ATRASO RECORDE: Pensada para revelar talentos olímpicos, piscina de Salvador só fica pronta no ano das Olimpíadas

28/03/2016 14h17Atualizado em: 28/03/2016 18h46

Pedro Moraes/GOVBA

Após idas e vindas de uma novela interminável, a capital baiana finalmente voltará a ter uma piscina olímpica. Nesta segunda-feira (28/3), a partir das 15h, o secretário do Trabalho e Esporte, Álvaro Gomes (PCdoB)) vai inaugurar o novo equipamento.

Lançado em 2009, o projeto do complexo aquático na Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), na Avenida Bonocô, tinha previsão de entrega em 2011, mas sofreu alterações e as obras só começaram em 2013 — com este primeiro remanejamento, a entrega ficou prometida para outubro de 2015.

No entanto, por conta de novos atrasos, a data foi novamente postergada para dezembro do mesmo ano. Mais tarde, nova adequação no calendário: janeiro de 2016.

E… nada!

Só agora, no final de março, enfim, a obra será entregue. O atraso revela-se uma grande ironia histórica. Quando o projeto foi lançado, uma das suas muitas justificativas era impulsionar o ciclo olímpico brasileiro, ajudando a revelar novos talentos baianos para competir nas piscinas dos Jogos de 2016.

A demora foi tanta que a piscina só ficou pronta faltando cinco meses para as Olimpíadas do Rio, em agosto. Ou seja, nenhum talento foi revelado a partir deste projeto específico. A não ser que surja um fenômeno ao estilo Michael Phelps que, em 150 dias, consiga despontar das piscinas da Bonocô.

Piscina do Centro Olímpico de Natação da Bahia

Um dos motivos para a demora no início da construção, de acordo com o governo do estado, foi a necessidade de readequar o projeto inicial. Incluíram uma piscina aquecimento no programa, a piscina principal sofreu ajustes para se adequar ao padrão internacional e houve aumento do número de vagas de estacionamento, além da instalação de arquibancadas para torcedores.

Desde a última semana, porém, as dez raias com 2,5m de largura cada, da piscina de 50 m, recebe visitas ilustres dos nadadores Allan do Carmo e Verônica Almeida. Tanto o campeão mundial de maratonas aquáticas em 2014, quanto a paratleta medalha de bronze nos Jogos Parapan-Americanos, já treinaram no novo equipamento.

Por telefone, a dupla conversou com o Aratu Online. No bate-papo exclusivo, revelou à reportagem quais foram as suas primeiras impressões. Para Allan, o novo equipamento ?não deve nada as piscinas olímpicas encontradas nos países de primeiro mundo?.

?Eu já tive oportunidade de nadar em piscinas olímpicas da Rússia, dos Estados Unidos, da Espanha? É a qualidade técnica dessa piscina aqui é tão boa quanto . Eu diria, inclusive, que está no mesmo nível. Não forma ondas, o nível de limpeza e acidez esta adequado. Enfim, muito boa mesmo. Demorou, mas saiu? , disse sorridente.

A demora ao qual Alan se refere é à previsão inicial para a inauguração da nova piscina olímpica. Após a implosão do complexo aquático da Antiga Fonte Nova (em 2009) , a previsão inicial era que o novo equipamento seria entregue em 24 meses, ou seja, 2011. Cenário, porém jamais visto.

“De fato, qualquer criancinha que sabe fazer conta vê isso, né?! Era para termos essa piscina em 2011, mas agora é olhar para frente. Já está pronta, entregue e temos que aproveitar esse tempo perdido” , ressalta Allan do Carmo.

Piscina do Centro Olímpico de Natação da Bahia Fotos: Pedro Moraes/GOVBA

A Paratleta Verônica Almeida já treinou na piscina e deu sua opinião.
Fotos: Pedro Moraes/GOVBA

É justamente esse ?tempo Perdido ? que a paratleta Verônica Almeida deseja aproveitar ao máximo. Para ela, a entrega da piscina é o ?bola da cereja?. ?Estava na fase de base de meus treinamentos para as Paralimpíadas do Rio. Agora, entro na reta final e a nova piscina vai me ajudar e muito. Pois, querendo ou não, minhas concorrentes já treinam diariamente em piscinas olímpicas. Eu ainda não? agora, mudou ? , ressalta Verônica, que ainda treina numa piscina de 25 metros com a equipe da Aceb, no bairro do Costa Azul.

Porém, não são só elogios que a dupla enumerou ao Aratu Online. Para Alan, por exemplo, ainda faltam melhorias estruturais principalmente nos vestiários. “É um equipamento simples, mas bastante funcional. Porém, ainda está faltando alguns detalhes nos banheiros, chuveiros , vasos??

Já Verônica vai além da parte estrutural. ?Acho que mais do que infraestrutura, precisamos olhar para frente. Agora, que temos um equipamento como esse, podemos e devemos realizar projetos sociais para que a comunidade tenha, também, acesso à piscina. Voltar a reviver, por exemplo, as escolinhas de natação que eram promovidas na antiga piscina da Fonte Nova. Só assim poderemos recuperar esse tempo perdido, descobrindo e moldando novas promessas da natação baiana. Além disso, inserir Salvador no calendário nacional e internacional de provas. Acho que esse é o caminho ?, opinou a paratleta.