Cultura

SIM, NÓS PODEMOS: Famosos e anônimos relatam como venceram racismo para consolidar carreiras

SIM, NÓS PODEMOS: Famosos e anônimos relatam como venceram racismo para consolidar carreiras

Por Andrea Chaves

SIM, NÓS PODEMOS: Famosos e anônimos relatam como venceram racismo para consolidar carreirasReprodução internet

Pare, pense e responda.


Se você avistar um negro vestido de branco nas ruas, o que pensa?


É ?macumbeiro? ou “médico”? Por mais absurdo que esta segunda pergunta possa soar não se espante em saber que, sempre haverá alguém, para cravar a primeira opção. Esta realidade é encarrada, diariamente, por negros que vivem ainda sob o peso do racismo mesmo ocupando posições de destaque social nas mais diversas áreas possíveis.


Segundo a enfermeira Leila Rocha, 31 anos, certo dia, estava de plantão no Hospital Ana Nery. Ela cuidava de um paciente quando o acompanhante do mesmo pediu para falar com “uma enfermeira”.


?Eu disse ao jovem que eu era a enfermeira responsável pelo caso. Sem pensar duas vezes, de imediato, ele disse que eu não poderia ser enfermeira porque sou negra?, diz Leila, com a voz engasgada ao relembrar o constrangimento.


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Enfermeira Leila Rocha, 31 anos, enfrentou preconceito para se estabelecer na profissão


A cantora baiana Juliana Ribeiro conta que também já passou por diversas situações semelhantes. “Fui discriminada durante uma abordagem policial em um show de reggae aqui em Salvador. Os policiais me trataram como se fosse uma criminosa. Abriram minha bolsa e jogaram meus pertences no chão”, relembra.


Cantora Juliana Ribeiro

Cantora Juliana Ribeiro narra episódio de racismo institucionalizado pela polícia


“O racismo é tão forte que ele existe até entre os pretos”, diz o rapper carioca MV Bill.


O cantor explica o porque do uso do termo “pretos”  ao invés do convencional “negro”. Segundo ele, esta palavra tem uma conotação que carrega a herança da escravidão.


Bill conta, que encontrou no rap a superação para enfrentar os ataques de racismo que sofreu na vida. Junto com a cantora Juliana Ribeiro, gravou um vídeo incentivando os jovens a “invadir” os espaços em que negros e pobres foram excluídos.


Outra que participa desta gravação é a pequena MC Soffia, de apenas 11 anos. Como toda criança de sua idade, Soffia gosta de brincar, vai à escola, mas tem na música uma arma para se defender.


“Eu carrego a consciência que a vida é difícil para quem nasce negro neste país”, explica, no auge da sua pouca idade.


A atitude de MC Soffia mostra que não existe idade para falar sobre racismo e empoderamento feminino. “Eu gosto do meu cabelo e assumo a minha identidade como negra. Eu sou linda!”, ressalta, radiante.


Assista o vídeo de incentivo feito por artistas para as vítimas de racismo:



FAMA E ANONIMATO


Para o Mestre e Professor acadêmico Diego Luz, o racismo está inserido na vida do negro independente da posição social que ele tenha. “Sou filho de professores da rede federal e, sempre estudei em escolas particulares. Mas mesmo assim o racismo me perseguiu”, conta.


“As pessoas se iludem muito com o meio artístico, quem nos vê televisão acha que está tudo muito bem, mas isso é uma mentira. O brancos nos aceitam em papeis de segundo escalão para depois dizer que o racismo não existe”, grita a atriz Neusa Borges.


Ela explica que desigualdade se torna pior quando, além de ter a pele escura, se é também mulher neste país. “É um absurdo uma atriz ganhar 40% a menos que os homens”, lamenta.


Aos 61 anos de carreira, Neusa Borges diz que existe um embranquecimento mental em alguns negros. “Eles mudam completamente quando chegam na TV. A postura é outra”, desabafa.


Neusa afirma, que não gosta da palavra “afrodescendente”. Segundo ela, é uma forma que o negro inventou para não assumir que é de fato que é “preto”.


Veja no vídeo desabafo da atriz:



Agora, pare, pense e responda.


Se você avistar um negro vestido de branco nas ruas, o que pensa?


 


 


 


 


 


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