DA PREVENÇÃO À ORAÇÃO: Foliões relatam as táticas usadas para se proteger do Zika vírus e da AIDS durante o Carnaval
DA PREVENÇÃO À ORAÇÃO: Foliões relatam as táticas usadas para se proteger do Zika vírus e da AIDS durante o Carnaval
Câmera fotográfica, em mãos. Boné, na cabeça. Documento de identidade, na carteira. Pronto…já está tudo ok para curtir a folia. Certo? Errado. Faltava o principal: passar o repelente pelo corpo. E, foi assim, seguindo à risca as recomendações da Secretaria Municipal da Saúde, que o casal paulista Emílio Nico e Renata Amaral se preparou para curtir ontem (8/02) o sexto dia de carnaval na capital baiana.
Vindo de Santos, num cruzeiro que aportou no último domingo (9/02) em Salvador, eles não quiseram vacilar quanto à ameaça do vírus da Zika. E, antes mesmo de deixar o navio e dar os primeiros passos pela cidade, salpicaram o líquido esbranquiçado pelo corpo. “Chegamos para curtir o carnaval e seria muito desagradável sermos contagiados pelo Zika em meio à folia. É uma doença que está se espalhando de forma muita rápida e perigosa. Por isso, é importante nos precavermos, principalmente, quanto às picadas do Aedes aegypti (mosquito transmissor de dengue, chikungunya e zika)”, ressaltou Emílio Nico. Veja o vídeo.
Apesar de o clima festivo predominar nas ruas da capital baiana, houve assim como o casal paulista, foliões que, também, mantiveram-se em estado de alerta. Pela primeira vez no carnaval de Salvador, o policial militar, André Amorim, veio de Natal-RN preparado e mesmo, em meio à multidão, ostentava orgulhoso no bolso da bermuda um verdadeiro “Kit Saúde”. Tudo para combater dor de garganta, gripe, dores musculares… Todas doenças comuns na folia.
Para ele, era imprescindível curtir a folia em pleno vigor físico. Veja o vídeo.
Teve gente que apelou até mesmo às forças divinas. Foi o caso de Reginaldo Prata, 40 anos. Trajado com a fantasia dos Filhos de Gandhy, ele pediu à bênção a Oxalá para que as investidas amarosas durante o desfile do Afaxóe tivesse êxito não apenas no momento, mas, principalmente, após a folia momesca. Afinal, segundo ele, “doença não tem cara”. “Então fica difícil, quase impossível, por exemplo, no meio da folia, você descobrir que uma mulher tem herpes”. O microempresário foi ainda mais além. Em seu discurso, enalteceu o uso do preservativo, que, por sinal, teve campanha pesada do Ministério da Saúde – com Slogan “deixe a camisinha entrar na festa”.
Veja vídeo:
Para se ter ideia, o Brasil registrou, em 2015, recorde no número de pessoas em tratamento de HIV e AIDS: 81 mil brasileiros começaram a se tratar no ano passado, um aumento de 13% em relação a 2014, quando 72 mil pessoas aderiram aos medicamentos. De 2009 a 2015, o número de pessoas em tratamento no Sistema Único de Saúde aumentou 97%, passando de 231 mil para 455 mil pessoas. Isso significa que, em seis anos, o país praticamente dobrou o número de brasileiros que fazem uso de antirretrovirais.