Possível desvio de verba deixa associados dos Filhos de Gandhy sem fantasia
Possível desvio de verba deixa associados dos Filhos de Gandhy sem fantasia
Uma confusão na entrega das fantasias do Filhos de Gandhy deixou muitos associados desapontados na manhã deste domingo (15), no bairro do Barbalho, em Salvador.
De acordo com informações recebidas pelo Aratu Online, as fantasias acabaram e o dinheiro está sendo devolvido aos associados no ponto de entrega no Forte do Barbalho. Uma frustração para quem queria participar do tapete branco em seu primeiro dia de desfile no carnaval.
Fontes que preferem não se identificar, contaram com exclusividade ao Aratu Online, que cerca de 1200 fantasias do bloco foram negociadas entre a atual diretoria e a chapa que foi derrotada nas últimas eleições como uma espécie de “cala a boca”, já que começaram a surgir denúncias de irregularidades e indícios de desvio de dinheiro da instituição.
Em uma publicação do jornal A Tarde, em novembro de 2014, denúncias de irregularidades foram feitas, o que levou a uma investigação da Polícia Civil. O ex-membro do conselho fiscal da entidade, Raimundo Guerreiro, teria identificado supostas inconsistências nas finanças entre 2012 e 2014. Ele apresentou para o jornal um relatório elaborado por um técnico em contabilidade dos Filhos de Gandhy com base em documentos do bloco. O material aponta distorções de valores nas contas apresentadas pelo conselho fiscal. Na época, o presidente em exercício do Filhos de Gandhy, José Francisco Ferreira Lima, disse que não prestaria “nenhuma declaração” sobre as acusações feitas por Guerreiro.
O delegado Artur Ferreira, que investiga o caso, informou que há indícios de crimes como peculato, apropriação indébita, falsidade de documento público e particular e falsificação de assinatura de associados. “Estou investigando com tranquilidade porque a instituição não deve pagar por causa de quatro ou cinco dirigentes. Se eu for entrar com uma medida cautelar, o Gandhy nem sai no Carnaval, mas não queremos que isso aconteça”, disse ao jornal A tarde.
Os números de financiamento público não declarados pela entidade chega a cerca de R$ 227 mil, segundo Guerreiro.
Fundado por estivadores em 1949, o bloco é patrimônio cultural imaterial do Brasil, e o grupo de afoxés mais importante do carnaval baiano. Aos 65 anos de história, os Filhos de Gandhy tem uma mancha que envolve disputa de poder e desvios de verba na instituição, que de acordo com a fonte é uma “mina de ouro”.