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17/02/2022 17h40 | Atualizado em 17/02/2022 17h42

Sobre amor, culpa e o papel dos advogados nos processos de Divórcio Humanizado

Sobre amor, culpa e o papel dos advogados nos processos de Divórcio Humanizado
Otávio Leal
Foto: ilustrativa/Pexels

 

Esses dias atendi um casal que me contou uma linda história de amor. O curioso é que essa linda história de amor me foi contada na reunião em que discutíamos o divórcio dos dois.

Entendo que a minha missão em situações como essa é sempre a de tentar escutar mais do que falar. A psicanálise me ajuda muito a exercitar essa escuta ativa.

A prática do divórcio humanizado exige que o advogado seja uma ferramenta de CONEXÃO. 

Não é uma luta por Justiça. É uma luta pelo despertar da empatia. A empatia trará naturalmente o que se costuma entender como "justiça".

As reuniões em um divórcio sempre são uma caixa de surpresa. Não se sabe o que irá acontecer. Mas tem um sentimento que sempre aparece: A CULPA!

A primeira reação quando estamos acuados é culpar o outro. A segunda é trazer essa culpa pra dentro. Os dois movimentos são desastrosos.

Durante uma separação é preciso MUITO cuidado para não terminarmos – DE FORMA INCONSCIENTE – tentando achar um culpado pelo término do relacionamento. 

As uniões e as separações são fruto de um emaranhado de desejos e ações dos protagonistas da relação. Assim como as pessoas mudam, os desejos, vontades e formas de agir também vão se modificando ao longo do tempo.

Quando não há mais interesses em comum e/ou quando não há mais desejo de seguir junto, é preciso LIBERTAR o outro da culpa.

Esse LIBERTAR é um movimento para dentro e para fora. É um exercício difícil, mas vital!

Quando estamos presos ao sentimento de culpa, deixamos de enxergar o que de fato acontece e isso trava as possibilidades e chances de se trilhar caminhos mais suaves, estando juntos ou separados.

Entramos numa espécie de modo sadomasoquista, com potencial imenso de gerar grandes danos. Isso termina afetando a noção de responsabilidade com os fatos, além de afetar os filhos fruto dessa relação.

Sobre o casal que citei no início, ainda não sei qual o caminho que eles irão resolver trilhar, mas desejo profundamente que o despertar do olhar empático pelo outro seja sempre o norte.

Aos colegas advogados que insistem em fomentar as brigas entre os casais, sugiro TERAPIA, pois não são raros os casos em que as nossas questões são transferidas para terceiros.

*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.