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Pode tomar tadalafila com álcool? E energético? Médicos fazem alerta sobre uso do medicamento

A urologista Bianca Macedo explica que o álcool, além de dificultar a absorção da medicação pelo organismo, pode potencializar os efeitos colaterais

Por Bruna Castelo Branco

Pode tomar tadalafila com álcool? E energético? Médicos fazem alerta sobre uso do medicamentoFreepik/EC Vitória

Há dez meses, quando lançou a música "Consumidor de Tadalafila", Bruno Magnata, da banda La Fúria, talvez não imaginasse que, no Carnaval de Salvador de 2024, um vendedor apareceria na Barra vendendo "abará de tadala" só para constar, o ambulante disse que o abará estava "puro", mas que usava o nome do medicamento para chamar a atenção.


Provavelmente, o cantor da banda de pagode também não sabia que tomar tadalafila em estádios e festas, misturado com energético, bebidas alcoólicas e outras drogas, também se tornaria cada vez mais comum na capital baiana, e que ostentar a caixinha do medicamento representaria sinal de virilidade quando, na verdade, seguindo a bula, deveria ser o contrário.


A tadalafila, assim como o viagra, é um medicamento indicado para o tratamento de disfunção erétil. Porém, diferentemente do "azulzinho", o "tadala", como é carinhosamente chamado pelos usuários, passou a ser consumido fora do contexto das relações sexuais e, mais ainda, do tratamento de disfunção erétil.


O perfil oficial no Instagram do Esporte Clube Vitória brincou sobre o uso do medicamento | Foto: Vini Oliveira

A urologista Bianca Macedo, do Itaigara Memorial, explica que a mistura de álcool com tadalafila, além de dificultar a absorção da medicação pelo organismo, pode potencializar os efeitos colaterais do remédio, como náuseas, dores de cabeça, tontura e até perda da consciência.


"Não há contra indicações e nem efeitos colaterais associados ao uso leve a moderado de álcool com tadalafila, mas, quantidades maiores de álcool podem dificultar a absorção da medicação, fazendo com que não tenha o efeito esperado, bem como potencializar os efeitos colaterais como hipotensão [pressão baixa], náuseas, cefaleia [dor de cabeça], tontura, e até mesmo perda da consciência".


O uso do medicamento com energéticos, que são estimuladores neurológicos, também pode trazer consequências para alguns pacientes, como detalha a médica:


"O tadalafila é um remédio vasodilatador que, quando usado associado com energéticos, aumenta mais ainda a estimulação de alguns pacientes, o que pode provocar taquicardia e, em alguns, arritmia, o que pode ser fatal".


INSEGURANÇA


Para a urologista, além dos possíveis efeitos adversos do mau uso do tadalafila para o corpo, também é importante falar sobre as consequências psicológicas e até sociais que esse medicamento pode trazer para quem usa e para quem se relaciona com quem usa. Segundo Bianca, muitos homens, especialmente os jovens e saudáveis, vão atrás do remédio só para driblar algum tipo de insegurança sexual.


"O uso nesse contexto festivo funciona principalmente para driblar a insegurança masculina em um cenário em que ele vislumbra uma possível 'falha', ou para reafirmar padrões sociais de virilidade em relações sexuais ocasionais. O uso indevido dessa medicação em homens saudáveis gera, muitas vezes, uma dependência psicológica".


Ou seja: se você não precisa do remédio, ele não vai trazer benefícios a longo prazo e, quando a gente fala em "a longo prazo", está se referindo a um tempo muito maior do que as 36 horas em que o medicamento faz efeito, caso o homem seja estimulado.


O cardiologista Marcos Barojas, do Hospital Mater Dei Salvador, ressalta que, mesmo que a tadalafila não gere consequências colaterais graves para a saúde cardiovascular de homens saudáveis, usar o remédio em locais como festas, Carnaval, ou estádios de futebol, pode, sim, resultar em complicações.


"Pessoas que estão nesses ambientes podem ter queixas cardiovasculares por outros mecanismos, outras situações, até por adoecimento próprio, e podem ser levadas a uma emergência. E drogas como a tadalafila, que são vasodilatadores, não podem ser usados em conjunto com moléculas, como os nitratos, que são vasodilatadores também, o que pode levar à condição de risco iminente de vida".


E, para quem gosta de fazer misturinhas, o cardiologista deixa um alerta: apenas pare. "Isso não é droga para misturar com energéticos e com bebidas alcoólicas".


LEIA MAIS: ‘É a galera do Tadala!’: Aratu On Explica o porquê de o Tadalafila ter se tornado mais popular do que o Viagra


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