
Até onde você consegue enxergar seu filho(a)?
Atualizado em 4 de ago. de 2022 16h28
Publicado em 4 de ago. de 2022 16h25
Atualizado em 4 de ago. de 2022 16h28
Publicado em 4 de ago. de 2022 16h25
Foto: ilustrativa/Pexels
O uso do verbo enxergar aqui é meramente simbólico. A ideia é saber qual a sua capacidade e vontade de sentir o que está por trás da cena, por trás do discurso.
Quando um filho "chora sem motivo", finge adoecer, faz o que costumam chamar de "birra", tem manifestações violentas ou muito passivas ou reclama de maneira desproporcional, sempre, por trás de toda cena, de todo discurso, existe um algo a mais.
Primeiro exemplo: seu filho mente para você. O que normalmente se enxerga: o problema da mentira em si. O que pode estar por trás: a falta de liberdade de expor sentimentos e o medo da repressão.
Segundo exemplo: sua filha chora por conta do cabelo e diz que não quer ir para a escola. O que normalmente se enxerga: birra, dengo, manha para matar aula. O que pode estar por trás: bullyng, problemas na escola, dificuldade de relacionamento.
Esses são pequenos exemplos, dentre uma infinidade deles.
A questão é identificarmos os motivos que faz um pai ou mãe ignorar o que está por trás do que lhes parece óbvio (mas não é).
Ouso a dizer que, por trás dessa cortina de fumaça, normalmente criada como uma forma de autoproteção, está escondido o verdadeiro filho(a), o filho que não se quer ver, o filho que sonha em ser encontrado.
Enxergar essa criança ou adolescente que está por trás da cena nos impõe um compromisso maior diante dos fatos. Enxergar esse "algo a mais" nos vincula muitas vezes a uma dor que não estamos preparados para sentir, ou simplesmente não queremos sentir.
Se preparar para enfrentar a paternidade e maternidade é uma tarefa que exige um olhar para dentro.
Só após conseguirmos enxergar com propriedade as dores, dúvidas, vulnerabilidades, inseguranças e desejos que carregamos, é que conseguiremos enxergar o outro de uma forma - um pouco - mais completa.
Enquanto tratarmos as nossas questões com descaso, enquanto tamponarmos as nossas queixas, seremos incapazes de enxergar e sentir verdadeiramente um(a) filho(a).
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.
Otávio Leal, do blog "Pai, vem cá", é pai de Maria Flor, advogado, consultor parental, psicanalista em formação e autor do livro "Papai foi pra roça, Mamãe foi trabalhar. E agora?".
O projeto “Pai, Vem Cá!” se tornou parceiro da Defensoria Pública da Bahia e da Revista Pais & Filhos, tendo participado de iniciativas sociais importantes, a exemplo da campanha Poder do Colo, da Novalgina.
Instagram: @paivemca