Curiosidades

Entenda o cuckold, o fetiche do "corno" que deu até morte; "discussão complexa", diz médica

Para se ter uma ideia, nos últimos 15 anos, a procura pelo termo cresceu cerca de 800% no Google. No XVideos, popular site de pornografia, uma pesquisa por “cuckold” resulta em mais de 32 mil vídeos sobre a prática.

Por Diego Adans

Entenda o cuckold, o fetiche do "corno" que deu até morte; "discussão complexa", diz médicailustrativa / Pixabay

Há 18 dias, a cidade de Patos de Minas, em Minas Gerais, foi palco de um crime bárbaro: uma mulher foi morta a pauladas, após seu companheiro sentir ciúmes de outro rapaz enquanto realizavam um ato sexual a três.


A delicada situação narra a perda brutal de uma vida, mas expõe uma prática cada vez mais corriqueira: o prazer de ser corno, ou melhor dizendo, um cuckold - quando uma pessoa admira o companheiro (a) com outra pessoa -. Para muitos, isso é bizarro, ofensivo e desrespeitoso. Porém, não deve ser tratado como tal.


Inclusive, é um fetiche mais comum do que se pensa e vem despertando a curiosidade e a busca de muitos casais. Existe uma parcela da população que se realiza com a ideia e ainda se excita com tal possibilidade.


Nos últimos 15 anos, a procura pelo termo cresceu cerca de 800% no Google. No XVideos, popular site de pornografia, uma pesquisa por “cuckold” resulta em mais de 32 mil vídeos sobre a prática.


A origem do termo é a inspirada na ave cuco. Quando está pronta para botar ovos, a fêmea cuco procura ninhos de outros pássaros. Se achar algum cuja mãe foi dar "uma voltinha", ela mata um dos ovos que ali está, coloca seu próprio ovinho no lugar e vai embora. Outra mãe que irá cuidar.


O ato é condenável, mas mexeu com a imaginação de muita gente. Na teoria, o nome da prática vem justamente do desejo de ser alvo de uma infidelidade desse tipo. Trata-se de uma vertente masoquista.


A experiência com a situação pode acontecer de diferentes maneiras. O "corno" pode gostar de ver o ato acontecendo (o que é comum em casas de swing, por exemplo), acompanhar remotamente (por meio de ligações, vídeos e mensagens) ou simplesmente saber do que rolou. 


ACORDO


Apesar do que pode parecer à primeira vista, não existe traição dentro da comunidade cuckold. A prática é acordada. Só é possível realizar um fetiche cuckold se o traído quiser acompanhar o desenrolar da coisa – e claro, se a infiel topar ser infiel. Se alguém trai fora do combinado, não há fetiche envolvido.


O cuckold envolve uma série de aspectos sexuais e psicológicos, é algo complexo. Entender e respeitar os próprios limites e os do outro é um dos cuidados a serem tomados. Nem sempre, por exemplo, a parceria vai estar disposta a ir exatamente aonde a pessoa quer. Consentimento é fundamental.


"Se eu desenvolvo uma parafilia [é o comportamento sexual tido como fora do comum, que se desvia do padrão], vou lá e faço aquela prática por prazer, mas aí depois aquela prática me dá um prejuízo enorme: jurídico, pessoal... Então, aquilo se torna um transtorno a partir do meu sofrimento ou o de terceiros", explica a psiquiatra, Paula Dione, que vai além. Segundo ela, o tema envolve uma discussão bastante complexa. 


"Às vezes, as pessoas vêm de uma cultura que reprime relação de pessoas do mesmo sexo, por exemplo. Então justamente aquela pessoa, daquela criação, daquela filha, se pega tendo esse tipo de desejo. E aí, foi uma contra-reação? Não foi? Já nasceu assim? São coisas que a gente não tem resposta. A discussão sobre orientação sexual é complexa. A pessoa nasce assim? Desenvolve? Se reprimir piora...é uma discussão que não tem resposta fechada". 



A reportagem do Aratu ON conversou com a psicóloga e psicoterapeuta sexual Théa Murta, que tenta explicar o motivo pelo qual "o cuckold gera um desconforto maior" se comparado a outros fetiches.


"Acredito ser pelo machismo e como é colocado a sexualidade dos homens. Afinal, ver sua parceira com outro homem pode dar a sensação de tirar o homem do lugar de poder e de macho alfa nas relações. Qualquer fetiche é entendido como um problema quando passa a fazer mal para as pessoas que estão praticando, quando se torna compulsivo, não tem consentimento e são a única forma que a pessoa consegue se relacionar sexualmente, por exemplo", disse. 


Famosos na web e numa plataforma de conteúdo adulto, o casal Arthur O Urso, de 34 anos, e Luana Kazaki. de 24, costuma incentivar a prática do Swing. Eles também são "cuckolds". Parte do trabalho dos dois é tentar desmistificar esse universo e ainda contribuir para que os adeptos apimentem a relação.


O casal ganhou holofotes no final do ano passado. Originalmente casado com Luana Kazaki, Arthur sempre defendeu conceitos como o amor livre e o poliamor. Não à toa, o influenciador ficou famoso por ter se 'casado', no ano passado, com nove mulheres numa cerimônia conjunta.


A reportagem do Aratu On conversou com Arthur, que explicou um pouco sobre sua história neste universo cuckold. "Não foi nada fácil. Recebi críticas de amigos, da família, da sociedade... depois que me mudamos para São Paulo, ninguém nos parou! Acho que as pessoas estão começando a parar de se preocupar se a prática é tabu ou não, e estão cedendo", ressaltou. 



CUCKQUEEN E OS TIPOS DE CUCKOLD


Além dos maridos que sentem prazer em ver a mulher ser desejada por outros, existem as esposas que também curtem ver o marido se relacionando com outra mulher. As práticas costumam ser feitas com o casal e a terceira pessoa ao mesmo tempo. Existem algumas variações no fetiche, a depender do gosto de cada um.


Cuckold voyeur


O mais comum, que gosta de assistir à parceira transando com outro homem sem participar do ato sexual. O prazer está em observar.


Cuckold à espera


Sente prazer quando a esposa ou parceira sai com outro enquanto ele fica em casa. Não saber o que está acontecendo é parte do jogo e da estimulação. O marido também pode acompanhar o que está acontecendo por telefone ou mensagens de texto.


Cuckold bi


Nesse caso, o corno e o amante são bissexuais e interagem no sexo, que também inclui a parceira.


Cuckold submisso


O corno fica na posição de submisso e é humilhado, podendo ser pelo amante ou pela parceira. Pode acontecer enquanto o marido observa o ato entre a parceira e o amante.


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