
"Zara zerou" e o racismo institucional
Atualizado em 22 de out. de 2021 19h50
Publicado em 22 de out. de 2021 19h10
Atualizado em 22 de out. de 2021 19h50
Publicado em 22 de out. de 2021 19h10
Crédito da foto: redes sociais
A "Zara zerou"! Lembra do caso da delegada que foi impedida de entrar numa loja da Zara lá em Fortaleza, no Ceará? Pois bem: a polícia descobriu na investigação, através de relatos de ex-funcionários, que existia um código de alerta para chamar a atenção dos funcionários quando pessoas negras ou com roupas simples entravam na loja.
O sistema interno de som reproduzia a "Zara zerou" e as pessoas passavam a ser vistas como perigosas e observadas pelo conjunto dos funcionários. Além disso, outras pessoas também relataram na rede passar por situações semlhantes a que viveu a delegada nesse episódio lamentável de racismo.
Essa notícia, obviamnete, surpreendeu um total de 0 pessoas. Afinal de contas, a gente vive aqui denunciando esse tipo de conduta, esse tipo de prática, esse tipo de perseguição, e as pessoas continuam dizendo que é fruto da imaginação, que isso é auto sabotagem, que isso não existe, que é "mimimi"... mas por que será que pessoas negras, mesmo bem vestidas, são vistas pela Zara como perigosas ou nocivas?
Eu acho que a resposta está implicita, né? Isso é só mais uma demonstração do racismo institucional que a gente vive nas instituições, sejam elas públicas ou privadas, e que a gente precisa combater cotidianamente. E eu acho que já que a "Zara zerou", agora é a nossa vez de "zerar" a Zara, né? Boicotar essa loja racista, assim como também todos os ambientes onde a gente vê esse tipo de prática racista acontecendo.
Eu espero que a polícia conclua logo esse caso, para que as pessoas que precisam responder por esses crimes respondam e paguem por isso. Também espero que a loja adote, o quanto antes, uma política interna de diversidade e inclusão que procure combater esse tipo de prática, que procure combater o racismo como instituição privada que ocupa o espaço que ela ocupa, com o poder que ela tem, ela tem que ter responsabilidade e responder a esse tipo de situação com práticas concretas. Não com notinhas, né?
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.
Onã Rudá é nordestino, filho de Odé, ativista antirracista e LGBTQIAP+. Ele também é midiativista e fundador da Torcida LGBTricolor, do Bahia.
Instagram: @onaruda2