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“O RUGIDO DA CAMPEÔ: Os bastidores da história de sucesso da ?leoa? Amanda Nunes

“O RUGIDO DA CAMPEÔ: Os bastidores da história de sucesso da ?leoa? Amanda Nunes

Por Diorgenes Xavier

“O RUGIDO DA CAMPEÔ: Os bastidores da história de sucesso da ?leoa? Amanda NunesIvisson Santana/Arquivo Pessoal

Quantos capítulos são necessários para que se escreva uma história de sucesso? Quanto de suor é derramado antes da fama e das luzes dos holofotes? Na madrugada do dia 31 de dezembro, a brasileira Amanda Nunes, 28 anos, venceu por nocaute técnico a americana Ronda Rousey. Foram 47 golpes desferidos em 48 segundos. Menos de um minuto. Tempo determinante para que ela posicionasse o seu nome no olimpo do esporte.


Campeã da categoria peso-galo do UFC, organização responsável por produzir os maiores eventos de luta do mundo, essa baiana de Pojuca, cidade localizada a 70 quilômetros de Salvador, começou a chamar a atenção de fãs e imprensa meses antes, ao vencer a também americana Miesha Tate, em disputa que lhe valeu o cinturão.


Ao humilhar Ronda, principal nome do esporte, Amanda mostrou que merecia um lugar especial na prateleira da história. Mas essas páginas começaram a ser rabiscadas cerca de 15 anos antes, quando ela ainda era mais uma entre as tantas jovens que caminhavam sem destino certo pelas ruas de Pojuca.


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Foto: Amanda e Ivisson celebram a conquista do cinturão do UFC em Pojuca. Ivisson Santana/Arquivo Pessoal


?Eu conheci Amanda na adolescência, antes de ela começar a treinar boxe. Amanda sempre gostou de jogar bola, montar cavalo, fazer essas coisas que envolvem o uso da parte física. Como eu também gosto, o entrosamento com ela era muito fácil?, conta o personal trainer e amigo Ivisson Santana, 35 anos.


Nesta época, ela já se destacava por duas características que se tornariam conhecidas de todo o mundo recentemente: a força física e o sorriso fácil. ?Ela sempre foi forte, maior do que as meninas da idade dela. Acho que até por uma questão genética. Mas apesar do físico, sempre foi muito alegre, comunicativa e bastante humilde. Como é até hoje?.


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Foto: Já campeã, Amanda é saudada pelos conterrâneos. Ivisson Santana/Arquivo Pessoal


A jovem encontrou o seu caminho no mundo das lutas e, além do boxe, passou a investir também no jiu-jitsu. A pequena cidade do interior já não comportava os sonhos de Amanda, e ela decidiu que era hora de ir embora. ?Por volta de 2007, 2008, Amanda foi pra Salvador já decidida a se dedicar às artes marciais. Ela conseguiu emprego em uma academia na Barra e, como não tinha morada fixa, era lá mesmo onde ela dormia?.


Amanda começou a participar de campeonatos de artes marciais e, gradativamente, a disputar torneios de lutas, passando a ganhar destaque. Em 2013, os olhos dos especialistas já enxergavam a ?Leoa?, que se transformou na primeira brasileira a assinar com o UFC, em fevereiro daquele ano.


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Amanda desfila em carro aberto em Pojuca após conquistar o cinturão do UFC Foto: Ivisson Santana/Arquivo Pessoal


Cidadã do mundo e distante das suas origens, Amanda aceitou, ainda em 2013, um convite do seu amigo Ivisson para retornar a Pojuca. Lá, foi recebida no Colégio Municipal Presidente Castelo Branco por uma plateia de jovens atentos: ?Queria que ela tivesse a oportunidade de mostrar quem era, de onde saiu, e que os alunos vissem que era possível lutar para conquistar os seus sonhos?.


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Foto: Amanda ministra palestra para jovens em Pojuca. Ivisson Santana/Arquivo Pessoal


O encontro de Amanda com sua gente foi um momento de reflexão para ambas as partes. ?A visita parou o colégio, mas foi muito boa para ela também. Percebi que Amanda se sentiu valorizada. Acho que ela tinha dentro de si a ideia de que as pessoas não a reconheciam como deveriam. Antes desse momento, era raro ela citar o nome de Pojuca. Hoje em dia, sempre que tem uma oportunidade, faz questão de dizer de onde veio?.


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Foto: A “Leoa” posa antes do baba com amigas em Pojuca. Ivisson Santana/Arquivo Pessoal


Em sua cidade, a agora lutadora profissional fez uma promessa para o amigo que se concretizaria cerca de dois anos depois: ?Só volto agora campeã do UFC?. Ano passado, após conquistar o cinturão e transformar a sua previsão em realidade, ela foi recebida novamente na cidade. Desta vez Ivisson e a professora Rita Teles, de quem Amanda foi aluna na juventude e que atualmente coordena a ONG Naprit, comandaram o processo.


?Ela veio, trouxe o cinturão, jogou bola com as amigas e desfilou. Não havia a quantidade de pessoas que ela merecia nas ruas, mas conseguimos fazer uma boa festa?. Confira o vídeo:



Apesar disso, a reconexão de Amanda com as suas raízes parece mais firme e consolidada. Prova disso é que Ivisson tenta marcar uma nova visita à cidade. ?Quero trazer ela novamente aqui, mas ainda não tem uma data fechada. Agora campeã e depois de vencer a Ronda, ela está com muitos compromissos, certamente. Agora é a hora de Amanda faturar!?.


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