30 anos de axé: Tonha Matéria é marca da influência negra no ritmo
30 anos de axé: Tonha Matéria é marca da influência negra no ritmo
No ano em que se comemora os 30 anos do Axé Music, o Aratu Online homenageia os grandes nomes que marcaram a história do ritmo na Bahia e no Brasil. Faltando apenas 13 dias para o Carnaval, o portal realiza uma contagem regressiva, onde a cada dia um artista será o protagonista desta história de muito sucesso.
Antônio Carlos Gomes Conceição, o Tonho Matéria, é um soteropolitano de 50 anos de idade, 31 deles dedicados à música. O seu interesse pela arte surgiu ainda na adolescência, ao ouvir as canções que tocavam no rádio e quando passou a frequentar o Carnaval e as festas de largo da capital baiana. Sua carreira profissional teve início como percussionista, tocando repique no grupo Amigos de Alá. Em 1984, começa a se aventurar como cantor e compositor no bloco Ébano, onde lançou ?Em busca de um novo Deus?, canção inspirada em um poema de Castro Alves.
Admirador dos blocos afro e militante da cultura negra foi membro de duas das mais importantes instituições baianas durante os anos 80: Araketu e Olodum. Entre os anos de 1986 e 1987, gravou discos em ambos, cantando e compondo. À época, destacou-se por ser o primeiro cantor de bloco afro a puxar um trio de axé, em 87, no Sabor de Mel.
Em 1988, foi convidado por Luiz Caldas, um dos patronos do ritmo, para cantar no Camaleão. Antigamente os blocos tinham intervalos para os cantores descansarem e ele teve a oportunidade de se apresentar nesse período, substituindo Luiz. Após essa experiência, os outros blocos viram a necessidade de ter mais de um cantor, para que o show não parasse.
O seu próximo passo foi assumir os vocais do Tiete Vips, onde substituiu Val Vale, que havia falecido. Tonho permaneceu três anos no grupo, onde puxou o bloco ?Traz a Massa?. Nos dias em que não tocava, se unia aos seus antigos parceiros do Olodum, Araketu, Amantes do Reggae e Afrekatê.
Após beber na fonte dos tambores da música negra e baiana, Tonho decide partir em carreira solo e lança os discos ?Tchau Galera? em 89 e ?Tá na Cara? em 94. É neste trabalho que aparece a música ?Tchaco?. Os discos ?Rum Bragadá? (1996), Marechal da Alegria (1996) e Aldeia Tribal (1997) são marcas dessa fase de sua carreira, que o ajudou a se consolidar como um dos principais representantes do samba-reggae e deu o pontapé para o pagode baiano.
Em 2002 retorna ao Olodum, onde permanece até 2008. Após nova saída do grupo, volta a investir em um trabalho mais experimental e percussivo, gravando ?Pop-Afro-Eletrico? e se envolvendo em trabalhos e projetos com artistas do velho continente. Em 2015, ele reassume os vocais do Araketu de forma oficial em março deste ano, mas já vai puxar o bloco durante a festa.
Sobre os 30 anos do axé, ritmo que ajudou a consolidar, Tonho faz uma reflexão. “Todo movimento tem altos e baixos, as manutenções às vezes não são asseguradas. Acho que falta valorizar os compositores. É preciso valorizar e respeitar os criadores, aí acho que teremos de novo uma música baiana de qualidade.” Ele ainda reverencia seu amigo e parceiro Luiz Caldas, talvez o nome mais importante da história do axé.
“Acho bacana essa comemoração. São 30 anos depois da música de Luiz Caldas. Acho que ele merece toda a projeção possível. Ele foi o primeiro artista a me dar oportunidade, ainda como cantor de bloco afro, desconhecido, para fazer intervalo de trio. Ele é um ser maravilhoso”, elogia.
Carnaval de Tonho Matéria:
-Vai puxar Bloco Araketu domingo, segunda e terça de Carnaval
-Bloco da Capoeira na quinta, no Campo Grande
– Samba Popular e Camarote Skin na sexta
-Camarote Salvador na terça
-Camarote expresso 2222, como convidado, no domingo