Cultura

Oficina de teatro muda cotidiano de presídio feminino

Oficina de teatro muda cotidiano de presídio feminino

Por Da Redação

Oficina de teatro muda cotidiano de presídio femininodivulgação

O dia a dia de 15 detentas do Conjunto Penal Feminino de Salvador, localizado na Mata Escura, ganhou caras, bocas, impostação vocal e a encarnação dos mais diversos personagens. A transformação do cotidiano da unidade prisional começou com a oficina de teatro ministrada pela atriz e diretora Simone Requião.


O trabalho desenvolvido pela diretora teatral foi idealizado por ela após sua trajetória artística e pedagógica no projeto Ressignificando a História, executado com oito presos do Conjunto Penal de Jequié, em 2009. Desta forma, Simone Requião conheceu de perto o sistema carcerário e passou a entender o papel do teatro no presídio.


A partir daí, surge a ideia de estender o trabalho para universo feminino objetivando incentivar mulheres detentas a pensarem sobre si mesmo e a prisão. ?Acredito que o detento, através do exercício teatral, ao se confrontar ou refletir sobre temas de um universo análogo ao dele, desenvolve a capacidade de pensar em si mesmo e no outro; bem como na sua relação com a sociedade, encontrando caminhos para revelar-se naquilo que possui de essencial, de humano?, afirma Simone Requião.


Através de uma abertura concedida pela legislação, foi possível entrar no Conjunto Penal Feminino de Salvador para realizar o projeto Dialogando com a Liberdade.  A Lei de Execução Penal, que se apresenta como instrumento de humanização da punição aos presidiários no sistema carcerário, veio implementar direitos e garantias aos condenados que passaram a ser vistos, pelo discurso da lei, não mais como objeto de punição somente, mas como sujeitos de direitos. O preso, ao cumprir pena, tem direito a viver sob o princípio da legalidade. Entre os direitos do condenado estão os instrumentos que lhe garantam a ressocialização e a prevenção da reincidência. É nesse espaço de educação aberto pela lei que o teatro chega à prisão.


Contemplado no Calendário das Artes 2014, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, entidade do Governo do Estado da Bahia, o projeto Dialogando com a Liberdade está sendo realizado no presídio feminino de Salvador desde agosto e visa utilizar a vivência teatral como instrumento facilitador do processo de reintegração de mulheres detentas. Os objetivos deste projeto são contribuir para o aprimoramento da convivência social entre as detentas e colaborar na reflexão a respeito da sua participação na sociedade. As aulas são baseadas nas técnicas de jogos teatrais e improvisação visando buscar, de forma lúdica, o resgate da autoestima das internas potencializando seus valores físicos e morais.


No projeto, além das oficinas de teatro, as atrizes-internas terão a oportunidade de expor o trabalho desenvolvido ao longo desses quatro meses durante a apresentação de um espetáculo montado com seus textos. A exibição desta montagem acontece nesta terça-feira (16) e será oferecida para detentas e agentes penitenciarias do local. Posteriormente, os textos produzidos pelas internas serão gravados por atrizes renomadas do cenário baiano, como Zeca de Abreu e Hebe Alves,  para serem disponibilizados em emissoras de rádio.


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