roberto da Silva Pinheiro  Agência: 0990  Conta: 39167-6.

Clubes que defendeu:


Bahia – jogou na Catuense e no Bahia

Rio de Janeiro – Defendeu Botafogo, Fluminense e Flamengo

São Paulo – Atuou no Palmeiras e na Portuguesa

Minas Gerais – Jogou pelo Atlético-MG

Maranhão – Moto Club

Portugal – Sporting

Espanha – Betis


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*Publicada originalmente às 12h13 (26/6)


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